Lucro das empresas da Bolsa, rublo valorizado e o que importa no mercado

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Commodities puxam lucro na Bolsa

Enquanto as ações acompanham a volatilidade dos mercados local e internacionais, o conjunto das empresas da Bolsa brasileira registrou no primeiro trimestre de 2022 um lucro quase 85% acima ao mesmo período do ano passado.

Em números: o lucro consolidado foi R$ 170 bilhões de janeiro a março deste ano, contra R$ 92,5 bilhões no mesmo intervalo de 2021 (sem considerar a inflação). O levantamento é da plataforma Economatica.

O que explica: boa parte desse crescimento deve-se às grandes exportadores de commodities, em especial Petrobras, Vale e Suzano, que também costumam ditar o rumo do desempenho do Ibovespa (são quase 29% do índice)

  • O início do ano foi marcado pela valorização das matérias-primas no contexto da guerra na Ucrânia.
  • Apesar do crescimento generalizado, ele aponta que as empresas estão com um pé atrás para tomar dívida num cenário de juros altos. Isso ajuda a explicar porque a alta nos lucros não chega à economia real por meio de investimentos.

Destaques no último trimestre:

  • Positivos: os resultados dos bancões agradaram aos analistas com o crescimento da carteira de crédito em um cenário de Selic mais alta. Os shoppings e as locadoras de veículos também vieram com números acima das expectativas.
  • Negativos: setores que tiveram suas margens comprimidas pela inflação foram os que mais sofreram, com destaque para as grandes varejistas, construção civil e empresas de consumo.

Desemprego recua; renda segue fraca

A taxa de desemprego voltou a recuar no país e atingiu 10,5% no trimestre encerrado em abril. A renda dos trabalhadores, porém, ainda sinaliza fragilidade. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta terça (31).

Em números: a taxa de desocupação é a menor desde 2015. Os analistas do mercado esperavam nível mais alto, com taxa de 10,9%.

  • O contingente de desempregados recuou para 11,3 milhões e a parcela de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho foi estimada em 96,5 milhões, recorde para a série iniciada em 2012.

O que explica: os especialistas ouvidos pela Folha atribuem o resultado melhor que o esperado à atividade econômica aquecida nos primeiros meses deste ano.

  • O desempenho da economia no primeiro trimestre será consolidado com a divulgação do PIB na quinta (2) e deve mostrar alta mais forte que a projetada inicialmente. Para o segundo semestre, porém, o avanço dos juros deve pesar na atividade.

Renda segue baixa: a recuperação do desemprego veio acompanhada de rendimento do trabalho ainda fragilizado, com queda de 7,9% em relação a abril de 2021. A tendência vem sendo observada nas últimas divulgações.

  • O índice médio de R$ 2.569 em termos reais (com o desconto da inflação) no trimestre encerrado em abril é o menor para esse período na série.

Opinião: o PIB melhorou, mas pouca gente sentiu no bolso, na pele ou na alma, escreve o colunista Vincius Torres Freire.


Inflação do café da manhã

Tomar café da manhã ficou ainda mais caro que a inflação média enfrentada pelos brasileiros.

Enquanto o IPCA de 12 meses até abril ficou em 12,13%, a alta de preços dos itens do café da manhã foi de 32,16% no mesmo período, segundo estudo da PUC-PR.

O que explica: a alta de itens como pão e margarina acompanha o avanço acima da média observado pelos alimentos, que encareceram com a alta das commodities –como o trigo, no caso do pão– e após adversidades do clima no campo.

  • No conjunto de produtos da cesta básica, o avanço nos 12 meses encerrados em abril foi de 28,9%.

Feijão carioca também dispara: o tipo de feijão preferido pelos brasileiros vai ficar mais caro diante da menor oferta em 2022.

  • A queda na área plantada e ocorrências de estiagem e geada devem subir os preços do item. A demanda deve ser transferida para o feijão-preto, que custa menos.

Mais sobre inflação

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça as altas recentes da Selic diante da pressão inflacionária em energia e alimentos e da alta de preços espalhada em outros setores.


Rublo é a moeda mais valorizada no ano

Depois de ver seu valor afundar a míseros 0,7 centavos de dólar em março, o rublo, a moeda russa, se recuperou e hoje é negociado a 16 centavos. A cotação está acima inclusive da registrada antes da guerra.

Em números: só no mês de maio o rublo se valorizou 16,5% ante o dólar, sendo de longe a moeda que mais se apreciou no período. Em seguida vem o peso colombiano (5,1%) e o real brasileiro (3,82%), que registrou a maior valorização para o mês desde 2009.

O que explica: a valorização da moeda russa é o resultado das drásticas medidas do Kremlin para controle de capital.

  • A obrigatoriedade da conversão imediata de dólares para rublos por exportadores e a imposição de um limite para cidadãos fazerem transferências para o exterior são alguns exemplos.
  • O que também ajudou foi a exigência da Rússia para que os compradores de gás natural fizessem o pagamento em rublo, não dólar ou euro. A Alemanha, por exemplo, foi obrigada a aceitar tal imposição dada sua dependência desse tipo de energia.

Não é necessariamente bom: os analistas ressaltam, porém, que a valorização do rublo não indica uma melhora da economia russa combalida pelas sanções, tampouco medem a efetividade das punições.

  • O efeito, inclusive, pode ser contrário, tornando as exportações russas menos competitivas que as feitas por países que têm uma moeda menos valorizada.

Mais sobre efeitos da guerra

Diante da sanção europeia a cerca de dois terços do petróleo russo comprado pelo bloco, os membros da Opep consideram suspender o país do seu acordo para a produção da commodity, segundo o Wall Street Journal.

Isso poderia fazer com que os outros países da organização, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, ampliem sua produção para dar conta da meta estabelecida.

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