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Semana turbulenta para o petróleo
Os países membros da Opep e seus aliados decidiram neste domingo (4) não alterar o ritmo de produção de petróleo, na véspera da entrada em vigor de nova sanção contra a commodity exportada pela Rússia.
- Segue valendo, portanto, a decisão tomada em outubro de reduzir o ritmo de produção em dois milhões de barris por dia.
Por que importa: o mercado e os governantes estavam ansiosos para a decisão do cartel (que engloba a Rússia como aliada), porque ela aconteceu em um momento de instabilidade para medir a oferta e a demanda pelo petróleo.
- Do lado da oferta, começa nesta segunda (5) o preço-teto imposto pela UE (União Europeia) para o petróleo vendido pela Rússia, o segundo maior exportador da commodity.
- Na demanda, há a flexibilização das medidas de Covid zero na China. Esse cenário deve elevar a procura pelo petróleo no país e dar força à matéria-prima em um contexto de desaceleração da economia global.
Rússia diz que vai reagir: o responsável no Kremlin pela área de energia disse neste domingo que o país não venderá petróleo sujeito a um teto de preço imposto pelo Ocidente, mesmo que isso signifique cortar a produção.
- A decisão da UE, apoiada pelo G7 e pela Austrália, fixou um limite de US$ 60 por barril para que os navios transportadores de petróleo russo pudessem contratar seguros e outros serviços das empresas do bloco europeu.
- O produto russo já tem sido exportado por cerca de US$ 65 o barril, argumento usado pela Polônia para defender um teto de US$ 30.
- As maiores economias, porém, optaram pelo limite mais alto com o temor de que o Kremlin reduzisse a oferta, pressionando os preços do petróleo e a inflação global.
As oportunidades no Tesouro Direto
O mercado de juros futuros foi um bom parâmetro para captar a aversão ao risco dos investidores em novembro, mês em que notícias da transição de governo trouxeram forte volatilidade aos indicadores.
- A desvalorização dos títulos, porém, pode ser uma oportunidade de investimento para quem aposta em uma melhora do mercado no início da próxima gestão.
- O potencial de retorno aparece principalmente nos papéis prefixados ou atrelados à inflação com prazos de vencimento mais longos, apontam os analistas.
Em números: no mês passado, as maiores desvalorizações ficaram com o Tesouro IPCA 2045 (-6,05%) e Tesouro Prefixado 2029 (-4,76%).
Entenda: nos papéis prefixados e atrelados à inflação, sempre que os juros (negociados no mercado pelos contratos DI) sobem, o título passa a ter um valor menor.
- Aqueles que carregam o título até o vencimento, porém, recebem o valor prometido no momento da compra. Quem vende antes fica sujeito a ganhos maiores ou perdas. É a marcação a mercado.
O que explica o sobe e desce: a expectativa de despesas extrateto de quase R$ 200 bilhões com a PEC da Transição junto de críticas do presidente eleito Lula (PT) a regras que limitam os gastos públicos bateram nos juros, no dólar e na Bolsa. Parte dessa reação já foi revertida.
- Para quem tem mais estômago para risco e acredita que as taxas tendem a cair com uma definição sobre a questão fiscal, papéis com vencimento em até três anos são uma opção.
Mais sobre mercado financeiro:
- Na renda variável, em 2022, foi premiado quem apostou no arroz com feijão, escreve o colunista Marcos de Vasconcellos.
- Veja no blog De Grão em Grão qual o patrimônio necessário para se aposentar com uma renda de deputado.
Mudanças na CLT: iFood quer proteção e flexibilidade
Uma alteração na legislação trabalhista para incluir as particularidades do trabalho por aplicativos é uma das mais de 80 promessas de Lula para a economia.
- Para o iFood, líder no mercado nacional de delivery de refeição, o ideal seria um equilíbrio capaz de "abraçar o futuro" e garantir proteção social.
Esse foi um dos temas da conversa do CEO do iFood, Fabricio Bloisi, com a Folha, na série Entrevistas com o Empresariado. Veja abaixo alguns trechos (a íntegra está aqui):
- Nova legislação:
"Temos uma plataforma que gera oportunidades para 2 milhões, 3 milhões de pessoas, e isso tem que acontecer com direitos sociais que sejam razoáveis, porém, conectados com o momento atual da tecnologia. O problema das leis atuais é que elas foram escritas em um momento em que não existiam nem smartphone nem aplicativos."
- Briga no Cade (os concorrentes acusam o iFood de impor barreiras no mercado com os contratos de exclusividade com os restaurantes):
"O iFood tem alguns restaurantes exclusivos, percentual relativamente pequeno. Assim como os concorrentes de outros países, o que é uma prática completamente regular e legal nesse mercado. Minha sugestão é: melhora o produto, entrega mais. Quem sabe o cliente vai ficar mais feliz e vai contratar mais os outros concorrentes".
- Entregas automatizadas:
"O iFood já entrega com drone, há um ano e meio, em algumas cidades do Brasil. A gente também entrega com robôs em alguns locais. E continuamos investindo em inteligência artificial para ter mais automação. Já é uma realidade e vai ser uma realidade cem vezes maior no futuro".
Outras entrevistas da série da Folha:
João Doria, ex-governador de São Paulo; João Camargo, presidente do grupo de empresários Esfera Brasil; Abilio Diniz, membro dos conselhos do Carrefour Global e Brasil; Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho da RaiaDrogasil; Roberto Fulcherberguer, presidente da Via (Casas Bahia e Ponto).
Startup da Semana: BR Media
O quadro "Startup da Semana" traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.
A startup: fundada em 2012, conecta marcas a um elenco de influenciadores digitais que já soma mais de 20 mil perfis.
Em números: a BR Media anunciou na última semana uma captação de R$ 105 milhões, que a avaliou em R$ 300 milhões.
Quem investiu: o aporte foi feito pela gestora brasileira Bridge One, especializada em empresas de tecnologia B2B (business to business, ou negócio entre empresas).
Que problema resolve: a ideia da BR Media é aproveitar a imensa gama de influenciadores brasileiros –como a Folha mostrou, passam de 500 mil– e facilitar a ponte com grandes marcas, que procuram por determinados perfis de acordo com cada campanha.
- A startup tem plataformas voltadas tanto para os microinfluencers, que somam até 100 mil seguidores, quanto para os grandões da indústria, que passam dos milhões.
Por que é destaque: além de a BR Media ter anunciado a maior captação no Brasil entre as startups na última semana, o aporte vem em um cenário desafiador para a publicidade online, com as big techs demitindo funcionários para compensar a perda de arrecadação com anúncios.
Mais números: com mais de 400 marcas de diversos segmentos como clientes, a BR Media vai fechar o ano com um Ebitda (indicador para lucro operacional, que tira da conta impostos, depreciação e amortização) de R$ 50 milhões, segundo o site Startupi.
- Com a entrada da Bridge One, o plano é triplicar esse resultado em três anos.
A semana em resumo
Foram 26 rodadas de captação na América Latina, com US$ 110 milhões (R$ 571 milhões) em investimentos.
Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.
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