O Ministério da Economia reduziu de 7,2% para 6,3% sua estimativa de inflação para este ano. Para 2023, a projeção se manteve em 4,5%.
Quanto ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a pasta elevou a previsão de alta de 2% para 2,7% em 2022 e manteve a expectativa de avanço de 2,5% no próximo ano, como antecipado pela Folha.
A revisão do desempenho do PIB é, segundo o chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, Rogério Boueri, reflexo da "pujança do mercado de trabalho, com a criação de novos empregos, do crescimento do setor de serviços, que manteve a tendência de crescimento verificada a partir do arrefecimento da pandemia, e do aumento de investimentos".
As projeções divulgadas nesta quinta-feira (15) estão no Boletim Macrofiscal, atualizado bimestralmente pela SPE (Secretaria de Política Econômica). Os dados anteriores haviam sido anunciados pela pasta em julho e são revisados periodicamente.
Após dois meses seguidos de deflação (queda de preços) puxada pela redução das alíquotas de ICMS sobre combustíveis e energia elétrica, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 8,73% em 12 meses.
Em agosto, o índice oficial de inflação do país recuou 0,36%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (9).
A nova estimativa do governo para a inflação para este ano é inferior ao dado divulgado em março, de 6,55%. A projeção mais baixa em 2022 incorpora o impacto de medidas legislativas aprovadas nos preços de combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações.
No fim de junho, o Congresso fixou um teto de 17% a 18% para a cobrança de ICMS sobre esses itens tidos como "essenciais", além de ter aprovado um corte de tributos federais sobre gasolina e etanol.
"A deflação dos últimos meses reflete principalmente a redução dos preços dos itens monitorados, como combustíveis, porém também observamos uma certa estabilização da inflação de serviços e de alimentação no domicílio", afirmou Boueri.
Segundo o chefe da Assessoria Especial de Estudos Econômicos, a revisão para baixo do IPCA "pode ou não" levar a uma redução do teto de gastos projetado para o ano que vem, no valor de R$ 1,8 trilhão, e a decisão dependerá do relator do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023, encaminhado ao Congresso Nacional em 31 de agosto.
Boueri disse que o cálculo não foi feito pela pasta econômica, mas sugeriu que, em uma "conta de padeiro", a redução do teto que limita o gasto público para o próximo ano ficaria abaixo de R$ 18 bilhões, com o corte da projeção de inflação em menos de 1%.
O secretário de Política Econômica, Pedro Calhman, ressaltou também que a estimativa do governo se encontra abaixo da expectativa dos economistas do setor privado. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (12), o consenso do mercado para a inflação caiu de 6,61% para 6,4% —a 11ª revisão para baixo consecutiva na pesquisa.
A previsão de 6,3% para o IPCA supera a meta a ser perseguida pelo BC neste ano. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2022 é de 3,5% —com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.
O BC já admite o estouro da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. Quando a projeção se confirmar, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma nova carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento do objetivo.
A partir de 2024, o governo espera convergência da inflação para a meta de 3%.
A estimativa do Ministério da Economia para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) passou de 7,41% para 6,54%. Esse índice é usado na correção do piso nacional do salário mínimo e de outros benefícios sociais.
Já a projeção da pasta para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) caiu de 11,51% para 9,44%. Esse índice tem uma abrangência maior para medir a alta dos preços, pois engloba também o setor atacadista e a construção civil.
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