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Petrobras pagou os maiores dividendos no mundo no segundo trimestre, diz gestora

Puxada por petroleiras e bancos, remuneração a acionistas cresceu 11,3% em todo o mundo

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Rio de Janeiro

A Petrobras foi a empresa que pagou os maiores dividendos entre todas as companhias listadas em bolsa no mundo no segundo trimestre de 2022, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (24) pela gestora de recursos Janus Henderson.

Puxado pelo alto lucro das petroleiras, o valor dos dividendos globais atingiu recorde de US$ 544,8 bilhões no trimestre (R$ 2,8 trilhões), alta de 11,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, depois que as empresas reduziram os dividendos durante a pandemia de Covid-19.

Além da Petrobras, a petroleira colombiana Ecopetrol aparece na lista das dez maiores pagadoras. A gigante americana Exxon Mobil ficou na 15ª posição.

Logo da Petrobras em sua sede, no Rio de Janeiro - Sergio Moraes - 16.out.2019/Reuters

Segundo o levantamento, o setor de petróleo contribuiu com mais de dois quintos do crescimento do valor distribuído em dividendos no trimestre encerrado em junho. Com a escalada das cotações, a Petrobras teve lucro de R$ 54,3 bilhões no trimestre.

Foi o segundo melhor resultado de sua história —e de uma companhia aberta brasileira— coroando um semestre de ganhos bilionários: no primeiro trimestre, a estatal havia lucrado R$ 44,5 bilhões. Apenas em 2022, a Petrobras já anunciou a distribuição de R$ 136,3 bilhões.

Deste total, R$ 48,5 bilhões foram distribuídos no segundo trimestre. Os R$ 87,8 bilhões restantes começam a ser pagos no dia 31 de agosto.

A política de distribuição de dividendos da Petrobras ajuda o governo, que chegou a pedir antecipação de recursos das estatais para bancar benefícios, mas é alvo de críticas de sindicatos, oposição e especialistas no setor.

Em relatório logo após o anúncio do valor, o analista Daniel Cobucci, do BB Investimentos, alertou para riscos de que a política de prioridade à remuneração aos acionistas gere "implicações para o crescimento e atuação estratégica para o longo prazo".

Esse movimento, diz, ocorre em meio a um processo de venda de ativos e redução do endividamento, "elementos que permitiriam, em nossa opinião, um posicionamento da companhia em investimentos focados na diversificação das receitas em mercados promissores e voltados para a transição energética."

Representante dos minoritários no conselho da companhia, o advogado Francisco Petros também questionou a estratégia. "Consideradas as variáveis estratégicas, o pagamento de dividendos no nível atual caracteriza a empresa 'sem projeto'", afirmou à Folha na ocasião.

Em nota, a Petrobras diz que o valor de seus dividendos segue a legislação e sua política de remuneração aos acionistas e que não tem impacto sobre a decisão de investimentos.

Aprovada no governo Bolsonaro, a política prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a companhia pode distribuir 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e o valor destinado a investimentos.

Prevê ainda a possibilidade de dividendos extraordinários "compatíveis com a sustentabilidade financeira da companhia". "Isso foi possível este ano, porque a companhia tem uma situação de caixa confortável, com liquidez e endividamento equacionado".

Além das petroleiras, empresas dos setores financeiro e de consumo, principalmente fabricantes de carros, também se destacaram no pagamento de dividendos globais no segundo trimestre de 2022, diz o relatório da Janus Henderson. Os bancos contribuíram por dois quintos do crescimento do valor distribuído.

"O segundo trimestre ficou um pouco acima das nossas expectativas, mas o forte crescimento não deve se repetir pelo resto ano", diz, no relatório, Ben Lofthouse, chefe da divisão de Global Equity Income da gestora de recursos.

Na sua avaliação, a recuperação pós-pandemia já está quase completa, o que limitará os ganhos nos próximos trimestres, e o mundo enfrenta o risco de desaceleração da economia global.

A Janus Henderson espera que os dividendos pagos pelas empresas em 2022 somem US$ 1,56 trilhão (R$ 7,9 trilhões), alta de 5,8% em relação ao valor verificado em 2021.

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