Descrição de chapéu copom juros Selic

Aversão ao risco derruba Bolsas e faz dólar subir 2,3%, a R$ 5,015

Bolsa brasileira acompanha pares no exterior e fecha com fortes perdas

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São Paulo

Após o bom humor tomar conta dos mercados no pregão passado com a perspectiva de que o aperto monetário nos Estados Unidos não seria tão agressivo como alguns estavam esperando, a aversão ao risco voltou a dar as cartas nesta quinta-feira (5).

O dia foi marcado por quedas expressivas das ações nas Bolsas dos Estados Unidos e no Brasil, com o dólar voltando a se fortalecer frente ao real.

Após iniciar a sessão passada em alta e inverter de tendência na esteira da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para fechar em queda de 1,2%, o dólar voltou a ganhar força no mercado local.

Com alta acima de 2% desde a manhã, a valorização da moeda norte-americana se intensificou no início da tarde e chegou a se aproximar dos 3%. No fechamento da sessão, o dólar comercial marcava valorização de 2,28%, cotado a R$ 5,015 para venda.

Notas de dólar americano
Notas de dólar americano - Marcello Casal Jr. - 2.mai.2019/ABr

Já a Bolsa de Valores brasileira, que fechou na véspera com ganhos de 1,7%, retomou a tendência negativa dos dias anteriores. O Ibovespa encerrou nesta quinta em queda de 2,81%, aos 105.304 pontos.

O movimento está alinhado com o observado no mercado americano –o S&P teve perdas de 3,57%, enquanto o Dow Jones terminou o pregão em baixa de 3,12%. O Nasdaq cedeu 4,99%, maior baixa da Bolsa americana de tecnologia desde 11 de junho de 2020, quando caiu 5,27%.

A sessão também foi marcada por fortes perdas no mercado de criptomoedas. O bitcoin registrou desvalorização de 5,4%, negociado na faixa dos US$ 37 mil, com o desconforto crescente dos investidores sobre a real capacidade dos criptoativos de apresentaram uma boa performance em cenários de juros mais altos.

"Mesmo após um Fed menos duro do que o esperado, o mercado deve seguir cauteloso frente ao ambiente desafiador ao crescimento, com dados de China e Alemanha divulgados na virada de ontem [quarta] para hoje [quinta] reforçando esta visão", diz Victor Beyruti Guglielmi, economista da Guide Investimentos, em relatório.

Havia no mercado até então uma percepção crescente entre os agentes de que o BC americano poderia passar a elevar os juros em 0,75 ponto percentual, frente à persistência da pressão inflacionária na região. Presidente do Fed, Jerome Powell afirmou após a decisão que a autoridade monetária não considera uma alta mais forte dos juros americanos neste momento.

A declaração do dirigente, contudo, não parece ter sido suficiente para fazer com que os mercados descartassem por completo a necessidade de um aperto monetário mais agressivo.

A expectativa de uma maior longevidade das restrições de oferta, sustentadas pela guerra no Leste Europeu e pelo abre e fecha na China, também mantém um ambiente perigoso para a inflação, acrescenta o especialista da Guide.

Em um cenário de inflação global pressionada e escassez de matérias-primas, o petróleo avançava cerca de 0,7% nos mercados internacionais, enquanto o preço do gás natural saltava 5,4%.

Juros no Brasil

No mercado de juros futuros local, as taxas dos contratos avançaram com força, depois de o BC (Banco Central) elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 12,75% ao ano.

O contrato de juros futuros para janeiro de 2023 subiu de 13,04% para 13,23%, enquanto o título para 2027 passava de 11,90% para 12,16%.

Amplamente aguardada pelo mercado, a decisão do BC aumenta, ainda mais, a atratividade de títulos de renda fixa, em especial daqueles pós-fixados, que passam a oferecer um rendimento maior a cada alta da Selic.

No comunicado divulgado junto à decisão, a autoridade monetária sinalizou a continuidade do ciclo de alta dos juros, mas em uma intensidade menor. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude", disse o Copom.

"O risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos parece ter sido o principal motivador para o Copom sinalizar nova alta na próxima reunião, ao invés de parar já nesta reunião", afirma Claudio Pires, diretor de investimentos da Mongeral Aegon Investimentos.

O especialista prevê um novo aumento de 0,5 ponto percentual no encontro do Copom de junho, com a Selic em 13,25% ao final do ciclo de alta dos juros.

Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, as decisões monetárias no Brasil e nos Estados Unidos vieram em linha com o esperado.

"Mantemos a projeção do dólar a R$ 5, uma vez que a alta dos juros nos Estados Unidos não será mais forte que o esperado e por aqui os juros estarão suficientemente altos para manter o carrego favorável ao real", afirma Perfeito.

Analista de renda fixa da Suno Research, Vinicius Romano diz que os títulos pós-fixados são os maiores beneficiados pela decisão do Copom, já que a sua rentabilidade é atrelada à taxa Selic. "Ou seja, quanto mais os juros subirem, melhor para essa classe."

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