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Veja rendimento da poupança, Tesouro, CDB e outros com a alta da Selic

Investimentos em renda fixa devem ter retorno acima da inflação neste ano

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São Paulo

Investimentos em renda fixa devem ter retorno acima da inflação em 2022, considerando uma taxa básica de juros de dois dígitos e uma inflação equivalente a pouco mais da metade da registrada em 2021, segundo cálculos do buscador de aplicações financeiras Yubb.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil elevou nesta quarta-feira (2) a taxa Selic em 1,5 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Ao aumentar os juros, a autoridade monetária restringe o acesso ao crédito e, com menos dinheiro em circulação, espera desacelerar a inflação.

Mulher caminha em frente à fachada da sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (DF)
Mulher caminha em frente à fachada da sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (DF) - Antonio Molina - 11.jan.2022/Folhapress

Assim como no ano passado, o cenário atual é favorável ao investimento em renda fixa, quando comparado à renda variável —como ações negociadas na Bolsa de Valores. Mas em 2021, a inflação anual de 10,06% superou os ganhos de praticamente todas as aplicações tradicionais domésticas.

Na pesquisa Focus desta semana, a mediana das projeções dos economistas consultados pelo BC (Banco Central) indica uma inflação no Brasil de 5,38% ao final de 2022.

Essa estimativa de inflação, somada à alta da Selic, deve fazer com que até mesmo a caderneta de poupança, que é o investimento mais popular do país e também aquele que possui o pior retorno no segmento de renda fixa, produza ganhos reais. Confira:

"O atual cenário de alta dos juros brasileiros tende a beneficiar os investimentos de renda fixa em detrimento dos ativos de renda variável. Isso porque a Selic mais alta pressiona o crédito, encarece os financiamentos para empresas e tende a desvalorizar as ações em razão do maior desconto exigido por investidores", comentou Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb.

Pascowitch reforça a importância da análise da remuneração de cada investimento em renda fixa em comparação à inflação. "Investidores costumam analisar somente o rendimento nominal, aquele que aparece na tela, mas não fazem o cálculo quanto ao rendimento real, descontando a inflação", diz. "É fundamental que haja essa preocupação em 2022 a fim de aproveitar as melhores oportunidades", afirma.

Embora a alta dos juros seja potencialmente nociva para as ações de empresas listadas na Bolsa brasileira, Pascowitch também alerta para a possibilidade de baixa na renda variável gerar oportunidades de compra.

Considerando que investimentos em Bolsa devem ser planejados para longo prazo –mais de dez anos–, empresas sólidas com preços baixos tendem a trazer retorno superior à renda fixa ao longo do tempo.

Segundo Patrícia Palomo, diretora da Sonata Gestora de Patrimônio, a despeito do desempenho mais positivo da Bolsa brasileira e do real frente ao dólar nas últimas semanas, no caso do mercado de juros, os prêmios dos títulos não apresentaram alívio semelhante, oferecendo boas oportunidades de compra aos investidores nos níveis atuais.

"Nessa dinâmica, ativos indexados à inflação continuam sendo interessantes para quem quer proteger e construir patrimônio com rendimento acima da inflação", afirma a gestora.

Ela acrescenta que, conforme o BC mantenha o processo de aperto monetário nas próximas reuniões do Copom, os títulos pós-fixados, que acompanham a variação da Selic, continuarão ganhando atratividade.

"Quando a gente volta a vivenciar um cenário de taxa de juros de dois dígitos, a renda fixa, que tinha perdido seu glamour, volta com tudo", endossa Luciane Effting, superintendente executiva de investimentos do Santander.

À medida que os investidores voltam a encontrar na renda fixa de baixo risco títulos públicos e privados que oferecem uma rentabilidade ao redor de 1% ao mês, é natural que eles passem a olhar com um pouco menos de entusiasmo para ativos de maior risco e volatilidade, afirma a superintendente do Santander.

"Sem dúvida teremos um ano de bastante volatilidade, e é na volatilidade que encontramos oportunidades", diz Luciane. "A melhor estratégia é o investidor saber combinar as oportunidades na renda fixa, mas sem deixar de olhar a diversificação, que pode maximizar o retorno da carteira", acrescenta a superintendente.

Na carteira recomendada de ações da Santander Corretora para fevereiro, se destacam nomes do setor financeiro, como BTG Pactual e Itaú, e de commodities, como JBS, Petrobras, Suzano e Vale.

"Diante do cenário de recuperação econômica, que tende a ser acelerado com o avanço da vacinação em massa nas grandes economias, as ações de companhias cíclicas, da 'velha economia', que acompanham o crescimento econômico, tendem a serem mais buscadas, com tendência geral de valorização nos seus preços", diz Paloma Brum, analista de investimentos na Toro.

Paloma afirma que, em um ambiente de juros bem mais altos do que no ano passado, cresce o nível de risco na concessão de empréstimos e financiamentos, o que implica naturalmente em um prêmio maior para remunerar as instituições credoras, que devem vivenciar a dilatação dos spreads que recebem, favorecendo suas receitas e margens.

Por outro lado, ela diz que empresas do setor imobiliário tendem a estar entre as mais impactadas pela alta dos juros.

"Os financiamentos imobiliários consistem em uma das linhas de crédito que é ajustada mais rapidamente diante de aumentos na taxa Selic. Dessa forma, a alta da Selic tende a reduzir o apetite para a tomada de novos financiamentos, assim como aumentar o grau de inadimplência entre aqueles que já têm contratos", afirma a analista.

Paloma diz ainda que os juros mais altos também implicam em aumento das despesas com crédito, com aumento do endividamento e redução da renda disponível para realizar outros gastos, especialmente aqueles de itens não essenciais.

"Assim, a alta da Selic pode prejudicar o volume de vendas e as receitas de companhias do varejo como redes de supermercados, vestuário, calçados e bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e automóveis."

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