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Agrofolha PIB

Agora é a agropecuária que inibe evolução do PIB

Soja, que lidera cultivo de grãos, teve perda de ao menos 20 milhões de toneladas devido ao clima

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Mauro Zafalon

Responsável pela coluna Vaivém das Commodities, é formado em jornalismo e em ciências sociais.

A agropecuária continua inibindo o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Forte propulsor da economia nos anos anteriores, o setor começou a ter sérios problemas com quedas de produtividade e de produção, devido a fatores climáticos.

No ano passado, milho e café tiveram intensas perdas por seca e geadas. Neste ano, foi a vez da quebra de produção de soja, o principal cultivo nacional, também devido a fatores climáticos, principalmente os registrados na região Sul do país.

Grãos de soja em estrada rural durante colheita, nas proximidades de Londrina (PR) - Sergio Ranalli 4.mar.2021/Folhapress

O PIB agropecuário do segundo trimestre deste ano teve uma retração de 2,5%, em relação a igual período de 2021. Nos últimos quatro trimestres, em comparação aos quatro imediatamente anteriores, a desaceleração acumulada atinge 5,5%.

Neste ano, dois dos importantes produtos que pesam na formação do PIB brasileiro da agropecuária tiveram retração na safra. A soja, que representa 45% do volume total de grãos que o país colhe, teve uma perda de pelo menos 20 milhões de toneladas.

A produção nacional ficou em 119 milhões de toneladas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), bem abaixo do potencial estimado inicialmente, que era de 140 a 144 milhões.

Nos cálculos do IBGE, a retração na colheita deste ano, em relação à de 2021, foi de 12%.
A safra de arroz, também afetada pela seca, caiu para 10,6 milhões de toneladas, 8,5% abaixo do volume de 2021. A safra do Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, e que tem lavouras irrigadas, perdeu produtividade devido à falta de chuva.

O PIB agropecuário deste ano teve a seu favor, neste segundo trimestre, o milho e o café. Após uma intensa queda na segunda safra do ano passado, a de inverno, o cereal foi semeado no tempo ideal e não teve a influência negativa do clima como em 2021.

Os dados mais recentes do IBGE indicam uma produção total de milho de 112 milhões de toneladas neste ano, 27% a mais do que em 2021. A produção da segunda safra será 38% superior.

A produção de café cresce 8,6%, impulsionada principalmente pela evolução de 9,6% no volume do produto tipo arábica. A colheita total de cafés arábica e conilon deverá atingir 3,2 milhões de toneladas, segundo o IBGE.

O PIB da agropecuária do segundo trimestre foi afetado também pela redução na produção de leite. Custos elevados e redução de investimentos pelos produtores provocaram uma oferta menor de produto no mercado.

A agropecuária acumula queda de 5,4% no primeiro semestre deste ano, em relação a igual período de 2021. Para este segundo semestre, no entanto, alguns fatores positivos vão reduzir essa taxa de queda.
Além das evoluções das safras de milho e de café, que avançam por esse período do ano, a safra de trigo é recorde, e o cereal deverá atingir, pela primeira vez, 10 milhões de toneladas. O IBGE estima um aumento de 24% no volume a ser produzido neste ano.

As áreas de plantio não tiveram grandes alterações, mas o comportamento das produtividades são essenciais para o desempenho no PIB. Neste ano, a soja perdeu 16% no volume produzido por hectare; e o arroz, 6%. Já o café teve alta de 7%; o milho, de 16%; e o trigo, de 14%.

A supersafra de 308 milhões de toneladas, esperada para 2023, poderá devolver novo ritmo ao PIB do setor. Isso se o clima não voltar a interferir na produção, como fez com o milho em 2021 e com a soja neste ano.

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