Descrição de chapéu petrobras

Privatizar Petrobras levaria até 4 anos, diz Bolsonaro

Presidente diz que Guedes ficará no governo em caso de reeleição, apesar de pressão pela troca

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Eduardo Simões Lisandra Paraguassu
São Paulo e Brasília | Reuters

O presidente Jair Bolsonaro avaliou nesta segunda-feira (6) como "muito difícil" uma privatização da Petrobras e estimou que o processo de venda da companhia poderia levar até quatro anos. Bolsonaro também afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficará no governo no caso de reeleição, mas admitiu que há pressão pela troca do ministro.

Em entrevista ao canal Terraviva, o presidente também disse que a eventual venda da estatal dependeria de uma modelagem correta, e apontou não ser possível simplesmente repassar a companhia a quem pagar mais.

"A privatização da Petrobras é muito difícil. Eu conversei com o ministro de Minas e Energia (Adolfo Sachsida), ele tem essa intenção, deu o pontapé inicial, mas dificilmente vai para frente isso", disse o presidente na entrevista.

"Correndo tudo certo, levaria uns quatro anos. E você tem que modular isso aí, não pode simplesmente quem pagar mais vai levar. Você tem hoje um dia um monopólio estatal aqui dentro, ia ter um outro monopólio privado aí fora", acrescentou.

Presidente Jair Bolsonaro em ato alusivo a Entrega de Trecho da Estrada Boiadeira (BR-487), no Paraná - Isac Nóbrega - 3.jun.2022/PR

Na semana passada, o CPPI (Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos) aprovou recomendação da qualificação da Petrobras para estudos de avaliação para privatização.

Em um primeiro passo, segundo o secretário especial do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), Bruno Leal, a resolução do órgão recomenda ao presidente da República a qualificação, para que o processo possa caminhar.

Se o presidente acatar a recomendação do CPPI, explicou Leal, haverá a edição de um decreto sobre o assunto.

O ministro Minas e Energia tem defendido a privatização da Petrobras. Ele assumiu o posto em meio à insatisfação de Bolsonaro com os recentes aumentos nos preços dos combustíveis anunciados pela estatal e, dias depois de chegar ao cargo, foi anunciada uma nova mudança no comando da petroleira, que depende de trâmites dentro da empresa.

Na entrevista ao Terraviva, Bolsonaro reiterou afirmações de que a Petrobras tem um lucro exagerado e reclamou do que chamou de "burocracia enorme" para fazer mudanças na estatal.

"A Petrobras tem uma ganância enorme, o lucro da Petrobras é algo exagerado", disse o presidente.

"A Petrobras, estamos tentando mudar. Mudou o ministro das Minas e Energia e quer mudar agora toda a Petrobras. Mas há uma dificuldade, reunião de conselho, uma burocracia enorme e demora isso daí. Espero que até lá não haja um novo aumento de combustível, porque eu não tenho participação no aumento do preço do combustível. Por mim, não aumentaria."

Bolsonaro também afirmou que a estatal é "refém dos minoritários" e que os lucros da Petrobras estão ajudando a pagar a aposentadoria de pessoas fora do Brasil às custas do sacrifício da população brasileira afetada pela alta nos preços dos combustíveis.

No início de maio, a Petrobras aprovou distribuição de dividendos de R$ 48,5 bilhões. Embora minoritários também recebam, a União como acionista majoritária leva a maior parte da remuneração.

Bolsonaro diz que Guedes fica em caso de reeleição, mas admite pressão

Bolsonaro garantiu nesta segunda que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficará no governo no caso de reeleição, mas admitiu que há pressão pela troca do ministro.

"Com toda certeza sim. Depende dele. Eu vejo ele às vezes cansado, que é natural, é um ministro que no passado era muito trocado na Economia", disse o presidente em entrevista ao canal Terraviva.

"De vez em quando alguns querem que eu troque ele para resolver certos assuntos. Eu prefiro conversar com ele e dentro daquela lealdade mútua que temos, mudar algumas coisas e prosseguir nessa linha."

Ao mesmo tempo, Bolsonaro pôs na conta do ministro da Economia uma solução para a questão da alta dos combustíveis. Guedes vem sendo apontado pela ala política do governo, preocupada com a reeleição, como o principal responsável hoje por não ter se conseguido implementar uma medida que evitasse a alta.

Preocupado com o teto de gastos, Guedes é contra a implementação de um fundo que subsidie o preço dos combustíveis.

"O Paulo Guedes, espero que nos próximos dias, resolva a questão dos combustíveis no tocante a impostos pelo Brasil. Ele já se mostrou favorável a isso, tem trabalhado para isso e espero que nos próximos dias, nessa semana mesmo, tenhamos uma boa notícia sobre preço dos combustíveis no Brasil", disse Bolsonaro.

Novos ministérios

Durante a entrevista, Bolsonaro voltou a prometer a criação de novos ministérios no caso de ser reeleito em outubro. Segundo ele, está sendo analisada a criação novamente do Ministério da Segurança Pública, em uma divisão do Ministério da Justiça, e o Ministério da Indústria e Comércio.

Esse segundo, que foi incorporado à Economia a pedido de Guedes, é uma cobrança do centrão, que quer voltar a ocupar a pasta.

Bolsonaro disse ainda que analisa a recriação do Ministério da Pesca, que existia durante o mandato de Dilma Rousseff (PT).

O presidente argumentou que, dada a extensão territorial do Brasil, a criação de mais ministérios ajudaria a melhor administrar o país.

Ele afirmou, ao mesmo tempo que, por se tratar de um ano eleitoral e pelo fato da recriação das pastas exigir a criação de cargos, não seria possível fazer isto ainda neste mandato, apenas em caso de reeleição.

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