O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles reafirmou nesta terça-feira (15) que o país precisará aprovar uma licença para acomodar as despesas em 2023, mas frisou que é fundamental aprovar uma âncora fiscal clara posteriormente.
"Tem que se ter uma âncora, tem que ter um teto. O limite tem que ser claro porque, caso contrário, o país pode e corre o risco sério de voltar a um clima de recessão", afirmou Meirelles durante a conferência Lide Brazil, em Nova York.
Meirelles, que também já presidiu o Banco Central, disse que o caminho para o controle fiscal passa por uma reforma administrativa que inclua medidas como a extinção de estatais que não cumprem mais as funções para as quais foram criadas e a revisão de benefícios tributários.
Já para 2023, será preciso aprovar uma excepcionalidade à regra do teto de gastos para viabilizar a continuidade do pagamento de R$ 600 às famílias de baixa renda, segundo o ex-ministro.
Ele também destacou que os parâmetros usados na formulação do Orçamento do ano que vem estão defasados, o que fortalece a necessidade de ajustes.
Questionado por jornalistas ao final do evento, Meirelles disse que não recebeu convite para assumir o Ministério da Fazenda no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A tendência, segundo o ex-ministro, é que o mercado fique aliviado com o anúncio da equipe, mas a reação dependerá do nome escolhido.
"Não é uma coisa assim simplesmente todos iguais. Existem pessoas que fazem um trabalho ou tem ideias que o mercado acha que serão mais produtivas para fazer o país crescer, gerar renda, gerar emprego, gerar investimento", disse, acrescentando que o mercado inclui todo o setor produtivo.
Para ele, a aprovação do nome do ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn à Presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) seria uma "grande adição para o Brasil".
Ilan foi indicado ao BID pelo governo Jair Bolsonaro (PL) e a eleição está prevista para o dia 20 de novembro. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, conselheiro de Lula, chegou a encaminhar carta ao governo dos EUA pedindo apoio para o adiamento da escolha, o que não aconteceu.
"Defendo a ideia de que o novo governo deveria apoiar o Ilan, que é um nome excelente, e não entrar em uma questão de filiação partidária", disse Meirelles.
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