O Bradesco teve uma queda surpreendente no lucro do terceiro trimestre. O resultado foi impactado pela rápida deterioração da carteira de crédito, que levou a instituição a aumentar as projeções de perdas esperadas com inadimplência.
O segundo maior banco privado do país divulgou nesta terça-feira (8) que seu lucro recorrente de julho a setembro somou R$ 5,22 bilhões, uma queda de 22,8% ante mesmo período de 2021.
O número veio muito abaixo da previsão de analistas consultados pela Refinitiv, que previam R$ 6,76 bilhões.
O índice de inadimplência acima de 90 dias encerrou setembro em 3,9%, ante 2,6% no mesmo mês do ano passado e 3,5% em junho deste ano, de acordo com dados do balanço.
Entre as pessoas físicas, a taxa foi de 5,1%, ante 3,6% no ano anterior e 4,8% no segundo trimestre de 2022.
A inadimplência foi de 4,5% entre micro, pequenas e médias empresas. Um ano atrás, o índice era de 2,7%, e de 3,9% no trimestre passado.
Grandes empresas mantiveram a taxa de atraso em 0,1%, número observado desde o primeiro trimestre deste ano, sendo a única categoria a não apresentar crescimento no índice. Em setembro de 2021, a inadimplência do grupo foi de 0,2%.
A PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), indicador que mostra possíveis perdas que o banco poderá sofrer caso clientes inadimplentes não realizem os pagamentos, ficou em R$ 7,3 bilhões no terceiro trimestre de 2022, crescimento de 115% em bases anuais e de 37,7% entre trimestres.
Segundo o presidente do Bradesco, Octavio Lazari Junior, o cenário econômico, a inflação e os juros elevados afetaram a capacidade de pagamento dos clientes. O executivo diz, porém, que a inadimplência deve se estabilizar e apresentar melhora no ano que vem.
"Temos convicção na nossa capacidade operacional de entregar um melhor nível de retorno. Vamos perseguir essa meta e continuar os ajustes necessários para retomar a trajetória de rentabilidade", diz Lazari.
A rentabilidade sobre o patrimônio, que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, desabou 5,1 pontos percentuais no comparativo anual, para 13%.
A carteira de crédito do Bradesco apresentou crescimento anual de 13,6%, chegando a R$ 878,6 bilhões. Em comparação ao segundo trimestre, a alta foi de 2,7%
Entre os clientes pessoa física, a carteira de crédito atingiu R$ 352,7 bilhões, alta de 16,2% na comparação anual, e de 3,3% na trimestral, impulsionada por categorias como cartão de crédito (+38,8%) e crédito pessoal (+19%).
Já a carteira de pessoas jurídicas ficou em R$ 524,8 bilhões, aumento de 11,7% na comparação anual e 2,1% na trimestral. Os setores de crédito rural (+30,5%) e de crédito direto e leasing de veículos (+25,6%) deram força à categoria.
No segundo trimestre, o banco registrou lucro líquido de R$ 7,041 bilhões, crescimento de 11,4% na comparação anual.
O Bradesco é o segundo entre os maiores bancos do país a divulgar resultados de terceiro trimestre. No dia 26 de outubro, o Santander reportou lucro R$ 3,12 bilhões —um recuo de 28% na comparação anual.
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