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Bolsa cai 2% com tombo da Petrobras e temor de juros nos EUA

Ibovespa fecha primeira semana negativa após quatro altas semanais

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São Paulo

Investidores chegaram ao final desta semana reconsiderando suas expectativas de que a inflação mundial e, principalmente, nos Estados Unidos, teria atingido o seu pico. Essa sensação enfraqueceu a esperança de parte do mercado de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderia em breve diminuir a velocidade de elevação da sua taxa de juros.

A expectativa de juros mais altos atraiu investimentos para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos e, consequentemente, valorizou a moeda do país, ao mesmo tempo em que prejudicou o desempenho dos mercados de ações nesta sexta-feira (19).

Na Bolsa de Valores do Brasil, a pressão negativa do exterior ganhou ainda mais força com a baixa de 5,06% das ações preferenciais da Petrobras, que exerceram a maior influência para a queda de 2,04% do Ibovespa.

O índice de referência da Bolsa caiu aos 111.496 pontos, com uma desvalorização de 1,12% na semana, a primeira em queda após quatro altas semanais.

O tombo da Petrobras ocorreu no dia em que o governo federal passou por cima das regras de governança da estatal e elegeu para o conselho de administração da empresa dois nomes rejeitados pelo comitê interno e pelo próprio colegiado por existência de conflito de interesses.

A FUP (Federação Única dos Petroleiros) disse que vai à Justiça contra o que classificou como "descaso com a governança".

Logotipo da Petrobras, na fachada da sede da companhia no Rio de Janeiro
Logotipo da Petrobras, na fachada da sede da companhia no Rio de Janeiro - Vanderlei Almeida - 5.ago. 2021/AFP

"Quando a gente olha o preço da ação da Petrobras hoje não há dúvida de que o desconto dela perante os pares [empresas do mesmo ramo] russos, chineses e ocidentais dialoga muito com a estrutura societária dela e são pontos como esse que corroboram a precisão do mercado ao atribuir esses descontos", disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

"A gente vê esse imbróglio como negativo e ter dois nomes que não passaram pelo conselho e ter um presidente [Caio Paes de Andrade] que não é visto pelo mercado como independente, de fato, não dialoga com as melhores práticas de governança", completou Arbetman.

Os nomes rejeitados pelo conselho são Jônathas Assunção e Ricardo Soriano. O primeiro é o número dois do ministério da Casa Civil e o segundo, chefe da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional).

Também com potencial de influenciar os preços da Petrobras, o preço de referência do petróleo bruto caiu 2,2% nesta semana. O barril do Brent chegava ao final desta sexta valendo US$ 95,95 (R$ 498,50).

O tombo no dia do Ibovespa também ocorreu após cinco altas consecutivas e durante um mês em que, até a véspera, ele registrava ganho acima de 10%.

Após períodos de elevações consistentes, sobretudo em momentos de crise financeira global, é considerado normal um movimento de vendas de ativos valorizados quando há sinais de risco de desvalorização. É o que o mercado costuma chamar de realização de lucros.

Ações dos setores de commodities e bancário, que estão entre os ativos mais procurados por estrangeiros na Bolsa brasileira, lideraram as baixas nesta sessão. Vale e Banco do Brasil perderam 1,12% e 1,84%.

No mercado de ações de Nova York, o índice parâmetro da Bolsa, o S&P 500, caiu 1,29%.

Dólar sobe 1,8% na semana com mercado atento ao Fed

No câmbio do Brasil, o dólar comercial à vista fechou o dia praticamente estável, com queda de 0,05%, cotado a R$ 5,1680. No acumulado da semana houve elevação de 1,85% contra o real.

A moeda brasileira, porém, diminuiu consideravelmente suas perdas ao longo do dia. Ela saiu do topo do ranking das mais desvalorizadas entre as divisas de países emergentes para fechar o dia entre as poucas que quase empataram com o dólar.

De modo geral, o dólar ganhou força em comparação às principais moedas.

Afirmações feitas na véspera por representantes do Fed sobre a necessidade de manutenção do aperto ao crédito para frear a escalada dos preços ecoaram nesta sexta e ampliavam o sentimento de aversão ao risco.

Na quinta-feira (18), James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, disse estar inclinado a uma nova alta de 0,75 ponto percentual nos juros de referência dos EUA em setembro.

Elevações de 0,75 ponto percentual foram aplicadas nas duas últimas reuniões do comitê monetário do banco central americano.

Reforçando uma postura firme no combate à inflação, Esther George, presidente do Fed de Kansas City, chamou de exagerada a expectativa que rondava os mercados de que haveria redução no aperto monetário após sinais de que a alta nos preços poderia ter atingido o seu pico.

As declarações trouxeram um tom agressivo que não havia sido percebido com clareza na ata da última reunião de política monetária do Fed, divulgada na quarta (17).

"Essa queda dos mercados mundiais hoje está muito relacionada a esse aperto monetário", afirmou Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. "Na próxima reunião deve vir mais 0,75 ponto."

A inflação acumulada em 12 meses até julho nos EUA é de 8,5%. Apesar de permanecer perto do seu maior nível em 40 anos, o índice de preços ao consumidor desacelerou no mês passado. Em junho, a alta era de 9,1%.

Dados do Departamento do Trabalho dos EUA divulgados na quinta mostraram que o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada.

A geração de vagas de emprego é um dos indicadores de que a economia segue aquecida e, portanto, de que os preços vão continuar subindo.

Na semana que vem, o presidente do Fed, Jerome Powell, vai discursar na conferência anual global de bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming (EUA). O simpósio é amplamente aguardado pelo mercado e costuma dar as diretrizes da política monetária global.

Stone afunda 22% na Nasdaq após registrar prejuízo de R$ 489 mi

As ações da empresa brasileira de pagamentos Stone afundaram no mercado americano nesta sexta, um dia após a divulgação do resultado do segundo trimestre da companhia ter apontado prejuízo líquido de R$ 489 milhões, após lucro de R$ 526 milhões um ano antes

O valor da ação tombou 22,25%, a US$ 9,05 (R$ 47), na Nasdaq, a Bolsa americana focada em empresas de tecnologia com grande potencial de crescimento.

A brasileira ficou na oitava posição entre as dez empresas com pior resultado no dia. A Nasdaq fechou a sessão em queda de 2%.

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