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Brasil é aposta seja qual for o desfecho da eleição, diz BlackRock

Gestora prevê que BC dos EUA poderá reduzir ímpeto de alta dos juros globais

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São Paulo

Independentemente de qual seja o desfecho da disputa eleitoral no Brasil em 2022, a BlackRock, maior gestora global de recursos do mercado com cerca de US$ 10 trilhões (R$ 53,5 trilhões) em ativos, seguirá com seus planos de investir e expandir suas operações no mercado brasileiro.

Segundo Karina Saade, presidente da BlackRock no Brasil, há uma "oportunidade significativa" a ser explorada pela empresa de investimentos na região, em meio a tendências estruturais que deverão seguir presentes no mercado local, seja qual for o vencedor das eleições presidenciais no final do ano.

"Quando pensamos no tamanho que queremos alcançar no mercado brasileiro, realmente acreditamos que existe uma oportunidade significativa servindo os investidores brasileiros. A maior evidência disso é que viemos aumentando nossa presença no mercado brasileiro ao longo do ano passado, quando lançamos 74 BDRs de ETFs de renda variável global", afirma a executiva.

Sede da gestora global de recursos BlackRock, nos Estados Unidos - Lucas Jackson - 16.jul.2018/Reuters

O BDR de ETF é um ativo financeiro negociado na Bolsa brasileira, a B3, que replica a performance de índices acionários globais, que podem ser focados em regiões específicas, como Estados Unidos, Europa e Ásia, ou em temas de investimento, como biotecnologia ou sustentabilidade.

Os BDRs de ETFs lastreados em fundos globais da BlackRock negociados originalmente no exterior somavam em dezembro de 2021 cerca de R$ 5,5 bilhões de patrimônio no mercado brasileiro.

Karina acrescenta que a gestora está "muito perto" de lançar no Brasil os primeiros BDRs de ETFs que irão replicar índices internacionais do mercado de renda fixa.

"Quando começamos a trazer BDRs de ETFs para o Brasil, nosso objetivo era oferecer aos investidores uma ampla gama de estratégias de investimento para construírem portfólios internacionais. Começamos com os BDRs de ações, porque entendemos que eles são de mais fácil entendimento, mas sempre estivemos muito abertos à demanda por novas classes de ativos. E o próximo passo nessa evolução será a renda fixa", diz a executiva.

Segundo ela, a nova geração de investidores brasileiros tem demandado cada vez mais novas alternativas de investimento por meio das plataformas digitais e das fintechs, em um processo que já estava acontecendo e foi acelerado pela pandemia.

"Muitas dessas fintechs, como o Nubank, estão agora expandindo suas operações, começando a ir além dos serviços de um banco online e passando a oferecer investimentos, o que é mais um canal por meio do qual o investidor pode ter novas opções", afirma a executiva da BlackRock, que diz também que tem notado um interesse crescente sobre o tema de investimentos por parte de um público mais jovem no país.

"São tendências estruturais que já estão em curso e que não irão mudar a depender do patamar dos juros ou do desfecho da disputa eleitoral no país. Essas são as razões pelas quais temos apostado no Brasil e que nos levam a continuar investindo e expandindo nossa presença na região", afirma Karina.

"Iremos entender qualquer que seja a decisão que os brasileiros tomem em relação à política, e vamos encontrar, como sempre fizemos, as oportunidades, considerando também os riscos", afirma Axel Christensen, diretor de estratégia de investimentos para a América Latina da BlackRock.

Christensen assinala que, embora um ciclo de aperto nas condições monetárias se avizinhe nos países do Hemisfério Norte, os juros nesses países deverão seguir ainda bastante baixos, em níveis provavelmente inferiores aos da inflação corrente na região.

Nesse sentido, ele diz que alguns mercados emergentes, entre eles o Brasil, em que os juros já estão em patamares bem mais altos, passam a soar mais atraentes sob a ótica de grandes investidores globais, como a BlackRock.

Embora reconheça que os emergentes estarão naturalmente sujeitos à volatilidade que será trazida a partir da alta dos juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, o diretor entende que a autoridade monetária norte-americana talvez precise tirar um pouco o pé do acelerador.

A desaceleração no ritmo da atividade econômica por conta dos juros mais altos pode, na avaliação de Christensen, fazer com que o BC norte-americano venha a reduzir seu ímpeto em favor de um enxugamento na liquidez global dos mercados.

"Acreditamos que o Fed terá de fazer um balanço em relação ao seu ciclo de alta dos juros, tendo, de um lado, as preocupações com a inflação, mas, do outro, com os impactos que uma desaceleração econômica pode vir a trazer", afirma o diretor da BlackRock, acrescentando que dados mais recentes já começam a indicar alguma descompressão da inflação americana, o que poderia levar o Fed a reconsiderar parte da postura a favor de um aperto mais duro da política monetária

"Os bancos centrais estão cientes do impacto que o aumento nas taxas de juros trará para o nível da atividade econômica e eles querem ser muito cuidadosos para não exagerar no ritmo de aperto, já que muitas empresas e vagas de trabalho poderão ser afetadas por suas decisões."

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