Bloqueios golpistas perdem força, alta de juros nos EUA e o que importa no mercado

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3º dia de atos golpistas

O movimento de protestos bolsonaristas nas estradas esfriou durante o feriado e, até o fim da noite desta quarta (2), eles aconteciam em 11 estados. Na terça, chegou a alcançar 20 estados.

Atualizado às 23h de quarta: São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pernambuco e Bahia desinterditaram todas as rodovias.

  • Reduto bolsonarista, Santa Catarina é o estado com o maior número de bloqueios, com um total de 37. O Mato Grosso vem na sequência, com 28 registros até o momento.
  • Veja aqui a situação de cada estado.

Por que dura tanto? Segundo especialistas ouvidos pela Folha, pode ser fruto de descoordenação das autoridades da segurança pública, de interesses políticos no legado eleitoral do presidente derrotado ou de uma espécie de excesso de zelo —potencialmente seletivo— de forças policiais.



Os efeitos econômicos dos bloqueios golpistas nas rodovias:

  • Leite no lixo: a partir desta quinta (3), ao menos 500 mil litros de leite devem estragar por dia caso os protestos não terminem, segundo cálculos da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).
  • Falta de gasolina: até a noite desta quarta, cerca de 70% dos postos catarinenses estavam sem combustíveis, segundo o sindicato local dos revendedores. Na região de Campinas, o sindicato local estimava que cerca de 80% dos postos estavam sem produtos.
  • Atraso nas entregas: o Mercado Livre, que toca a maior operação de ecommerce do país, precisou aumentar o prazo de parte das entregas. O Magazine Luiza, outro gigante do setor, afirmou que não é afetado porque usa suas lojas como mini centros de distribuição.
  • Flores murchas e milho caro: no dia de Finados, havia flores porque as compras foram feitas com antecedência, mas a demora na entrega fez algumas pétalas murcharem. Na Ceagesp, a saca do milho teve alta de R$ 35 para R$ 42 em dois dias.

O cálculo do PT para reajustar o mínimo

O PT acredita que conseguirá aprovar o Orçamento de 2023 em menos de dois meses e começar o próximo ano com a manutenção do valor de R$ 600 do Auxílio Brasil e também com o aumento real (acima da inflação) do salário mínimo, duas promessas de Lula (PT) na campanha.

Em números: o aumento do Auxílio em R$ 200 –o texto enviado ao Congresso prevê R$ 405 – custaria aos cofres públicos cerca de R$ 50 bilhões.

  • O reajuste do salário mínimo acima da inflação, com base no crescimento do PIB, elevaria a fatura em mais R$ 6 bilhões. O mínimo é usado para reajustar aposentadorias do INSS e outros benefícios.

Fazendo contas: o ex-governador e senador eleito Wellington Dias (PT-PI), escalado para negociar o Orçamento com o Congresso, afirmou à Folha, em outubro, que a nova regra de correção deve considerar o crescimento médio do PIB dos cinco anos anteriores.

  • Por esse método, ele afirmou em entrevista à GloboNews que o reajuste real do salário deve ficar em torno de 1,3% ou 1,4% (o que deve elevar o mínimo para ao menos R$ 1.307 em 2023).
  • O projeto de Orçamento de Bolsonaro prevê um reajuste para R$ 1.302 em 2023, valor que deve ser reduzido por causa da recente queda na inflação.

A barreira: essas novas despesas não cabem no teto de gastos, então a ideia do PT e do relator do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), é aprovar uma PEC junto com o Orçamento.


Mais juros e sangria nos mercados

O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) subiu nesta quarta os juros de referência do país em 0,75 ponto percentual, para um patamar entre 3,75% e 4% ao ano.

O tamanho da alta era esperado pelo mercado, mas a entrevista do presidente da autoridade, Jerome Powell, após o anúncio da decisão jogou os índices americanos no chão.

Em números: o S&P500, principal índice, fechou em queda de 2,9%, enquanto o Dow Jones caiu 1,8%. O Nasdaq, recheado de empresas de tecnologia, que precisam de crédito para crescer, tombou 4,2%.

  • Por causa do feriado de Finados, a Bolsa brasileira não operou nesta quarta. Nos EUA, o índice EWZ, principal ETF das ações brasileiras, recuou 3%.

O que explica: o comunicado do Fed trouxe o sinal de que o ritmo de alta deve diminuir, mas os índices passaram a cair forte após a entrevista de Powell.

  • Ele reforçou o compromisso em trazer a inflação anualizada de volta à meta de 2% (em setembro, chegou a 8,2%) e que é prematuro pensar em pausar os aumentos das taxas.
  • "Vamos manter o curso até que o trabalho esteja feito", afirmou Powell, que destacou a força do mercado de trabalho americano como um empecilho para diminuir a inflação.
  • Entenda aqui por que o desemprego menor ajuda a pressionar os preços.

Por que importa: nos mercados, a alta de juros deixa a renda fixa americana mais atrativa. Os investidores, então, costumam fugir de ativos mais arriscados, como a Bolsa, e direcionar recursos para os títulos do governo americano.


A estratégia do Disney+ para manter assinantes

A Disney anunciou que iniciará um "teste limitado" para vender produtos temáticos na página de determinadas séries e filmes do streaming Disney+.

Entenda: os assinantes da plataforma terão acesso exclusivo até 8 de novembro a uma série de novos produtos vinculados a franquias como "Star Wars", "Pantera Negra" e "Frozen".

  • Os artigos incluem de sabres de luz colecionáveis (US$ 250 a US$ 400) e roupas temáticas (US$ 27 a US$ 100) que estarão à venda em lojas de varejo na próxima semana.
  • O período de testes estará disponível apenas para assinantes nos EUA maiores de 18 anos.

O que explica: a estratégia da Disney é para tentar atrair e manter assinantes em sua plataforma de streaming diante de uma desaceleração global, momento em que consumidores costumam priorizar gastos e cortar despesas consideradas supérfluas.

Rival: quem também tenta atingir esse objetivo é a Netflix, cujo plano mais barato e com propagandas está previsto para ser disponibilizado nesta quinta (3).

  • No Brasil, ele custará R$ 18,90 por mês, sete reais a menos que o pacote mais barato oferecido hoje e serão, em média, entre 4 a 5 minutos de anúncios por hora.

Em agosto, a Disney+, a grande concorrente da Netflix em número de assinantes, também anunciou que terá uma versão com propagandas, que começará em dezembro.

  • No caso dela, porém, o novo plano terá nos EUA o preço atual, de US$ 7,99, enquanto a versão sem propagandas custará US$ 3 a mais.
  • A empresa não detalhou na época os valores que serão cobrados no Brasil.

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