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JPMorgan e Deutsche Bank são processados por vítimas de Jeffrey Epstein

Ações nos EUA acusam bancos de ignorar condenação por crime sexual e comportamentos suspeitos

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Stephen Morris
Londres | Financial Times

O JPMorgan Chase e o Deutsche Bank foram processados por vítimas do criminoso sexual Jeffrey Epstein, já morto, que acusam as instituições de crédito de ajudar no tráfico sexual.

Os processos, abertos em Nova York na quinta-feira (24), afirmam que os bancos fecharam os olhos para saques e pagamentos suspeitos das contas de Epstein, "sabendo que ganhariam milhões de dólares facilitando o abuso sexual e o tráfico de Epstein".

O processo contra o JPMorgan destaca que o banco decidiu manter Epstein como cliente mesmo depois que ele foi condenado e preso na Flórida em 2008, a fim de "gerar lucros". O JPMorgan se recusou a comentar.

Jeffrey Epstein em retrato da polícia de Nova York - Reuters

Mais tarde, Epstein foi inscrito como cliente por um banqueiro do Deutsche Bank que já havia trabalhado no JPMorgan e disse que o criminoso poderia gerar US$ 4 milhões em taxas por ano, afirma o processo.

O Departamento de Serviços Financeiros de Nova York descobriu que Epstein e entidades controladas por ele tinham mais de 40 contas no Deutsche.

A investigação do DSF descobriu que Deutsche tinha enviado 120 transferências, totalizando US$ 2,65 milhões, por Epstein para "The Butterfly Trust" [Fundo das Borboletas], cujos beneficiários incluíam "várias mulheres com sobrenomes do leste europeu". Os pagamentos foram justificados como "despesas de hotel, mensalidades e aluguel", bem como pagamentos de acordos de mais de US$ 7 milhões e despesas legais de mais de US$ 6 milhões. Além disso, um advogado não identificado de Epstein sacou US$ 800 mil em dinheiro para viagens, gorjetas e despesas.

O banco pagou US$ 150 milhões de multa em 2020 por suas falhas de compliance e pediu desculpas por seu "erro crítico" ao assumir Epstein como cliente.

"O Deutsche Bank conscientemente se beneficiou e recebeu coisas de valor por ajudar, apoiar, facilitar e fornecer o serviço mais crítico para a organização de tráfico sexual de Jeffrey Epstein", diz o processo. "Sem a assistência do Deutsche Bank, Epstein não poderia ter abusado de ou traficado dezenas de mulheres jovens como fez entre 2013 e 2018."

Um porta-voz do Deutsche disse: "Acreditamos que esta denúncia carece de mérito e apresentaremos nossos argumentos no tribunal".

As acusações chamam a atenção para os antigos laços entre Wall Street e Epstein, que cultivou uma rede de amigos ricos e poderosos em empresas, universidades, política e realeza, incluindo o príncipe Andrew do Reino Unido.

Numerosas figuras financeiras de alto nível, como Leon Black, da Apollo, e Jes Staley, ex-executivo-chefe do Barclays, foram forçadas a renunciar devido a suas ligações com o falecido pedófilo. Epstein cometeu suicídio em 2019 enquanto aguardava julgamento pela acusação de tráfico sexual de meninas menores de idade.

A mulher não identificada que entrou com o processo contra o JPMorgan era uma dançarina de balé em Nova York quando foi recrutada por um amigo para conhecer Epstein. O suposto abuso durou de 2006 a 2013. A mulher no processo contra o Deutsche também não tem o nome divulgado e é descrita como moradora do estado de Nova York. Os dois processos buscam o estatuto de ação coletiva e pedem indenizações financeiras não especificadas.

As acusações contra o JPMorgan se baseiam fortemente no relacionamento próximo entre Staley e Epstein, que durante anos foi seu banqueiro privado no JPMorgan e o visitou após sua condenação na Flórida. Ele também navegou para a ilha caribenha privada de Epstein com sua família pouco antes de ser nomeado executivo-chefe do Barclays em 2015.

No final do ano passado, Staley renunciou depois de ver as conclusões preliminares de uma investigação dos órgãos reguladores sobre se ele havia caracterizado erroneamente seu relacionamento com Epstein como profissional. Staley contesta as conclusões e aguarda os resultados de sua apelação.

O Financial Times informou que a investigação do Reino Unido descobriu 1.200 emails entre os dois enquanto Staley estava no JPMorgan, com conteúdo que incluía termos inexplicáveis, como "branca de neve".

O Financial Times também informou que Staley fez lobby junto a seu empregador para manter Epstein como cliente –apesar do fato de o financista ter sido condenado por crimes de prostituição– antes que o banco o cortasse em 2013.

Um advogado de Staley se recusou a comentar.

As reclamantes não identificadas estão sendo representadas por David Boies, da firma Boies Schiller Flexner. Ele já garantiu um acordo para uma vítima de Epstein, Virginia Giuffre, em um caso contra o príncipe Andrew.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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