Descrição de chapéu

Pacote 'zero preocupação' me fez optar por carro por assinatura

Simplicidade na contratação e burocracias inclusas são atraentes, mas vale considerar limitações do serviço

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Passado o pior da pandemia e com o retorno ao trabalho presencial, me vi em um dilema. Havia me mudado e o trajeto da Redação para casa, antes feito a pé, agora exigia esperar um ônibus à noite no centro de São Paulo, consideravelmente menos seguro que em março de 2020, quando deixamos o escritório.

Era também o momento em que os preços dos transportes por aplicativo disparavam, puxados pela alta da gasolina e pela crescente demanda. Não estava muito satisfeita em pagar R$ 40, R$ 50 —isso quando dava para conseguir um carro— em uma corrida que em tempos mais usuais não custaria nem R$ 20.

Quase oito anos depois da minha chegada à capital paulista e pagando a língua após alguns tantos discursos sobre quão desnecessário seria um carro na minha vida, eis que decido ter um.

Trânsito na ligação leste-oeste, na altura do viaduto do Glicério, em São Paulo (SP) - Adriano Vizoni - 22.set.2022/Folhapress

O problema é que os preços estavam nas alturas. Um carro 0 km definitivamente não cabia no meu orçamento, mas mesmo os usados estavam proibitivos.

Pagar R$ 70 mil em um veículo 2016 — sem nenhum luxo — que em pouco tempo poderia me dar mais despesas e perder valor de revenda não me soava um grande negócio. Somem-se ainda os juros do financiamento que teria que fazer.

Eis que me lembrei de uma conversa com um amigo, meses antes, sobre veículos por assinatura. Não teria um carro para chamar de meu, mas também não precisaria me preocupar com licenciamento, IPVA, contratar seguro. Receberia um automóvel novinho, usaria enquanto fosse conveniente e não gastaria com manutenção. Tudo isso está incluso na mensalidade.

As primeiras pesquisas foram frustrantes. Na época, queria um modelo intermediário (qualquer morador de Perdizes sabe valorizar um câmbio automático), mas não achei nada por menos de R$ 3.000 por mês.

A única oferta que me soou vantajosa foi a do modelo mais básico da Renault (o serviço da montadora se chama Renault On Demand; veja aqui um comparativo de mais de dez serviços). Por cerca de R$ 1.500 por mês, teria um Kwid 2023, com ar-condicionado, direção elétrica e som, mas câmbio manual e sem adicionais chamativos.

Decidi que valia a pena abrir mão do conforto pelo preço e pela comodidade de não ter que me preocupar com todas as burocracias ligadas à compra e à manutenção de um veículo.

Optei pelo período mínimo (12 meses) porque queria testar o serviço sem me comprometer por muito tempo, mas quanto maior a duração do contrato menor é a parcela.

Fiquei contente com o resultado. O processo foi online, simples, e meu único trabalho é levar o carro para a revisão quando chega a hora.

Não tive nenhuma intercorrência que me levasse a acionar o seguro –e espero que as coisas sigam assim–, mas fico tranquila em saber que tenho a proteção já no pacote mensal.

Espera pode ser grande e multas implicam cobrança de taxa extra

Não vou dizer que tudo foi um mar de rosas. Foram dois meses de espera pelo veículo. A previsão inicial era um pouco menor, mas a entrega atrasou. Se eu quisesse um modelo mais elaborado ou mesmo um carro de outra cor teria que esperar mais.

Também passei um pequeno sufoco para conseguir pagar as mensalidades. O sistema da operadora não debitava na fatura do meu cartão, mas me acusava de não pagá-las. Foram necessários alguns contatos com o call center para conseguir resolver o problema, que ocorreu mais de uma vez.

Outro ponto negativo é a quilometragem limitada. No meu caso, porém, a franquia mínima já me serve bem.

Por fim, há mais um contra que exige a atenção do motorista. Multas custam 15% mais, já que a operadora cobra uma taxa administrativa a cada infração. E, vale lembrar, ao fim do contrato você terá investido uma quantia razoável e não terá nenhum bem —mas também não perderá dinheiro com a depreciação do carro.

Minha escolha foi pela praticidade. Financeiramente me pareceu vantajoso, mas confesso que não pus todos os gastos na ponta do lápis para metodicamente estimar o que seria mais barato, a compra ou o aluguel.

Até aqui, sigo satisfeita.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.