Concessionária de aeroporto Galeão decide devolver concessão

Companhia cita impactos da crise econômica e da Covid-19 sobre o setor de aviação

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Alberto Alerigi Jr. Leonardo Vieceli
São Paulo e Rio de Janeiro | Reuters

A concessionária RIOGaleão anunciou nesta quinta-feira (10) que apresentou ao governo pedido de devolução do aeroporto internacional Tom Jobim, citando impactos da crise da economia e da Covid-19 sobre o setor de aviação.

Após a divulgação da decisão, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, anunciou o adiamento do leilão de Santos Dumont para 2023. O aeroporto era considerado uma das joias da coroa da sétima rodada de concessões aeroportuárias, ao lado do aeroporto de Congonhas. Agora, o governo planeja leiloá-lo junto com o Galeão.

"A estruturação dessa concessão conjunta vai acontecer ao longo desse ano de 2022, e no segundo semestre no ano que vem deveremos ter o leilão", disse o ministro em entrevista coletiva nesta quinta.

O Galeão foi concedido para a iniciativa privada em 2013, com um lance de R$ 19 bilhões de um consórcio que incluiu a Odebrecht, hoje Novonor. O valor foi quase quatro vezes maior que o definido no edital. O prazo do contrato iria até 2039.

Atualmente, a RIOgaleão é controlada pela Changi Airports, de Singapura, que tem 51%, enquanto a Infraero tem 49% restantes. A concessionária afirmou que vai continuar operando o terminal até que um novo operador seja definido em leilão pelo governo federal.

Área de check-in do aeroporto Galeão, no Rio - Mauro Pimentel/AFP

"O RIOgaleão continuará mantendo os padrões de segurança e qualidade na operação aeroportuária e honrará os compromissos e contratos com seus funcionários, credores, lojistas e fornecedores ao longo de todo o processo de relicitação", disse a concessionária, em nota.

A decisão de devolver a concessão ocorreu em meio a temores de concorrência predatória por parte do Santos Dumont, incluído pelo governo federal na sétima e última rodada de leilões de aeroportos, prevista para este semestre.

Nos últimos meses, o modelo de concessão do aeroporto, hoje administrado pela Infraero, gerou troca de farpas entre autoridades fluminenses e o governo federal, que chegou a anunciar o leilão de Santos Dumont isolado dos demais terminais diante da pressão.

Menos de 20 quilômetros separam os dois aeroportos. Políticos e empresários fluminenses avaliam que o Santos Dumont tem potencial para atrair voos domésticos, mas sofre com limitações geográficas no centro do Rio.

Importante para a logística de cargas no estado e gerador de 17 mil empregos diretos e indiretos, o Aeroporto Internacional do Galeão foi projetado para receber as grandes aeronaves. Localizado na Ilha do Governador, está distante dos demais bairros da região metropolitana cuja ligação viária é a Linha Vermelha, local frequente de trânsito e tiroteios.

Dados da Anac indicam que o Galeão vem enfrentando mais dificuldades para retomar o nível de operação pré-pandemia do que o Santos Dumont, localizado no centro do Rio de Janeiro. ​

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