Para indústria, é mais fácil vender panetone no Japão do que no Rio de Janeiro; entenda

Produto da Village também chega a Portugal e Venezuela este ano; firmas compram menos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A fabricante brasileira Village, dona da tradicional padaria Cepam, na zona leste da capital paulista, acredita que o aumento de 10% nas vendas de panetone no Natal deste ano deve ser puxado pelas exportações. Em especial para o mercado japonês.

"Atendemos tanto os japoneses quanto os próprios brasileiros que vivem lá", diz o diretor da Village, João Diogo.

A empresa já fazia marca própria para uma importadora japonesa, mas agora está chegando ao país asiático com o nome Village.

As exportações devem representar mais de um quinto (22%) das vendas do produto este ano. Em 2021, as vendas do panetone no exterior representaram 8%.

caixa de panetone vermelha e amarela
Panetone produzido pela Village para a marca Baker John, do Japão - Divulgação

Além do Japão, a companhia já fechou vendas para Portugal e Venezuela. Está negociando ainda com França, Inglaterra, Uruguai e Paraguai.

Segundo Diogo, é mais fácil vender no exterior do que em algumas regiões do Brasil. "O frete no mercado interno começa em 13% do custo da mercadoria, mesmo considerando a frota compartilhada", diz o executivo.

Em algumas regiões do país, como o Rio de Janeiro, o custo é ainda maior.

"No exterior, o frete é FOB", diz ele, referindo-se à modalidade "free on board" (do inglês "livre a bordo"), em que o vendedor está livre da responsabilidade com a entrega do produto.

"Já no Rio de Janeiro, por exemplo, o vendedor tem que pagar o frete e ainda um alto preço pelo seguro da mercadoria", diz Diogo. "É quase pagar para vender."

Bauducco tem fábrica de panetone brasileiro em Miami

A maior fabricante de panetones do país, a Pandurata, dona das marcas Bauducco, Visconti e Tommy, também se apresenta como "a maior fabricante de panetones do mundo".

Segundo a companhia, a Bauducco chega a mais de 50 países, entre eles Japão, Austrália, Espanha, Canadá e Angola. De acordo com a empresa, na América Latina, o panetone brasileiro já é um produto comum na Argentina, Peru, Paraguai, Chile, Colômbia, Bolívia e Uruguai.

Os produtos saem de quatro fábricas no país —duas em Guarulhos (SP), uma em Rio Largo (AL), uma em Extrema (MG)— e uma fábrica em Miami, nos Estados Unidos, inaugurada em 2018.

A argentina Arcor, dona de quatro fábricas no Brasil, também exporta o panetone local para todo o continente americano.

"Os Estados Unidos são um dos principais compradores do continente", diz o diretor de marketing da Arcor, Anderson Freire.

Cai a venda de panetone para firma

De acordo com João Diogo, da Village, a venda institucional de panetones —feita para empresas, que presenteiam consumidores e funcionários— está cada dia mais escassa.

"Está quase inexistente", diz o executivo. "As poucas empresas que compram negociam direto com os cesteiros", afirma, referindo-se às empresas que montam cestas de Natal.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.