O secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Esteves Colnago, pediu exoneração do cargo. A informação foi antecipada pela Folha e confirmada na noite desta sexta-feira (2) pelo Ministério da Economia.
A baixa no time do ministro Paulo Guedes (Economia) ocorre a menos de um mês do fim do mandato do presidente Jair Bolsonaro (PL). A reportagem tentou contato diretamente com Colnago, mas não obteve resposta.
Em nota, a Economia informou que a saída do cargo contará a partir desta quinta (1º), mas não detalhou o motivo. Ele cumprirá quarentena de seis meses —período em que será remunerado pela administração pública e ficará impossibilitado de atuar em uma série de atividades no setor privado. A quarentena existe para preservar dados sensíveis do governo e evitar uso de informação privilegiada.
"Ele [Colnago] agradece ao ministro Paulo Guedes pela oportunidade de ter feito parte da equipe do ME [Ministério da Economia] desde o início deste governo", diz a nota da pasta.
O atual secretário especial adjunto de Tesouro e Orçamento, Julio Alexandre, vai atuar como secretário especial substituto até o fim deste ano e não terá um novo adjunto.
Colnago assumiu o principal cargo da área fiscal do Ministério da Economia em outubro de 2021, após uma debandada de secretários de Guedes em meio a uma operação do governo para driblar a regra constitucional do teto de gastos e turbinar despesas em 2022 por meio da chamada PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios.
A proposta adiou parte das despesas da União com sentenças judiciais e mudou a fórmula de correção do limite de gastos, abrindo mais de R$ 100 bilhões para a ampliação de programas do governo Bolsonaro neste ano.
Mesmo com a PEC dos Precatórios, o atual governo aprovou neste ano uma segunda PEC para autorizar R$ 41,2 bilhões em gastos extras às vésperas da eleição.
Colnago é servidor de carreira (analista do Banco Central) e já passou por diferentes funções na equipe econômica. Ele ocupou postos de destaque durante o governo Michel Temer (MDB), atuando como secretário-executivo do Ministério do Planejamento e, posteriormente, como ministro da pasta.
No governo Bolsonaro, ele integrou desde o início o time de Guedes, primeiro como secretário especial adjunto de Fazenda, depois como chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais do ministério.
Entre colegas, é apontado como um técnico qualificado e experiente, com vasto conhecimento sobre o funcionamento da administração pública. No Congresso, Colnago também é conhecido pelo trânsito político e pela capacidade de articulação com as bancadas. Desde o início do atual governo, ele ganhou a confiança de Guedes e era ouvido sobre os principais temas.
Sua última aparição pública foi em 22 de novembro, quando deu entrevista a jornalistas para anunciar um novo bloqueio de R$ 5,7 bilhões no Orçamento de 2022. Na ocasião, ele admitiu que o quadro atual das contas é delicado. "Vai ser muito difícil, muito apertado. O governo nunca passou tão apertado assim, o normal é vir flexibilizando [os bloqueios no Orçamento]", disse.
Nas últimas semanas, Colnago também participou de algumas reuniões com integrantes da CMO (Comissão Mista de Orçamento) para tentar encontrar soluções envolvendo o impasse do Orçamento deste ano.
O agora ex-secretário e ex-ministro é mestre em ciências econômicas pela UnB (Universidade de Brasília) e especialista em contabilidade pública.
Ele também ocupou a presidência dos Conselhos de Administração da Casa da Moeda, de Recursos do Sistema Financeiro Nacional e de Administração do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Julio Alexandre, seu substituto, também é servidor de carreira do Banco Central e já atuou como secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos, secretário adjunto de Políticas Macroeconômicas da SPE (Secretaria de Política Econômica) e secretário adjunto da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. No atual governo, foi secretário adjunto da Secretaria Especial de Assuntos Federativos da Presidência da República e, em outubro de 2021, migrou para o Ministério da Economia.
Do primeiro escalão montado originalmente por Guedes ao assumir o posto, em 2019, resta apenas o secretário-executivo, Marcelo Guaranys.
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