Brasil na economia lembra Bélgica no futebol, diz analista

Veja quem são os campões no PIB, na inflação e no desemprego entre os países da Copa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rio de Janeiro

Se existisse uma Copa do Mundo de indicadores econômicos, o Brasil não figuraria entre os grandes favoritos para levar a taça neste ano, ao contrário da percepção dentro dos gramados.

Na comparação com outras nações presentes no torneio no Qatar, o país não deve registrar uma das maiores taxas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, embora a retomada da atividade econômica tenha surpreendido analistas.

O Brasil tampouco tende a apresentar os menores índices de inflação e desemprego no período, apesar do quadro mais positivo dos últimos meses.

Loja em São Paulo vende itens para torcida na Copa do Mundo - Rivaldo Gomes - 1º.set.2022/Folhapress

Isso é o que indicam projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional). As estimativas foram reunidas por Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating.

"O Brasil teve uma melhora em termos econômicos, mas ainda está longe de vislumbrar um pódio", afirma.

Ele compara a situação da economia nacional com a da Bélgica no futebol. A seleção europeia reúne jogadores de prestígio, mas já foi eliminada no Qatar e ainda não venceu uma Copa do Mundo.

"Diria que o Brasil, em termos econômicos, é parecido com aquela seleção que tem grande potencial, como a Bélgica, mas que não consegue uma estrutura para se manter entre o grupo que sempre disputa o título", diz Agostini.

PIB

Entre os participantes da Copa, a Arábia Saudita deve ter a maior alta do PIB em 2022: 7,6%. O país, já eliminado do torneio de futebol, tem uma economia ancorada no setor de petróleo.

"É uma economia bastante concentrada. Tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo", aponta Agostini.

Em seguida, aparecem as taxas de crescimento estimadas para Portugal (6,2%), Croácia (5,9%), Uruguai (5,3%) e Senegal (4,7%).

O Brasil tem a 20ª maior projeção para a alta do PIB entre os países da Copa em 2022. A economia nacional tende a crescer 2,8%, segundo a estimativa mais recente.

A primeira fase do mundial teve a presença de 32 seleções, incluindo Inglaterra e País de Gales, que, no ranking do PIB, aparecem como Reino Unido. Por isso, o levantamento sobre a atividade econômica conta com 31 membros.

Apesar de estar na segunda metade do ranking do PIB, o Brasil deve crescer mais do que economias como Alemanha (1,5%), Estados Unidos (1,6%), Japão (1,7%), França (2,5%) e Coreia do Sul (2,6%). O Marrocos (0,8%) tem a menor previsão de alta.

Inflação

Quando o assunto é inflação, a estimativa para o Brasil é de alta de 6% neste ano. Seis países possuem projeções menores de avanço dos preços.

Os índices mais baixos estão previstos para Japão (2,4%), Arábia Saudita (2,7%), Qatar (3,1%), Suíça (3,8%) e Equador (3,8%).

A disparada da inflação virou um problema global durante a pandemia. No Brasil, as previsões foram revisadas para baixo ao longo deste ano devido a medidas adotadas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições presidenciais.

Pressionado pela carestia, Bolsonaro resolveu apostar no corte tributário sobre itens como combustíveis, telecomunicações e energia.

"O governo mudou a alíquota de ICMS [imposto estadual]. Isso ajudou bastante na questão inflacionária, mas é uma medida paliativa", pondera Agostini.

Com folga, a Argentina é a nação que tem a maior estimativa para a inflação em 2022: 95%. Em uma tentativa de conter a disparada, o país vizinho vem colocando em prática medidas de congelamento de preços.

O Irã deve apresentar a segunda maior inflação neste ano entre os países na Copa. A alta prevista é de 45%.

Gana (31,7%), Polônia (15,9%), Holanda (12,8%), Portugal (12,5%) e Sérvia (12,5%) aparecem na sequência.

Desemprego

No caso do desemprego, a projeção para o Brasil é de uma taxa média de 9,8% em termos anuais. Trata-se da quinta maior do ranking com estimativas disponíveis para 25 nações da Copa.

Essa taxa deve desacelerar para perto de 9,3% até o final de 2022, segundo Agostini. O desemprego ainda elevado na comparação com outras nações reflete o baixo crescimento econômico do Brasil nos últimos anos, diz o analista.

A Espanha deve ter a maior taxa de desocupação em 2022: 12,7%. O país europeu já vinha em dificuldades no mercado de trabalho, que foram intensificadas pela pandemia, aponta Agostini.

Costa Rica (12,5%), Marrocos (11,1%) e Sérvia (9,9%) aparecem na sequência do ranking de desemprego.

Na outra ponta da lista, está a Suíça (2,2%), com a menor taxa prevista. Japão (2,6%), Polônia (2,8%), Alemanha (2,9%) e Coreia do Sul (3%) também estão entre as nações com estimativas mais baixas para a desocupação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.