Kanye West compra Parler, rede conservadora que atraiu seguidores de Trump e Bolsonaro

Plataforma foi reintegrada às lojas de aplicativos após um ano e meio de apagão

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Tiyashi Datta Nivedita Balu Helen Coster
Bengaluru (Índia) e Nova York | Reuters

O rapper norte-americano Kanye West, que agora atende por Ye, fechou um acordo inicial para comprar o Parler, plataforma de rede social popular entre os conservadores dos Estados Unidos, informou a empresa controladora do app, a Parlement Technologies, nesta segunda-feira (17).

O Parler, que levantou cerca de US$ 56 milhões até o momento, disse que espera que o acordo seja fechado durante o quarto trimestre de 2022. A empresa não deu um valor para a aquisição.

A plataforma, lançada em 2018, é uma das redes sociais, incluindo Gettr, Gab e Truth Social, que se posicionam como alternativas às políticas de restrição de conteúdo do Twitter. A rede diz que todos têm o "direito de expressar online seus pensamentos, opiniões e ideias", e seu criador, John Matze, afirmou que o local é uma alternativa à "falta de transparência em grandes tecnologias, supressão ideológica e abuso de privacidade".

O rapper Kanye West na festa do Oscar da Vanity Fair em 2020 - Jean-Baptiste Lacroix - 9.fev.2020/AFP

A proposta do Parler atraiu grupos conservadores dos Estados Unidos acusados de disseminar discursos de ódio e desinformação, que sofriam penalidades em redes como Facebook e Twitter.

O aplicativo chegou a ficar em primeiro lugar entre ferramentas gratuitas para iPhones na loja da Apple, num movimento que teve início após as plataformas começarem a marcar os posts do ex-presidente dos EUA Donald Trump com alertas de desinformação e incitação à violência, em 2020.

Após o sucesso na direita americana, o Parler também conquistou o universo bolsonarista no Brasil. O presidente Jair Bolsonaro e seus filhos criaram contas no aplicativo e migraram conteúdos para a plataforma, convocando seus seguidores a fazerem o mesmo.

A rede, no entanto, foi removida das lojas de aplicativos do Google e da Apple em janeiro de 2021, após o ataque ao Capitólio, nos EUA, sob acusação de disseminar discurso de ódio. Após a remoção das plataformas, o Parler sofreu um apagão, com nomes da direita do mundo todo, incluindo bolsonaristas, migrando para o Telegram, onde permanecem até hoje.

Neste ano, o Parler foi reintegrado às lojas de aplicativos do Google e da Apple e criou uma nova empresa controladora, a Parlement Technologies Inc, como parte de uma reformulação.

Em entrevista à Reuters nesta segunda-feira, o presidente-executivo da Parlement Technologies, George Farmer, disse que as negociações com Ye começaram recentemente, após a Semana de Moda de Paris.

Em Paris, no dia 3 de outubro, Ye, que também é estilista, vestiu uma camiseta com a frase: "White Lives Matter" ("Pessoas Brancas Importam", na tradução). Quatro dias depois, ele fez postagens no Instagram que vários grupos judaicos classificaram como antissemita. A Meta, que é dona do Instagram e do Facebook, bloqueou Ye de sua conta no Instagram devido às postagens.

Ye então mudou para o Twitter, postando em 8 de outubro pela primeira vez em dois anos. O Twitter logo bloqueou sua conta também.

"O fator motivador para ele foi a discussão sobre o bloqueio no Instagram", disse Farmer, que se recusou a comentar se o acordo inclui uma multa se qualquer uma das partes o rescindir.

Ye se juntou ao Parler nesta segunda-feira e tinha cerca de 91 seguidores no momento do anúncio. Ele agora tem 3.900.

"Em um mundo onde as opiniões conservadoras são consideradas controversas, temos que nos certificar de que temos o direito de nos expressar livremente", disse ele em comunicado.

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