Empresas chinesas tentam manter operações após surtos de Covid-19

Após protestos, 2ª maior economia do mundo relaxou a política de Covid zero

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Joe Cash Ellen Zhang Sophie Yu
Pequim | Reuters

Do gigante do comércio eletrônico JD.com à marca de cosméticos Sephora, as empresas na China estão correndo para minimizar o impacto gerado pelo aumento de casos de Covid-19 por meio de distribuição de kits de teste, incentivando home office e, em alguns casos, adquirindo medicamentos.

Após protestos sem precedentes contra as medidas draconianas de isolamento social adotadas por Pequim, a segunda maior economia do mundo abandonou abruptamente na semana passada sua postura de tolerância zero ao vírus.

Em cidades como Pequim e Wuhan, muitos trabalhadores e suas famílias foram gravemente atingidas pela doença, embora o número oficial de casos tenha caído para menos de 20% do pico de 27 de novembro, já que a China agora realiza muito menos testes.

Pessoas com trajes de proteção atravessam rua em Pequim, China - Thomas Peter - 9.dez.2022/Reuters

"Mais da metade de nossa equipe em shoppings e hotéis está otimista", disse um executivo sênior de uma empresa que administra um dos maiores complexos varejistas de Pequim.

O executivo, que não quis se identificar, disse que o shopping ainda está aberto com os funcionários restantes divididos em duas equipes e apenas uma equipe trabalhando em um determinado turno. O sistema de turno dividido também está sendo implantado por outras empresas e bancos estatais.

A JD.com emprega mais de 540 mil pessoas e enviou kits de testes para sua equipe e está pedindo aos doentes que fiquem em casa, disseram fontes da empresa à Reuters.

Na Sephora China, que tem 321 lojas em 89 cidades, a companhia está lidando com seus problemas de pessoal de acordo com a situação, disse um porta-voz da controladora LVMH. Ele acrescentou que todos os funcionários com teste positivo recebem licença remunerada e podem trabalhar em casa, se possível.

"PROFUNDAMENTE FRUSTRANTE"

Em outro shopping center de Pequim, uma academia pertencente à rede norte-americana Powerhouse disse nesta terça-feira (13) que estará fechada até 25 de dezembro para desinfetar instalações e proteger a segurança de funcionários e membros.

"A propagação do vírus é grave e há um grande risco de contágio", disse a academia, que havia sido reaberta há cinco dias, depois de ter fechado por mais de duas semanas devido às restrições sanitárias.

"É profundamente frustrante. As empresas estão tendo que fechar por causa de funcionários doentes, mesmo que possam estar legalmente abertas", disse Noah Fraser, diretor-gerente da Câmara de Comércio Canadá-China em Pequim.

"A responsabilização a está começando a fluir de sedes de empresas estrangeiras para suas equipes na China. A sede pergunta 'por que as operações na China não conseguem lidar com essas restrições?' Todos os outros mercados tiveram que se ajustar e conseguiram fazer isso com sucesso", disse Fraser.

Na Volkswagen, que viu suas fábricas na China sofrerem grandes interrupções pelas medidas de isolamento social este ano, a produção está atualmente estável, mas a montadora reduziu o comparecimento de funcionários a escritórios e está pedindo aos funcionários que fiquem a 1,5 metro de distância entre si sempre que possível, disse um porta-voz.

A fabricante chinesa de veículos elétricos Nio também disse que sua produção está normal, embora esteja se preparando para novos casos de Covid-19.

"Enviamos caminhões com remédios e equipamentos para a fábrica para estar bem preparada", disse o presidente da empresa, Qin Lihong, na segunda-feira (12).

Até agora, as autoridades nacionais de saúde da China fizeram poucos comentários sobre as condições de trabalho em empresas, apenas pedindo para que as áreas de alto risco sejam definidas de maneira muito mais restrita, enquanto a produção ou as operações comerciais continuam em outras áreas.

Julian Evans-Pritchard, economista sênior da Capital Economics na China, disse acreditar que levará um bom tempo para as famílias chinesas aprenderem a viver com o vírus e pode levar de três a seis meses para que a atividade do consumidor volte a "algo parecido com a normalidade".

"Portanto, mesmo que a flexibilização do isolamento social beneficie a maioria das empresas no médio prazo, isso não fornece alívio imediato e os próximos meses ainda serão muito desafiadores."

Reportagem adicional de Casey Hall, Zhang Yan, Martin Pollard e Jan Schwartz

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