Produção de veículos cresce 11,7% entre o primeiro e o segundo trimestres

Houve estabilidade no fornecimento de peças, mas normalização só deve ocorrer no fim de 2023

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São Paulo

A produção de veículos leves e pesados em setembro registrou alta de 19,3% na comparação com o mesmo período de 2021. O resultado confirma que o terceiro trimestre manteve estabilidade no fornecimento de componentes, embora ainda ocorram problemas.

Foram fabricadas 207,8 mil unidades no último mês, segundo a Anfavea (associação das montadoras). Na comparação com agosto, houve queda de 12,7%. O terceiro trimestre terminou com 665 mil unidades produzidas, um crescimento de 11,7% em relação aos três meses anteriores.

"O problema de semicondutores existe, irá atravessar para 2023, mas a expectativa é que comece a haver um cenário melhor a partir do segundo semestre do próximo ano", diz Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea.

Carros da GM em pátio da fábrica em São José dos Campos - Roosevelt Cassio - 19.mar.2020/Reuters

Setembro terminou com 194 mil unidades emplacadas, o que representa crescimento de 25,1% em relação ao mesmo período de 2021. Na comparação com agosto, contudo, há queda de 7% nos licenciamentos.

Os números foram divulgados pela Fenabrave (associação dos revendedores) e incluem carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.

O presidente da Anfavea atribuiu a queda nas vendas em relação a agosto ao menor número de dias úteis. "Setembro, além de ir até o dia 30, teve o feriado do dia 7. Na comparação mês contra mês, acaba impactando."

A associação das montadoras acredita que será possível crescer 1% em vendas na comparação com 2021, mantendo a previsão feita em julho. Para que isso ocorra, 637 mil veículos leves e pesados terão de ser vendidos no último trimestre deste ano.

As locadoras são fundamentais para que esse objetivo seja alcançado. As empresas do setor foram responsáveis pela compra de 50 mil unidades em setembro, segundo cálculo da Anfavea.

No varejo, a preocupação da entidade está na alta dos juros de financiamento. O presidente da associação diz que, até o momento, o encarecimento do crédito não tem sido um impeditivo.

Mas o desafio, segundo Leite, é entender em qual momento as vendas serão mais impactadas pela alta das taxas. O resultado do problema já pode ser visto no aumento das vendas à vista.

"Há uma demanda muito forte, reprimida também pelas limitações da produção. O nosso desafio é entender qual é o teto disso", diz o executivo. "Há cada vez mais um descolamento entre vendas a vista e vendas a prazo no setor, o que não é normal."

O número de carros disponíveis a pronta entrega é outro sinal de mudança no mercado em relação a 2021. Há 176,3 mil veículos em estoque, volume suficiente para atender a 27 dias de vendas.

Esse número tem registrado leve alta nos últimos meses, mas a Anfavea considera que há estabilidade.

"É natural essa subida de estoque, não é significativa. Está relacionada a produtos com menos opcionais, menor conectividade, [câmbio] manual", diz Leite.

O executivo menciona também a formação de estoque para atender às vendas no fim do ano —historicamente, dezembro é o mês com maior volume de emplacamentos.

Outro dado que chamou a atenção nos resultados de setembro foi a queda de 10,6% no volume de exportações em comparação a agosto.

Os motivos apontados pela Anfavea são as barreiras aos importados na Argentina e o estouro da cota de 50 mil veículos estipulada no acordo com a Colômbia.

Ao ultrapassar esse número, os carros enviados ao mercado colombiano perdem os benefícios tributários. Há negociações que buscam ampliar essa cota.

Medida provisória vai facilitar produção de semicondutores, diz Anfavea

Márcio Lima Leite disse que a recente viagem de representantes do governo e da indústria ao Japão buscou viabilizar a produção de semicondutores no Brasil.

Uma das possibilidades é a produção desses componentes em Minas Gerais, na fábrica construída pela Unitec no município de Ribeirão das Neves. A unidade segue inoperante.

Leite afirmou que o governo vai publicar uma medida provisória com simplificação no sistema de importação e exportação de alguns insumos. Essa MP teria ainda o objetivo de facilitar os investimentos em tecnologia.

O executivo, contudo, procurou afastar a Anfavea de questões ligadas às eleições. "O nosso setor vive um descolamento da questão política. O que nos impacta é o acesso ao crédito, a taxa de juros."

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