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Guerra na Ucrânia: petróleo dispara e mais empresas deixam a Rússia
Os preços do barril do petróleo tipo Brent, referência para a Petrobras, chegaram a atingir a máxima de US$ 139,13 (R$ 706,11) neste domingo no Brasil, com as conversas entre os EUA e a União Europeia para suspender as importações de petróleo da Rússia.
O novo patamar significa que as máximas de 2014 ficaram para trás, e o novo preço já encosta no de 2008, ano do topo histórico da commodity, quando chegou aos US$ 145. No fim da noite de domingo, o barril do Brent estava em US$ 129 (R$ 654), com alta de 9%.
Entenda: dentre as diversas sanções aplicadas pelo Ocidente à Rússia, as atividades envolvendo energia e alimentos ainda não estão entre elas.
- A Rússia é uma das maiores produtoras de petróleo, gás natural e grãos do mundo, e a restrição da oferta desses produtos pressionaria ainda mais a inflação global. Agora, os legisladores americanos querem uma sanção sobre essas atividades.
- Essas commodities já vinham em alta com a decisão de empresas de interromperem suas atividades comerciais no país, incluindo as gigantes do transporte marítimo Maersk e MSC.
Cancelamentos em série: nos últimos dias, mais empresas anunciaram que deixaram de operar no país governado por Vladimir Putin.
- Entre elas, está o Airbnb (que também deixou Belarus), e marcas de luxo, como Chanel e LVMH. A Netflix também suspendeu seus serviços no país e a Samsung interrompeu todos os seus embarques para a Rússia.
- Em uma decisão que pode atingir em cheio a classe média, as empresas de meios de pagamento Visa, Mastercard, PayPal e American Express também anunciaram a suspensão de suas atividades no país. Como alternativa, os bancos russos devem começar a emitir cartões com sistema chinês.
- Neste domingo (6), o TikTok anunciou que suspendeu a criação de novos conteúdos na Rússia em resposta à nova lei do país que ameaça de prisão quem divulgar "notícias falsas" sobre a invasão.
Fertilizantes: assunto de extremo interesse para o Brasil, o governo da Rússia recomendou na sexta (4) aos fabricantes de fertilizantes que suspendam suas exportações. Entenda por que o Brasil depende tanto da importação de adubo.
Petrobras vira 'vaca leiteira' de dividendos
Com os recentes anúncios de dividendos "gordos", a Petrobras vem cada vez mais se estabelecendo no que o mercado chama de uma empresa "vaca leiteira".
Entenda: essas companhias são conhecidas pela grande distribuição de dividendos e costumam estar em carteiras recomendadas para investidores que priorizam esse tipo de estratégia.
Em números: com o pagamento de R$ 72,7 bilhões em 2021, a Petrobras foi a segunda empresa do setor a pagar mais dividendos no ano, atrás apenas da gigante americana Exxon Mobil. O levantamento é da Economática.
O que explica: a Petrobras mudou sua política de remuneração aos acionistas ainda na gestão Roberto Castello Branco, demitido por Bolsonaro em fevereiro de 2021.
No terceiro trimestre de 2021, a empresa atingiu sua meta de redução de dívida bruta para US$ 60 bilhões (R$ 300 bilhões), que era esperada para o final de 2022, e ampliou sua distribuição de dividendos.
Recorde: as empresas brasileiras distribuíram dividendos em valor recorde em 2021, segundo relatório da gestora Janus Henderson Investors. A única que pagou mais que a Petrobras foi a Vale, com R$ 73,3 bilhões.
Em 2020, a renda declarada por brasileiros com lucros e dividendos subiu a R$ 384,3 bilhões, segundo a Receita Federal. O valor superou em 7% o declarado nessa fonte de rendimentos em 2019.
Mais sobre investimentos:
- Risco de falta de fertilizantes cria onda desproporcional na Bolsa, afirma Marcos de Vasconcellos.
- Veja, no blog De Grão em Grão, quatro formas de investir em renda fixa para se proteger da inflação.
