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Elon Musk volta atrás e propõe de novo comprar Twitter por US$ 44 bi

Ações da empresa saltaram 12,7%, para US$ 47,93, antes de interrupção nas negociações

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Nova York, Wilmington, Bengaluru e Palo Alto | Reuters

O bilionário Elon Musk propôs mais uma vez sua oferta original de US$ 44 bilhões para comprar o Twitter, segundo um documento de valores mobiliários apresentado nesta terça-feira (4), sinalizando o fim de uma batalha legal que poderia ter forçado Musk a adquirir a rede.

Um acordo colocaria o homem mais rico do mundo no comando de uma das plataformas de rede social mais influentes da internet e encerraria meses de uma disputa judicial turbulenta que prejudicou a marca do Twitter e reforçou a reputação de comportamento excêntrico de Musk.

O CEO da Tesla assumirá uma empresa que ele originalmente se comprometeu a comprar em abril, mas tentou reverteu a decisão acusando o Twitter de mentir sobre o número contas falsas e spam na rede.

Foto de Elon Musk em smartphone em frente a logos do Twitter - Dado Ruvic - 28.abr.2022/Reuters

As ações do Twitter saltaram 12,7%, para US$ 47,93, antes de as negociações serem interrompidas pela segunda vez após informações sobre o acordo, enquanto as ações da Tesla subiram cerca de 2,4%.

A notícia vem antes de um confronto entre Musk e Twitter no Tribunal de Chancelaria de Delaware [um tipo de corte de arbitragem extrajudicial] em 17 de outubro, no qual a empresa buscava obrigar o bilionário a fechar o acordo por US$ 44 bilhões.

Musk enviou uma carta ao Twitter na segunda-feira (3) dizendo que pretendia prosseguir com o acordo nos termos originais se o juiz de Delaware suspendesse o processo. Uma fonte familiarizada com a equipe do Twitter disse à Reuters que, em uma audiência na manhã de terça-feira, o juiz pediu aos dois lados que relatassem o ocorrido.

Não foi possível determinar imediatamente por que Musk optou por abandonar a briga na Justiça. Ele estava prestes a depor.

O Twitter recebeu a carta de Musk e pretendia fechar o acordo pelo preço original de US$ 54,20, disse um porta-voz à Reuters.

Musk concordou em abril em comprar o Twitter por US$ 44 bilhões, e poucas semanas depois disse que o número de contas de "bots" era muito maior do que a estimativa do Twitter, de menos de 5% dos usuários. Os bots (robôs) são contas automatizadas e seu uso pode levar a superestimativas de quantas pessoas estão na plataforma, o que é importante para as taxas de publicidade e o valor geral do serviço.

Musk, um dos usuários mais proeminentes do Twitter, afirmou em julho que poderia desistir do acordo porque o Twitter o enganou sobre o número de usuários reais e a segurança de seus dados.

A equipe jurídica do Twitter disse em 27 de setembro que documentos obtidos de dois cientistas de dados empregados por Musk mostravam que estimavam o número de contas falsas na plataforma em 5,3% e 11%.

"Nenhuma dessas análises, até onde podemos dizer, apoiou remotamente o que Musk disse ao Twitter e disse ao mundo na carta de rescisão", disse o advogado do Twitter, Bradley Wilson, ao tribunal.

O acordo original era "um acordo muito favorável ao vendedor, do qual seria muito difícil sair", disse Adam Badawi, professor de direito da Universidade da Califórnia em Berkeley. Musk percebeu, disse ele, que "com toda a probabilidade isso resultaria em forçá-lo a fechar em US$ 54,20 por ação".

Se fosse a depoimento, Musk enfrentaria dias de questionamento sobre se ele entregou todas as evidências que deveria ao Twitter e quando tomou conhecimento dos dados de contagem de bots por seu lado, disse Eric Talley, professor da faculdade de direito de Columbia.

"Ele estava prestes a depor, e muitos fatos desconfortáveis seriam revelados."

Funcionários do Twitter, apanhados de surpresa no meio de reuniões na terça, expressaram descrença nos tuítes.

"Eu me baseio nas leituras estratégicas de toda a empresa para 2023 e acho que vamos ignorar coletivamente o que está acontecendo", escreveu Rumman Chowdhury, diretor de ética de aprendizado de máquina, transparência e responsabilidade do Twitter.

Outra reviravolta

Um acordo entre os dois lados reviveria os temores entre usuários do Twitter sobre os planos de Musk para a plataforma, que removeu importantes vozes politicamente conservadoras. Os apoiadores de Donald Trump esperam que Musk reative a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, que foi banido após o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio por seus apoiadores.

Um compromisso renovado com o acordo daria a Musk, um dos empresários mais proeminentes e francos do mundo, um megafone para suas opiniões. Ele usou o Twitter para provocar polêmica, inclusive na segunda-feira, quando lançou um plano de paz para a Guerra da Ucrânia que foi rapidamente condenado pelo presidente da Ucrânia, Volodimyr Zelensky.

Mensagens de texto que vieram à tona durante o litígio mostraram que Musk planejava combater o spam verificando as contas, queria afastar o Twitter da publicidade para as assinaturas e adotar serviços como transferências de dinheiro.

A Bloomberg foi a primeira a relatar que Musk estava disposto a pagar o preço original.

Um acordo pelo preço original também permitiria a Musk financiar a transação sem complicações. Se Musk e o Twitter tivessem renegociado o preço, tecnicamente permitiriam que apoiadores comprometidos se afastassem.

Musk já vendeu US$ 15,4 bilhões em ações da Tesla desde que concordou em comprar o Twitter. Ele disse que não pretende mais vender sua participação na Tesla, mas alguns analistas esperam que ele a venda mais adiante para financiar o acordo com o Twitter.

Como o Twitter já recebeu apoio dos acionistas para a venda a Musk, o negócio poderá ser fechado rapidamente nas próximas semanas se os dois lados chegarem a um acordo nos termos originais. Em junho, o Twitter disse que o período de espera para liberação antitruste havia expirado, indicando que o acordo podia avançar.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Anirban Sen , Tom Hals , Nivedita Balu e Katie Paul
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