Vale estuda parcerias para metais básicos e dá boas-vindas à sócia Cosan

A expectativa é ter uma demanda crescente por níquel e cobre para a produção de baterias

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Marta Nogueira Paula Arend Laier
Rio de Janeiro e São Paulo | Reuters

A mineradora Vale considera que a atração de parcerias para sua unidade de metais básicos poderá valorizar os ativos da empresa, diante das perspectivas de crescente demanda por produtos como o níquel e o cobre para a produção de baterias, afirmou nesta sexta-feira (28) o presidente da companhia, Eduardo Bartolomeo.

A possibilidade de segregar o ativo já foi publicada anteriormente pela companhia, mas Bartolomeo ponderou que essa questão ainda não passou pela aprovação do conselho de administração.

"A gente antevê sim uma parceria entrando, isso é natural... Temos engajado com o mercado para fazer isso", disse Bartolomeo, em teleconferência com analistas para comentar os resultados do terceiro trimestre.

portão amarelo com a inscrição Vale em branco
Logotipo da mineradora Vale. - Adriano Machado/Reuters

O executivo destacou, no entanto, que a empresa não planeja vender a unidade de metais básicos.

"É o melhor ativo do mundo, a Vale vai manter. Agora, o que a gente quer é uma possível parceria para olhar o futuro."

Bartolomeo reiterou ainda que um eventual IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial de ações) da unidade de metais básicos também é uma possibilidade, "mas a gente precisa primeiro consertar o ativo", sem dar detalhes.

Na atração da parceria, Bartolomeo ressaltou que um possível parceiro precisa perceber o mesmo valor que a Vale percebe no ativo.

Novos projetos em curso

Diante das boas perspectivas para a divisão de metais básicos, a Vale aprovou investimento de US$ 555 milhões para a construção do segundo forno de Onça Puma, para adição de capacidade de 12 mil a 15 mil toneladas de níquel por ano. A expectativa é que o projeto entre em operação em 2025.

Bartolomeo também destacou o início da primeira fase do Projeto Copper Cliff Complex South Mine de 945 milhões de dólares canadenses em Sudbury, Canadá.

A previsão é que a Fase 1 quase dobre a produção de minério na mina de Copper Cliff, adicionando cerca de 10 mil toneladas por ano de níquel contido e 13 mil toneladas por ano de cobre.

"São marcos importantíssimos conforme posicionamos os metais básicos como fornecedor chave essencial para a transição energética", disse o presidente.

Entrada da Cosan

Bartolomeo também comentou durante a teleconferência que a decisão recente da Cosan de adquirir participação de ações da Vale foi "extremamente positiva".

"A gente vê esse movimento da Cosan como uma validação do nosso investimento, do nosso trabalho. Quando você vê a Cosan, com o histórico deles em criar crescimento. Pessoas e empresas com essa mentalidade, e que escolhem a nossa empresa, nos deixa muito orgulhosos e otimistas", afirmou.

O conglomerado Cosan anunciou no início do mês que adquiriu participação de aproximadamente 4,9% do total de ações ordinárias de mineradora Vale.

Segundo ele, a Cosan poderá ajudar a Vale a ver e antever oportunidades e a destravar valor.

O executivo disse ainda que as interações com a Cosan "têm sido ótimas" e que eles reconhecem que a Vale está materialmente com os riscos mitigados, em conformidade com as questões de meio ambiente social e de governança.

Para BTG, Vale teve "um trimestre para esquecer"

As ações da Vale chegaram a recuar mais de 4% nesta sexta-feira, após a mineradora reportar queda de 18,7% no lucro líquido do terceiro trimestre na base ano a ano, com impacto do recuo dos preços do minério de ferro, seu principal produto.

Às 10:33, os papéis da companhia caíam 3,16%, a R$ 68,67, entre os piores desempenho do Ibovespa, que cedia 0,17%.

No período de julho a setembro, lucro líquido da Vale somou US$ 4,455 bilhões (R$ 23,8 bilhões). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado das operações continuadas somou US$ 3,67 bilhões (R$ 19,6 bilhões), queda de 47% na comparação anual.

Para os analistas Andre Vidal e Helena Kelm, da XP Investimentos, a Vale reportou resultados piores do que o esperado, em razão de preços menores do minério de ferro, mas também de níquel, aliados a maiores custos.

Eles também chamaram a atenção para o fato de a empresa ter revisado o conceito de dívida líquida expandida, mas mantendo a meta inalterada na faixa de US$ 10 bilhões (R$ 53,5 bilhões) a US$ 20 bilhões (R$ 107 bilhões) –desse modo, efetivamente aumentando a meta.

A revisão, segundo a Vale, foi para melhor alinhamento às práticas de mercado e excluiu os compromissos operacionais e regulatórios.

"Um trimestre para esquecer", afirmaram os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual.

Também de pano de fundo para o movimento das ações, os futuros de minério de ferro caíram nesta sexta-feira, com o contrato negociado abaixo de US$ 80 por tonelada em Cingapura.

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