Os destaques do PIB em 2021
A economia brasileira teve alta de 4,6% em 2021, segundo dados do IBGE divulgados na sexta (4). Com o resultado, o PIB do país recuperou as perdas da pandemia e está 0,5% acima do patamar do último trimestre de 2019, antes da crise sanitária.
Em números: o resultado anual veio próximo da projeção do mercado (4,5%). Nos últimos três meses de 2021, o PIB avançou 0,5% e surpreendeu os analistas, que previam alta de 0,1%.
- A alta do último trimestre confere um carrego estatístico de 0,3% para 2022. Ou seja, mesmo que o país não cresça de um trimestre para o outro neste ano, a economia já parte de um avanço de 0,3%.
- Apesar do forte crescimento em 2021, o Brasil perdeu uma posição no ranking das maiores economias do mundo, caindo do 12º para o 13º lugar. Veja aqui como foi o desempenho de outros países nos dois anos de pandemia.
O que explica: os analistas apontam que a alta de 2021 vem de uma base de comparação fragilizada de 2020, quando a economia recuou 3,9%.
Top 5. Cinco pontos para entender a alta de 4,6% do PIB:
- 1 - Investimentos: medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), eles aumentaram 17,2% e contribuíram para a alta do indicador. A taxa foi a maior desde 2014, lembra o colunista Vinicius Torres Freire.
- 2 - Vacinação: o avanço da circulação de pessoas graças à imunização conferida pelas vacinas foi essencial para a alta de 4,7% no setor de serviços, o principal pela ótica da oferta e o maior empregador do país. No último tri, ficou 1,6% acima de igual período de 2019.
- 3 - Consumo das famílias: considerado o motor da economia na ótica da demanda, avançou 3,6% em 2021, mas ainda não recuperou as perdas da pandemia.
- 4 - Agro: o setor que menos sentiu os efeitos da pandemia em 2020, quando cresceu 3,8%, recuou 0,2% em 2021. O campo foi prejudicado pela seca e pela geada no ano passado.
- 5 - E para 2022? A expectativa dos analistas é de crescimento bem menor para este ano, afetado por inflação persistente, alta dos juros e queda na renda. Pra piorar, a guerra na Ucrânia também deve contribuir para um cenário de estagnação.
Análises:
- A responsabilidade fiscal poderá ajudar a compensar os efeitos negativos da guerra na Ucrânia, afirmam Alexandre Manoel e Mirella Hirakawa, economistas da AZ Quest.
- Alta de 4,6% do PIB é uma média de extremos, escreve Vivian Almeida, economista e professora do Ibmec
Quem vai ser o 'vale do silício brasileiro'?
Intel, Meta, Apple, Twitter, Google. Essas são algumas das gigantes da tecnologia dos EUA que têm sua sede no Vale do Silício, como é chamada a região sul da baía de São Francisco.
No Brasil, cidades de todos os cantos do país tentam vencer uma corrida para se tornar o polo tecnológico nacional.
Entenda: em pelo menos 21 cidades, há comunidades de empreendedores ou gestores locais buscando esse título. O poder público também entrou nesse jogo com políticas de incentivo para atrair startups e outras empresas de tecnologias.
Um levantamento da Folha mostra que ao menos 11 leis que se relacionam com o setor foram aprovadas em dez grandes cidades nos últimos cinco anos.
Na dianteira: em algumas cidades, o ecossistema de inovação está mais desenvolvido. Esse conceito é uma receita que tem como ingredientes universidades, capital humano, fontes de investimento, empresas de diferentes tamanhos, instituições de apoio etc. Entre os municípios brasileiros mais avançados, estão:
- Florianópolis, com uma rede de inovação distribuída na cidade;
- Recife, com um espaço de inovação na antiga zona portuária da cidade;
- Porto Alegre, com um parque tecnológico universitário;
- São José dos Campos, com alguns dos principais institutos de tecnologia do país.
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