Fundador da Parmalat morre na Itália aos 83 anos

Calisto Tanzi sofria de pneumonia; marca hoje pertence à francesa Lactalis

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Brasília

O empresário Calisto Tanzi, fundador da Parmalat, morreu neste sábado (1º) aos 83 anos, em um hospital na cidade de Parma, na Itália, onde fez fortuna. Ele sofria de pneumonia.

Tanzi transformou uma pequena empresa familiar de leite na potência alimentar multinacional Parmalat, para mais tarde vê-la definhar em uma das maiores falências fraudulentas da Itália.

Nascido em 1938 na pequena cidade de Collecchio, Tanzi abandonou a faculdade de contabilidade aos 22 anos para assumir o modesto negócio da família de presunto e massa de tomate, depois que seu pai morreu. No início dos anos 60, a economia italiana estava na efervescência do pós-Guerra e a elegância italiana, com a Fiat de Giovanni Agnelli, era cultuada.

A Parmalat —cujo nome é a junção das palavras "Parma", cidade italiana da região da Emilia-Romagna, e "latte", leite em italiano —logo se tornaria o maior produtor mundial de leite longa vida. Quando a empresa se expandiu para iogurtes, sucos de fruta, molhos vegetais e biscoitos, a Parmalat se tornou sinônimo de Parma, assim como a Fiat o era de Turim.

Homem grisalho, vestido com terno escuro, leva a mão à boca
Calisto Tanzi, ex-presidente e fundador da Parmalat, durante audiência do julgamento em Milão, em novembro de 2010, sobre sua participação e a de outros ex-executivos nas fraudes que levaram ao colapso da empresa. - Daniele La Monaca/Reuters

Nos anos 90, o grupo Parmalat tinha cerca de 130 fábricas em todo o mundo produzindo leite, iogurte e outros produtos alimentícios. A empresa abriu capital na bolsa de Milão, escondendo as primeiras
dificuldades financeiras provocadas por uma série de aquisições, que aumentaram sua dívida.

Seus negócios também incluíam um clube de futebol da primeira divisão, uma empresa de turismo e uma rede de televisão. A companhia patrocinou ainda equipes de esqui e automobilismo de Fórmula Um.

Mas a fabricante de laticínios anunciou lucros e vendas superfaturadas durante anos. Em 2003, a Parmalat entrou em colapso, quando um rombo financeiro de 14 bilhões de euros foi descoberto em seu balanço patrimonial, o que eliminou as economias de milhares de pequenos investidores.

Em 2003, foi descoberta uma conta bancária de 4 bilhões de euros mantida por uma unidade da Parmalat nas Ilhas Cayman, o que forçou a administração a buscar proteção contra falência e desencadeou uma investigação de fraude criminal.

A falência reverberou nos mundos bancário, esportivo, turístico e de entretenimento e gerou litígios em todo o mundo contra dezenas de bancos.

Apesar da classificação de grau de investimento que a companhia ostentava na época, já havia preocupações em torno do por que ela não ter usado o dinheiro apontado no balanço patrimonial para reduzir dívidas.

Tanzi passou por uma série de julgamentos, junto com outros executivos da empresa e banqueiros italianos proeminentes. Ele foi condenado em dezembro de 2010 a 17 anos e cinco meses de prisão por fraude de mercado, falência fraudulenta e outras acusações.

Posteriormente, as autoridades descobriram que Tanzi havia escondido tesouros de arte de mestres como Pablo Picasso, Claude Monet e Vincent van Gogh em casas de amigos. As telas foram leiloadas em 2019.

No Brasil, marca alcançou fama com Palmeiras e "mamíferos"

Em 2011, a companhia se tornou uma subsidiária do grupo francês Lactalis, que obteve o controle total da Parmalat em 2019. No Brasil, a Lactalis é dona ainda das marcas Itambé, Poços de Caldas, Batavo, Président, entre outras.

Campanha Mamíferos, da Parmalat - Divulgação

A Parmalat começou suas operações no Brasil em 1972. A marca ganhou maior visibilidade quando deu início ao patrocínio do Palmeiras, em 1992, clube do qual também participava da administração.

A Parmalat alcançou ainda maior sucesso ao lançar uma campanha memorável, "Mamíferos", em 1996, assinada pela agência DM9DDB. No filme, crianças entre três e quatro anos fantasiadas de diversos animais, como leão, elefante, gato, cachorro, vaca, panda e rinoceronte, deliciavam-se com o leite da marca.

(Com Reuters)

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