Descrição de chapéu juros inflação Bradesco

Incerteza, inflação e juros comprometem recuperação em 2022, diz presidente do Bradesco

Para Octavio de Lazari Jr., empresas devem adiar decisões de investimento e crédito imobiliário também será afetado

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São Paulo

Incerteza sobre a capacidade do governo Bolsonaro de equilibrar as contas públicas, inflação pressionada e juros altos devem afetar a recuperação da economia neste ano, nas previsões do presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Jr.

"Infelizmente, ainda existem incertezas fiscais e a inflação elevada, um fenômeno global, e com algum tempero local, que acabaram levando a uma forte alta de juros. O aperto da política monetária já causou efeitos em 2021 e certamente deverá afetar a recuperação da economia em 2022", afirmou o executivo, ao comentar os resultados do banco no quarto trimestre e no consolidado do ano passado.

Segundo ele, as perspectivas de crescimento econômico baixo, com juros altos e inflação devem desacelerar o ritmo de expansão das principais linhas de negócio para os próximos 12 meses. Linhas de crédito às grandes empresas e de financiamento imobiliário devem estar entre as mais afetadas.

Presidente executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Jr.
Presidente executivo do Bradesco, Octavio de Lazari Jr. - Amanda Perobelli - 11.out.2019/Reuters

Após ter marcado uma evolução de 18,3% da carteira de crédito em 2021, que chegou a R$ 812,7 bilhões, para 2022, o banco projeta um avanço que deve ficar entre 10% e 14%.

"Em um ano de taxa de juros tão alta, as empresas não deverão tomar recursos para 5, 10 anos para fazer investimentos, em um ano que também é de eleição política", disse Lazari.

Por outro lado, linhas à pessoa física como crédito consignado e crédito pessoal tendem a apresentar uma performance mais resiliente de demanda por parte dos clientes neste ano, disse o executivo.

O presidente do Bradesco afirmou também que, em um cenário de juros de volta aos dois dígitos e crescimento baixo da atividade econômica, um aumento da inadimplência deve ser esperado durante os próximos balanços trimestrais.

A taxa de inadimplência acima de 90 dias do banco passou de 2,2% em dezembro de 2020, e de 2,6% em setembro de 2021, para 2,8% no final do ano passado.

"É intuitivo a gente imaginar que a inadimplência possa aumentar um pouco", disse Lazari. Ele prevê que o índice de atrasos pode vir a experimentar patamares entre 3,5% e 4% ao longo dos próximos meses.

"O Bradesco apresentou resultados operacionais mistos e um guidance ligeiramente decepcionante. No entanto, avaliamos que as ações do banco são negociadas a múltiplos atraentes e reiteramos nossa recomendação de compra para os papéis", escreveram os analistas do UBS BB, em relatório. O preço-alvo para as ações do Bradesco estimado pelos analistas é de R$ 29 em 12 meses.

Também com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 26 para as ações do Bradesco, os analistas do Goldman Sachs apontaram que o lucro líquido trimestral ficou cerca de 10% abaixo de suas estimativas.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido, assim como o guidance divulgado, também ficaram aquém do esperado pelos analistas do banco americano.

"Esperamos uma reação negativa do mercado, por conta do resultado fraco do quarto trimestre e do guidance menor", disseram os analistas do Goldman Sachs.

Nesta quarta, os papéis preferenciais do banco operaram em forte queda e fecharam em baixa de 8,6%, negociados a R$ 20,77. O Ibovespa teve alta de 0,2%.

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