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Elon Musk faz proposta para comprar Twitter por US$ 43 bilhões

Empresa diz que vai examinar oferta do presidente da Tesla 'cuidadosamente'

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Robert Wright Cristina Criddle Hannah Murphy
Londres e São Francisco (Califórnia) | Financial Times

O bilionário Elon Musk, dono da Tesla, anunciou nesta quinta (14) uma proposta para comprar o Twitter por cerca de US$ 43,4 bilhões (R$ 197 bilhões), afirmando que a rede social —que ele critica com frequência— precisa se tornar uma empresa de capital fechado para ter mudanças efetivas.

A oferta de Musk, de US$ 54,20 por ação, surge dias depois de ele ter adquirido uma participação acionária de 9% na companhia, se tornando seu principal acionista, mas rejeitando um convite para se tornar parte do conselho do Twitter.

A proposta, se aceita, transformará Musk em um barão da mídia social, e lhe dará a capacidade de direcionar o futuro de uma plataforma na qual ele tem 80 milhões de seguidores e que ele usou para conduzir campanhas de revanche pessoal e promover sua agenda.

O empreendedor anunciou a oferta por meio de documentos encaminhados à Securities and Exchange Commission (SEC), agência federal que regulamenta os mercados de valores mobiliários dos Estados Unidos, afirmando que seu objetivo era "destrancar" o potencial da companhia para que ela se tornasse "a plataforma da liberdade de expressão em todo o mundo".

Elon Musk em convenção em Washington, DC - Brendan Smialowski - 9.mar.2020/AFP

Falando em uma conferência TED em Vancouver nesta quinta-feira (14), depois do anúncio de sua proposta, Musk disse que tinha "ativos suficientes" para bancar a transação, mas reconheceu que "não estou certo de que serei mesmo capaz de fazer a aquisição".

Ele disse que pretendia reter "o maior número de acionistas que a lei permitir" em uma empresa de capital fechado, insistindo que não desejava "monopolizar" ou "maximizar" seu controle do Twitter.

"O aspecto econômico não me interessa em nada", disse. Musk acrescentou que tinha um "plano B" caso a oferta não fosse bem-sucedida, mas não detalhou qual seria.

Ele disse que sua oferta representava um ágio de 54% sobre o valor das ações do Twitter no dia em que ele começou a investir na empresa, e um ágio de 38% ante a cotação das ações da companhia em 1º de abril, três dias antes que a participação dele fosse revelada ao público.

Musk ainda deu a entender que poderia vender sua participação acionária no Twitter se a oferta for recusada.

"Minha oferta é a melhor e a última que farei e, se não for aceita, eu teria de reconsiderar minha posição como acionista", escreveu.

As ações do Twitter fecharam a quinta em baixa de 1,68%, a US$ 45,08.

Em sua entrevista no TED, Musk disse que o Twitter deveria acompanhar as leis de cada país, acrescentando que "deveríamos errar em favor da liberdade de expressão, em caso de dúvida... Se houver uma área cinzenta, em minha opinião é melhor deixar que o tuíte exista".

Quando perguntado sobre seus planos para a companhia caso consiga tomar seu controle, Musk disse que o Twitter deveria evitar apagar mensagens, e advogou a ideia de suspensões temporárias em vez de exclusões definitivas, uma posição que poderia abrir o caminho para o retorno de figuras excluídas, como a do ex-presidente americano Donald Trump, à plataforma.

Ele também disse que priorizaria eliminar o spam e os exércitos de "bots" do Twitter, transformaria o algoritmo da plataforma em um software de código aberta e introduziria mais transparência, quando tuítes de usuários forem promovidos ou suprimidos em seus feeds.

O Twitter anunciou que seu conselho "examinaria cuidadosamente a proposta a fim de determinar o curso que acredite servir melhor ao interesse da companhia e de todos os acionistas do Twitter".

Em um tuíte, o magnata saudita príncipe Alwaleed bin Talal disse que, como um dos acionistas mais antigos do Twitter, ele rejeitava a oferta de Musk. O príncipe acrescentou que não acreditava que a oferta "chegue nem perto do valor intrínseco do Twitter, dadas as suas perspectivas de crescimento".

A oferta de Musk surgiu ao final de alguns dias de tumulto na companhia, que abalaram sua liderança e seu pessoal.

Musk adquiriu suas ações em 14 de março, mas só revelou publicamente a sua participação em 4 de abril, o que excede o limite de dez dias que as leis financeiras americanas impõem para que investidores notifiquem a SEC.

Depois que a notícia de que Musk tinha se tornado o maior acionista do Twitter surgiu, as ações da empresa subiram 27%. Um dia mais tarde, o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, anunciou que Musk se tornaria parte do conselho da empresa.

"Em diversas conversas com Elon nas últimas semanas, se tornou claro para nós que ele traria grande valor ao nosso conselho", disse o executivo naquele momento.

Musk mudou de rumo na segunda-feira e disse que não se tornaria parte do conselho, afinal, depois de passar todo o final de semana criticando a plataforma e sugerindo novos recursos, em uma série de tuítes posteriormente apagados.

Um tuíte curtido por Musk na plataforma sugeria que ele tinha se tornado "o maior acionista em defesa da liberdade de expressão", e que a empresa tinha dito a ele que "respeitasse os limites e não falasse livremente".

O presidente-executivo da Tesla já tinha recorrido ao Twitter para anunciar sua intenção de fechar o capital da montadora de carros elétricos, em 2018, em uma mensagem que dizia "estou considerando fechar o capital da Tesla a US$ 420 por ação. Financiamento garantido".

A proposta foi abandonada poucas semanas mais tarde, depois de discussões com acionistas.

Musk e a Tesla pagaram uma multa à SEC em um acordo assinado para resolver as acusações de fraude financeira apresentadas contra eles por conta da mensagem. Um advogado da companhia agora tem de aprovar todos os tuítes de Musk que contenham material informativo sobre a Tesla –uma parte do acordo que ele está tentando derrubar.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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