Alckmin nega comandar Economia em eventual governo Lula

Em evento em MG, ex-governador paulista disse que sua tarefa como vice é ser copiloto

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Belo Horizonte

O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa pelo Planalto, descartou nesta terça (13) assumir o Ministério da Economia em caso de vitória nas eleições em outubro.

Ao ser questionado em Belo Horizonte (MG) sobre comandar a pasta, ele respondeu que não, afirmando que sua tarefa é ser copiloto.

"Já fui vice do governador Mário Covas, em São Paulo, e vice é copiloto. A tarefa é ajudar, colaborar no conjunto do governo", declarou durante conversa com repórteres.

Geraldo Alckmin em caminhada com Fernando Haddad em Cotia, SP - Bruno Santos - 31.ago.2022/Folhapress

Nos últimos dias, integrantes do entorno da campanha de Lula cogitaram a possibilidade de Alckmin assumir o Ministério da Economia.

Segundo a agência Reuters, a escolha do ministro será feita por Lula apenas após as eleições —em caso de vitória da dupla, que lidera as pesquisas de opinião—, buscando refletir as alianças costuradas para a candidatura.

Peça-chave na campanha como um fiador da moderação política e fiscal que o ex-presidente petista quer sinalizar, Alckmin tem sido interlocutor de representantes de vários setores econômicos. Ex-opositor histórico de Lula —concorreu contra o petista pelo Planalto em 2006—, o ex-tucano é bem-visto por empresários e pelo mercado financeiro por ser identificado como uma voz mais ao centro do espectro político.

Pesa contra uma possível indicação a estatura política e o acúmulo de cargos do ex-governador. Se Alckmin for de fato alçado ao comando da Fazenda em caso de vitória nas urnas, o arranjo pode ser politicamente mais complicado de ser desfeito. Em caso de insatisfação, retirá-lo abriria crise numa pasta crucial e envolvendo um já poderoso vice, também lido como lastro da responsabilidade fiscal.

Não seria a primeira vez, contudo, que Lula teria um vice-presidente ocupando um posto na Esplanada dos Ministérios —ainda que numa pasta bem menos sensível que a Fazenda. O líder empresarial José Alencar, vice do petista em seus dois mandatos na Presidência entre 2003 e 2010, foi seu ministro da Defesa por pouco mais de um ano no primeiro mandato, tendo deixado o cargo para se candidatar nas eleições seguintes.

Antes de chegar a Belo Horizonte, Alckmin cumpriu agenda no interior do estado. Pela manhã, se encontrou com empresários do setor de turismo em Poços de Caldas, no sul de Minas.

À tarde, teve nova reunião com empresários, dessa vez setor de agropecuária, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

Os dois encontros no interior, assim como ocorreu em Belo Horizonte, tiveram a participação do candidato do PSD ao governo do estado, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil.

Na capital, os candidatos visitaram a Santa Casa de Misericórdia. Está prevista ainda reunião com representantes de movimentos sociais.

A viagem de Alckmin a Belo Horizonte incluiu ainda visita ao presidente da CNBB, dom Walmor de Oliveira. O candidato, no entanto, negou motivação eleitoral na reunião.

"Vamos conversar. Não tem objetivo eleitoral. Sou católico, meu pai foi seminarista, estudou quatro anos teologia, mas nunca misturamos política com eleição", disse.

"O importante são os valores cristãos, que devem nortear nossa vida. O importante é ouvir [o representante da CNBB], assim como fizemos com os evangélicos na semana passada em São Gonçalo, no Rio de Janeiro", acrescentou.

As pesquisas de intenção de voto mostram que católicos preferem Lula, enquanto evangélicos optam por Bolsonaro.

Na passagem por Belo Horizonte, Alckmin criticou o presidente e seu governo.

"O Brasil andou para trás. Na área democrática, candidato que tem saudade da ditadura e da tortura, na economia, 33 milhões de brasileiros passando fome", disse.

"A inflação de comida chega a 30%, em alguns produtos, mais de 50%. Educação, sem projeto, e, na saúde, negar vacina. Três coisas mudaram o mundo: água tratada, vacina e antibiótico", afirmou.

(Com Reuters)

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