Bélgica permite reabertura de fábrica da Kinder afetada por salmonela

Após os casos na Europa, a retirada preventiva dos produtos Kinder também se estendeu para Estados Unidos e Argentina

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Bruxelas | AFP

As autoridades de saúde belgas anunciaram nesta sexta-feira (17) que deram sinal verde para a reabertura, por um período de testes, da fábrica da Ferrero, em Arlon, onde foram produzidos ovos Kinder contaminados com salmonela.

A Agência Federal para Segurança Alimentar na Bélgica (AFSCA) "decidiu dar autorização condicional à Ferrero para sua fábrica de produção em Arlon", no sul do país, informou a autoridade em um comunicado.

Quatro Kinder Surprise Eggs em fundo cinza, fabricados pela empresa italiana Ferrero - Rosinka79/Adobe Stock

Essa autorização tem duração de três meses, durante os quais cada ingrediente será analisado antes da distribuição e venda dos chocolates.

"Esta reabertura ocorre após uma limpeza em profundidade e de controles de segurança alimentar realizadas em estreita colaboração" com a agência, disse a empresa.

No início de abril, às vésperas da Páscoa, o grupo fez um "recall" de todos os produtos fabricados em sua unidade de Arlon. A medida foi tomada após o surgimento de vários casos de salmonelose, possivelmente ligados ao consumo de chocolates em vários países da Europa.

Após os casos na Europa, a retirada preventiva dos produtos Kinder também se estendeu para Estados Unidos e Argentina.

O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) indicou que, até 3 de junho, havia 392 casos confirmados e 22 prováveis de salmonela identificados em países da UE e no Reino Unido.

A empresa é acusada de ter reagido tardiamente ao problema detectado em dezembro e enfrenta várias investigações judiciais.

Chocolate pode ter salmonela?

A onda de casos na Europa mostrou que o ovo de galinha não é o único que pode ter salmonela. Ovos de chocolate também podem carregar a bactéria, que é uma das principais responsáveis por quadros de intoxicação alimentar.

Segundo Mariza Landgraf, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC - Food Reseach Center) da USP, a principal fonte de contaminação são os alimentos crus, como carne de frango mal cozida, ovos, além de frutas, leite não pasteurizado e frutos do mar —dependendo de onde foram capturados.

No caso do chocolate, a bactéria pode contaminar o grão de cacau e permanecer nas etapas subsequentes do processamento até a obtenção do doce.

"A salmonela não se multiplica no chocolate porque não tem água disponível suficiente para que ela o faça. No entanto, ela permanece viva e, mesmo em número pequeno, pode causar doença", explica.

Nesses casos, a cocção pode não ser suficiente para eliminar a bactéria, visto que é um alimento com alto teor de gordura.

"A gordura protege os microorganismos quando o alimento é submetido ao aquecimento. O que pode ter acontecido [no caso do Kinder] é que, mesmo estando presente no cacau, a própria gordura protegeu a salmonela", diz a pesquisadora.

Salmonela no chocolate é raro no Brasil

De acordo com a Anvisa, nos últimos anos, não houve casos de contaminação em chocolates no Brasil que levassem à necessidade de medidas preventivas pela agência.

Na visão de Landgraf, episódios de salmonela no produto podem ser considerados raros —o que é uma boa notícia, já que evitar o risco é mais complicado.

"Infelizmente, nesse caso, é drástico: evitando ingestão de chocolates. Mas até o momento, não temos notícias do problema no Brasil e esperamos que continue assim", diz.

Colaborou Thiago Bethônico

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