Descrição de chapéu Financial Times Folha ESG

Republicanos dos EUA retiram US$ 1 bilhão da BlackRock por preocupações com investimentos em ESG

Tesoureiros estaduais punem gestora de ativos por seguir políticas supostamente hostis à indústria de combustíveis fósseis

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Patrick Temple-West
Nova York | Financial Times

A BlackRock perdeu mais de US$ 1 bilhão em negócios de gestão de ativos em estados republicanos dos Estados Unidos decepcionados com as políticas de investimento verde da empresa. As retiradas se tornaram um problema político, mas até agora não prejudicaram as receitas da companhia.

Em entrevista ao Financial Times, o tesoureiro do estado da Carolina do Sul, Curtis Loftis, disse que retiraria US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) da BlackRock até o final do ano. O tesoureiro da Louisiana, John Schroder, disse na semana passada que está retirando US$ 794 milhões (R$ 4,14 bilhões) da gestora. O tesoureiro de Utah, Marlo Oaks, disse que liquidou US$ 100 milhões (R$ 500 milhões) em fundos da BlackRock, e o Arkansas retirou US$ 125 milhões (R$ 652 milhões) este ano.

À medida que o fenômeno global de investimento sustentável aumentou –cresceu US$ 1 trilhão desde 2020–, a BlackRock entrou em ação. A empresa administra cinco dos 20 principais fundos sustentáveis dos EUA por ativos, o que é mais do que qualquer outro gestor de investimentos, segundo a Morningstar.

Logo da BlackRock é exibido em tela na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York) - Brendan McDermid - 30.mar.2017/Reuters

Além de suas ofertas de fundos, o executivo-chefe Larry Fink pressionou as empresas a reduzir suas emissões de carbono e ameaçou eliminar os retardatários de fundos gerenciados ativamente –políticas que fizeram da BlackRock um alvo nos estados republicanos.

Loftis disse que rejeitou anteriormente a BlackRock como gestor de um fundo de US$ 41 bilhões (R$ 213 bilhões) que seu escritório supervisionava devido a preocupações com suas políticas ambientais, sociais e de governança (ESG). Em vez disso, ele disse que escolheu a Federated Hermes para administrar o fundo.

A Federated Hermes, com sede em Pittsburgh, também oferece fundos ESG e promove amplamente sua liderança nesse espaço, em especial desde a aquisição da Hermes, sediada em Londres, em 2018. Mas a Federated tem sido uma das principais doadoras da Fundação de Autoridades Financeiras Estaduais (SFOF na sigla em inglês), organização de tesoureiros republicanos, que inclui Loftis.

Após pressão de fundos de pensão estrangeiros, a Federated Hermes retirou seu patrocínio da SFOF, como já havia informado o FT. Agora, a SFOF não lista nenhum patrocinador corporativo em seu site.

No início deste ano, a Invesco e a Fidelity também foram listadas como patrocinadoras da SFOF.

Loftis disse que Fink é "um cara muito inteligente" e que o admira. Mas acusou de hipocrisia as pessoas que promovem o investimento sustentável.

"Grande parte disso não ajuda as pessoas que deveria ajudar", disse Loftis. "É por isso que eu realmente recuei."

"Pessoas pobres, minorias históricas, estão tendo dinheiro e serviços desviados delas para essas ideias globalistas e de esquerda", disse ele.

A BlackRock se recusou a comentar, mas indicou uma carta que a empresa enviou em agosto aos secretários de Justiça estaduais para defender suas políticas ESG.

A corrida dos republicanos para cortar os laços com a BlackRock não afetou seus negócios subjacentes, disse Greggory Warren, analista da Morningstar. Os fundos da BlackRock que os republicanos descartaram eram geralmente produtos semelhantes a dinheiro com pequenas taxas, disse ele. A reação dos republicanos ao ESG foi um "posicionamento político" antes das eleições de novembro, acrescentou.

Os tesoureiros estaduais dos EUA normalmente supervisionam a gestão de caixa, as transações de títulos e certos aspectos dos fundos de aposentadoria de um estado. Embora a BlackRock tenha se tornado o saco de pancadas favorito dos tesoureiros republicanos, outras empresas financeiras também foram atingidas.

Na Virgínia Ocidental, o escritório do tesoureiro vai retirar os serviços bancários do JPMorgan Chase até o final de novembro, segundo um porta-voz. No início deste ano, o estado baniu o JPMorgan, a BlackRock e outros três bancos por supostamente prejudicarem empresas de energia, disse o tesoureiro estadual.

Em Utah, Oaks disse que sua obrigação fiduciária o levou a abandonar a BlackRock. A empresa seguiu uma "missão dupla" ao se reunir com empresas sobre preocupações com as mudanças climáticas, disse ele. "Precisamos garantir que o dinheiro não esteja sendo usado para conduzir outra agenda, diferente de nossa obrigação fiduciária", acrescentou.

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