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Petrolíferas fazem Bolsa subir apesar de altas de juros e dólar

Petrobras sustenta Ibovespa e, nos EUA, Netflix sobe na contramão de Wall Street

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São Paulo

Em um dia marcado por altos e baixos, a valorização de empresas exportadoras de petróleo ajudou o mercado de ações brasileiro a fechar com ligeiro ganho nesta quarta-feira (19).

Isso permitiu o descolamento do índice de referência da Bolsa de Valores brasileira dos indicadores do exterior, que caíram depois de também balançarem muito enquanto investidores confrontavam resultados empresariais do terceiro trimestre com dados econômicos que reforçaram temores de que a alta dos juros para conter a inflação conduzirá o mundo à recessão.

Logotipo da Petrobras na sede da empresa, no Rio de Janeiro
Logotipo da Petrobras na sede da empresa, no Rio de Janeiro - Vanderlei Almeida - 13.mar.2015/AFP

No Brasil, o índice Ibovespa subiu 0,46%, aos 116.274 pontos, apoiado principalmente nas ações das petrolíferas Petrobras, PetroRio e 3R Petroleum, que avançaram 3,71%, 3,72% e 5,96%.

Essas altas tinham respaldo na valorização do petróleo, que subia 2,54% no encerramento da tarde, com o barril do Brent cotado a US$ 92,32 (R$ 487,46).

Analistas ouvidos pela agência Bloomberg atribuíram a valorização da mercadoria a um discurso desta quarta do presidente americano Joe Biden, que foi considerado ameno quanto às novas medidas do país para conter os preços da energia.

Biden anunciou a liberação de barris da reserva estratégica do país, mas não aplicou medidas temidas pelo setor, como a contenção das exportações.

Luiz Souza, operador de renda variável na SVN Investimentos, destacou que existe uma tendência de elevação da matéria-prima após a Opep (cartel de países produtores) ter anunciado há alguns dias que reduziria a produção. "Essas altas de empresas como Petrobras e 3R Petroleum seguraram bastante o Ibovespa", comentou.

No mercado de câmbio doméstico, o dólar comercial à vista avançou 0,41%, a R$ 5,2750 na venda. A moeda americana também apresentou força contra as principais divisas globais.

Já no mercado americano de ações, o índice S&P 500, parâmetro da Bolsa de Nova York, cedeu 0,67%. Dow Jones e Nasdaq, que são os outros principais indicadores nova-iorquinos, recuaram 0,33% e 0,85%.

Dados divulgados nesta quarta sobre a alta da inflação na Europa e a fraqueza do setor imobiliário dos Estados Unidos reforçaram a perspectiva de recessão provocada pelo crédito mais caro.

Incertezas sobre a economia tendem a derrubar Bolsas e a valorizar o dólar porque levam mais investidores a aplicarem em ativos de renda fixa dos Estados Unidos.

Os títulos de referência do Tesouro americano alcançaram um rendimento médio de 4,12% nesta quarta e, com isso, renovaram o seu maior patamar em 14 anos. Os juros de referência negociados pelo mercado no Brasil para os próximos anos também subiram nesta sessão.

O pessimismo quanto à alta dos juros limitou o ânimo dos investidores americanos com os resultados apresentados na véspera por grandes bancos e pela Netflix, cujas ações dispararam 13% e registraram o melhor desempenho entre os papéis do S&P 500.

A gigante de streaming reverteu perdas de clientes e registrou 2,4 milhões de novos assinantes em todo o mundo no terceiro trimestre, mais que o dobro que o esperado por analistas.

Ainda sobre a economia americana, dados divulgados nesta quarta apontaram que construção de moradias nos Estados Unidos caiu mais do que o esperado em setembro.

Números dos financiamentos habitacionais, tipo de crédito muito popular entre americanos, reforçaram que os juros elevados já provocam perdas nesse segmento.

"Os pedidos de hipoteca estão agora em seu quarto mês de declínio, caindo para o nível mais baixo desde 1997, já que a taxa de hipoteca fixa de 30 anos atingiu 6,94%, o nível mais alto desde 2002", disse Joel Kan, vice-presidente e vice-economista-chefe da MBA (a associação dos banqueiros imobiliários), em nota no site da entidade.

"A velocidade e o nível para os quais as taxas subiram este ano reduziram bastante a atividade de refinanciamento e exacerbou os desafios de acessibilidade existentes no mercado de compras", comentou.

A política monetária agressiva do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) enfraqueceu significativamente o mercado imobiliário, com a maioria dos indicadores caindo para níveis vistos pela última vez durante a primeira onda da pandemia da Covid-19, em 2020.

Em contraste, outros setores da economia, como o mercado de trabalho, mostraram resiliência apesar das tentativas do banco central dos EUA de esfriar a demanda.

Desde março, o Fed elevou sua taxa de juros de quase zero para uma faixa de 3% a 3,25% ao ano, e a expectativa agora é de que ela termine o ano na faixa de 4%, com a inflação ainda a mostrar sinais de abrandamento.

Inflação no Reino Unido volta a ser a maior em 40 anos

Dados desta quarta-feira mostraram que a inflação anual no Reino Unido atingiu 10,1% em setembro e voltou a uma máxima de 40 anos, repetindo recorde atingido em julho. Isso coloca mais pressão sobre o Banco da Inglaterra para aumentar a taxa de juros.

Já a inflação ao consumidor de setembro na zona do euro foi revisada de 10% para 9,9%, mas ainda está na máxima recorde, resultado que também destaca as expectativas do mercado de mais incrementos no custo do crédito na Europa.

Com Reuters

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