Descrição de chapéu transição de governo

Por PEC, Lula entra em campo com viagem a Brasília nesta segunda

Presidente eleito vai passar a semana na capital federal e deve se encontrar com Lira e Pacheco, diz Gleisi

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São Paulo

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irá a Brasília na próxima segunda-feira (28) para discutir com o Congresso o formato da PEC (proposta de emenda à Constituição) da Transição, que tem como objetivo abrir espaço no teto de gastos para bancar despesas como o Bolsa Família.

A informação foi dada no final da tarde desta sexta (25) pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, após reunião com Lula em sua casa em São Paulo. O senador Jaques Wagner, escalado pelo partido para a articulação política da proposta com o Legislativo, também esteve presente.

Gleisi afirmou ainda que Lula irá insistir na PEC, cujo desenho dependerá das conversas com os líderes do Congresso —a resistência do Legislativo à proposta vem pressionando o partido a detalhar um plano B, como abertura de crédito extraordinário.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fala com a imprensa após reunião na residência do presidente eleito, no Alto dos Pinheiros, em São Paulo, nesta sexta (25) - Ronny Santos/Folhapress

"Ele [Lula] vai estar lá a partir de segunda-feira, quer fazer várias reuniões com os partidos e as bancadas, quer conversar novamente com os presidentes da Câmara e do Senado. Ele deve ficar em Brasília de segunda a sexta para fazer essas conversas e para a gente também encaminhar a PEC", afirmou a presidente do PT.

Ela disse que a viagem a Brasília ficará concentrada nas discussões sobre a PEC e não na definição de nomes para o ministério. Para isso, haverá discussões com os partidos e também com alguns economistas.

"A linha é aquela: precisamos ter espaço fiscal para honrar com o Bolsa Família, com as crianças de um a seis anos. Enfim, com as propostas que nós debatemos durante a campanha. Isso tudo que estamos discutindo em relação à PEC foi aprovado por 100% do eleitorado brasileiro. Quem votou no presidente Lula e também quem votou em Bolsonaro."

Questionada sobre a possibilidade de outra solução para viabilizar o Bolsa Família de R$ 600 que não seja via PEC, Gleisi afirmou que o presidente quer insistir no caminho da política e que o Congresso Nacional terá sensibilidade para levar adiante a proposta.

Ela minimizou as dificuldades do governo nas discussões sobre a proposta e disse que tudo é uma questão de ajuste de conversas. "Talvez a forma como foi iniciado o processo tenha desagradado. A gente tem de conversar, e penso que teremos um bom resultado nesse processo."

Como a Folha mostrou, parlamentares têm criticado a atuação do PT, reclamando que não foram ouvidos. O próprio partido reconheceu que houve problemas na negociação da PEC, criando uma força-tarefa.

Gleisi disse ainda que nas reuniões desta sexta não foi definido o nome de nenhum ministro.

"O presidente tem vários nomes na cabeça, já tem mais ou menos o que está pretendendo para o ministério, mas ele não tem pressa nessa definição, vai fazê-la quando achar oportuno. Ele quer ter bastante segurança nesse sentido. Pode ser que ele fale alguma coisa na semana que vem ou não."

Nos últimos dias, o nome do ex-ministro Fernando Haddad voltou a ganhar força na bolsa de apostas para a pasta da Fazenda. O petista também esteve em São Paulo nesta sexta, representando Lula em um almoço com banqueiros, o que reforçou as especulações em torno de seu nome.

Também participou do evento Alexandre Padilha, outro cotado para a pasta.

Em relação à presença do senador Jaques Wagner nas reuniões, a presidente do PT afirmou que ele está ajudando nas articulações políticas e também dos nomes relacionados ao grupo de trabalho na área da Defesa, que devem ser anunciados na segunda-feira, segundo a presidente do PT

A equipe de transição aposta na aprovação da PEC para possibilitar o pagamento do programa Bolsa Família fora do teto dos gastos. O PT quer ao menos R$ 175 bilhões de licença para gastar para financiar o programa, além de outros R$ 23 bilhões para investimentos. Além do valor aprovado fora do teto, o rombo já previsto para o ano é de cerca de R$ 63 bilhões.

Um dos pontos que travam a proposta é a duração desse caráter excepcional. O PT defendia inicialmente que esse modelo valeria permanentemente e já admitiu recuar para os quatro anos do mandato de Lula.

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