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Brasil amplia presença em megaconferência de tecnologia Web Summit

CEO do evento afirma que há 'invasão brasileira' na edição deste ano

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Lisboa

A forte presença brasileira tem chamado a atenção na Web Summit, maior conferência de tecnologia da Europa, que reúne mais de 70 mil pessoas em Lisboa nesta semana. São cerca de 300 empresários e pelo menos 60 startups em exibição, além de muitos participantes na plateia.

Fundador e CEO do evento, o irlandês Patrick "Paddy" Cosgrave destacou o fenômeno já no início de seu discurso de abertura, na primeira noite do encontro.

"Algumas vezes, nas edições anteriores, as pessoas ficavam surpresas com a quantidade de brasileiros na Web Summit. Agora já há quem diga: nossa, é uma invasão brasileira!", disse à Folha.

O vice-presidente da Microsoft, Brad Smith, faz discurso na Web Summit - Patricia de Melo Moreira - 3.nov.2022/AFP

A popularidade fez a conferência atravessar o Atlântico e ganhar uma edição especial no Brasil, que acontece pela primeira vez em maio de 2023.

"O Brasil é um dos mercados de startups com crescimento mais acelerado no mundo. Isso é muito claro e tem sido muito constante. O que está motivando tudo isso? Eu não sei. O importante é que esteja acontecendo."

A filial brasileira da conferência acontecerá no Rio de Janeiro. A cidade desbancou São Paulo, Porto Alegre e Brasília, que também haviam se candidatado pare receber o encontro. A experiência carioca com a realização de grandes eventos, como as Olimpíadas e a final da Copa do Mundo, pesou na decisão.

"O evento não é apenas para juntar o ecossistema brasileiro de tecnologia. Queremos reunir o ecossistema global de tecnologia, essa grande comunidade, e levar o Brasil", completa.

A edição no Rio, que deve ser anual, não altera a "sede" da Web Summit em Lisboa, que já garantiu a realização da conferência principal até pelo menos 2028.

Apesar do sucesso de público, a edição deste ano esgotou os ingressos duas semanas antes da abertura, a conferência costuma ser classificada de elitista. O valor normal dos bilhetes pode ultrapassar os 850 euros (cerca de R$ 4,2 mil).

Segundo Paddy Cosgrave, a organização vem realizando uma série de programas de inclusão de minorias e de grupos subrepresentados, que vão desde descontos de mais 90% até a distribuição de entradas gratuitas.

"Nós temos uma equipe que trabalha duro pela inclusão", disse. "Por exemplo, no nosso evento em Toronto, nós trabalhamos com grupos indígenas do Canadá. O evento é aberto pela comunidade indígena", enumera.

Segundo o criador da Web Summit, a política de inclusão será estendida também à edição carioca do evento. No site oficial, os bilhetes mais baratos, vendidos a R$ 795, já estão esgotados.

Além do evento brasileiro, a Web Summit realiza ainda eventos em Hong Kong e no Canadá ao longo do ano. A ideia, de acordo com o CEO, é se estabelecer também na China e a algum país africano.

Questionado se o modelo de grandes conferências presenciais ainda fará sentido no futuro, em um momento em que há uma preocupação crescente com as emissões de carbono ligadas às viagens aéreas, Paddy Cosgrave considera que sim.

"Eu acho que uma conferência é uma maneira de minimizar a pegada de carbono. Indo a Web Summit, você pode evitar voar para 20 cidades, simplesmente encontrando pessoas de todos esses lugares em uma cidade só. É altamente eficiente e minimiza a pegada de carbono das viagens".

Mesmo com a confirmação da edição no Rio, a conferência lisboeta segue em alta entre o setor de tecnologia do Brasil, que neste ano tem uma delegação recorde.

Já presente em edições anteriores, o stand brasileiro foi ampliado, com direito até a um palco próprio. Há pelo menos 60 startups brasileiras em exposição na feira, e muitas outras representadas por sócios ou colaboradores.

A conferência também foi ocasião para a formalização de um acordo para facilitar a internacionalização das startups brasileiras, assinado entre o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e seu homólogo português, o Iampei (Agência para a Competitividade e Inovação).

Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a ideia é aproximar os brasileiros dos principais representantes do ecossistema de inovação e empreendedorismo de Portugal. "Daremos suporte à expansão internacional dessas empresas brasileiras para que de fato, a internacionalização seja bem-sucedida,", afirma.

O Sebrae também levou uma delegação de 280 startups para o evento, em uma missão de internacionalização. Câmaras de comércio e associações de empresários também organizaram comitivas.

Com tantos brasileiros, a polarização política não tinha como ficar de fora. No evento de abertura da conferência, o CEO da Web Summit fez menção à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais do Brasil. Parte do público presente se dividiu em manifestações a favor e contra o resultado.

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