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Os envolvidos no 'Uber Files'
Os milhares de arquivos da Uber vazados à imprensa mostram como a gigante do transporte por apps contou com lobby político de gente graúda na batalha contra os táxis durante o início de suas operações.
Os mais de 124 mil registros –a maioria de emails da cúpula da companhia– foram vazados por um lobista irlandês para o jornal Guardian e compartilhados com diversos veículos.
A Uber diz que seu "comportamento passado não estava alinhado com os valores atuais" e que é uma "empresa diferente" hoje.
O que os documentos revelam:
Mãozinha de Macron: o atual presidente francês era ministro da Economia quando a Uber estreou na Europa, em Paris, em 2014. Na época, a cidade foi palco de violentos protestos de taxistas.
- Além de Macron e o polêmico ex-CEO da Uber, Travis Kalanick, se chamarem pelo primeiro nome, os emails mostram que o francês se ofereceu para ajudar a empresa em 2015, quando os protestos escalaram.
- Macron assinou naquele ano um decreto que relaxa os requisitos para o licenciamento de motoristas da Uber.
Proximidade com ex-comissária da UE: Neelie Kroes era responsável por regular as big techs que atuavam no bloco, mas estava em negociações para um cargo na companhia antes mesmo de terminar o mandato.
- Um email interno da Uber aconselhou a equipe a não discutir externamente o relacionamento informal com a comissária.
O que dizem os citados:
- Por meio de um porta-voz, Macron afirmou que suas funções o levaram a conhecer e interagir com muitas empresas envolvidas na transformação do setor de serviços, que precisava ser facilitada pelo desbloqueio de obstáculos administrativos e regulatórios.
- Kroes, ex-comissária da UE, nega ter tido qualquer "função formal ou informal no Uber" antes de maio de 2016, quando a quarentena de seu antigo emprego expirou.
Mercado Livre avança na oferta de crédito
O Mercado Livre anunciou nesta segunda-feira (11) que levantou junto ao Goldman Sachs US$ 233 milhões (R$ 1,24 bilhão) para ofertar crédito para pessoas físicas e pequenas empresas no Brasil e no México.
Em números: do total, US$ 106 milhões (R$ 566,8 milhões) serão usados no Brasil. O Goldman já colocou US$ 485 milhões (R$ 2,6 bilhões) entre 2021 e 2022 no braço de crédito do Mercado Livre.
Mercado Pago: além de crédito, a fintech oferece serviços de carteira digital, conta bancária etc.
- O negócio é a prioridade da companhia no Brasil neste ano, pelo menos a nível de investimentos. Dos R$ 17 bilhões prometidos pela empresa, "parte significativa" do montante irá para o Mercado Pago.
Carteira: a ideia do Mercado Livre é oferecer crédito a empresas com pouco acesso a esse serviço no sistema financeiro.
- A companhia já contabilizou 175 milhões de empréstimos ao consumidor e em capital de giro para pequenas e médias empresas, num valor total de mais de US$ 7,55 bilhões (R$ 40,3 bilhões)
Inadimplência recorde
O país atingiu em maio o maior número de pessoas endividadas desde pelo menos 2016. É o que apontam dados contabilizados pelo Serasa e divulgados nesta segunda (11).
Em números: foram 66,6 milhões de pessoas com contas atrasadas em maio, o maior número da série histórica do Serasa, iniciada em 2016. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve um acréscimo de 4 milhões de nomes negativados.
O que explica: o cenário de aumento na inadimplência é esperado pelos especialistas diante do efeito da alta de juros na economia e da inflação persistente, que deixam o crédito mais caro e reduzem o poder de compra dos brasileiros.
- Apesar da melhora no número de postos criados no mercado de trabalho, a renda média dos brasileiros ainda dá sinais de fragilidade e também dificulta o pagamento das dívidas.
No que o brasileiro deve mais:
- O maior volume está no segmento de bancos e cartões, com 28,2% do total, segundo o indicador do Serasa.
- Em seguida estão as contas básicas como água, luz e gás, com 22,7%.
- Em terceiro lugar, ficam os setores de varejo e financeiras, com 12,5% cada um.
Twitter perde R$ 17 bi após Musk largar negócio
O Twitter perdeu quase US$ 3,2 bilhões (R$ 17 bilhões) em valor de mercado no primeiro dia de negociação das ações desde que Elon Musk oficializou sua desistência do acordo.
Em números: as ações da rede encerraram esta segunda (11) em queda de 11,47%, a US$ 32,65 (R$ 175), o menor valor em dois meses e bem longe dos US$ 54 (R$ 289) que Musk havia oferecido pela plataforma.
Batalha judicial: a pressão pela venda das ações foi influenciada pela expectativa dos acionistas de que a disputa entre Musk e Twitter nos tribunais deverá ser custosa e demorada.
- Em carta enviada aos advogados do bilionário, o Twitter chamou a tentativa dele de desistir do acordo de "inválida e injusta" e cita três cláusulas que o impedem de recusar a compra.
- O dono da Tesla diz que o Twitter forneceu informações "falsas e enganosas" nas negociações e que o percentual de spams na rede social é bem maior que os 5% relatados pela plataforma.
Dia negativo nos mercados: o temor de recessão derrubou mais uma vez as Bolsas globais e deu força ao dólar.
- No Brasil, o desempenho do real foi o pior entre as principais moedas, e a divisa americana subiu 1,97%, cotada a R$ 5,37.
- O Ibovespa caiu 2,07%, a 98.212 pontos. Queda foi puxada pela expectativa de novas medidas de controle à Covid na China, que impactam a demanda por exportações brasileiras, em especial o minério de ferro.
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