Descrição de chapéu transição de governo

Lula diz que apenas pagamento de juros da dívida não é considerado gasto pelo mercado

Presidente volta a criticar Banco Central e taxa de juros: 'pode não ter nem juro'

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quinta-feira (19) o mercado financeiro, por considerar como despesas os recursos destinados para áreas como educação e saúde.

"Talvez alguns companheiros meus ligados à economia não gostem, mas eu digo todo dia: não pode falar em educação que as pessoas falam que é gasto, não pode falar em saúde que as pessoas falam que é gasto, não pode falar em urbanização de favelas que é gasto, não pode falar em construir moradia que é gasto", afirmou o presidente.

"A única coisa que não é tida como gasto, por essa gente do mercado, é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento", completou o presidente, em reunião com reitores de universidades e institutos federais de educação.

Lula também voltou a atacar a independência do Banco Central e a taxa de juros e defendeu a reforma tributária, para mudar as faixas do Imposto de Renda.

"A gente podia não ter nem juro", afirmou

Lula durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

Desde antes da sua posse, Lula tem criticado a reação do mercado às suas falas relacionadas à estabilidade fiscal. Chegou a afirmar que a única regra de ouro –referência ao termo-chave da Lei de Responsabilidade Fiscal— era crianças terem um copo de leite para tomar antes de dormir.

As novas falas foram dadas durante reunião de Lula com reitores de universidades públicas, no Palácio do Planalto. O presidente então defendeu maiores investimentos no setor de educação e disse que é necessário reparar uma dívida social de 500 anos.

Lula voltou a criticar a independência do Banco Central, assim como havia feito no dia anterior em entrevista à Globonews. Disse não haver lógica na taxa de juros atual.

"Qual é a explicação de a gente ter um juro de 13,5% hoje? O Banco Central é independente, a gente podia não ter nem juro. A inflação está 6,5%, 7%, por que o juro está 13,5%? Qual é a lógica? Qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem de tudo que a gente fala de investimento? Eu não vejo essa gente falar uma vez de dívida social", afirmou o presidente.

Em sua última reunião, em dezembro, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter em 13,75% ao ano a taxa básica (Selic).

Essa foi a segunda crítica seguida ao Banco Central e à taxa de juros. Na entrevista à Globonews, Lula havia dito que a autonomia da instituição era bobagem.

Lula também voltou a defender a mudança na faixa de isenção do Imposto de Renda, como uma forma de corrigir injustiças. E também defendeu um papel mais atuante do Estado. Lembrou crises financeiras relacionadas com a quebra de bancos, afirmando que foram os governos nacionais que socorreram o sistema.

"O estado pode ser o regulador da justiça social desse país. O que é preciso é a gente distribuir os recursos na forma mais correta para quem mais precisa. Precisa ter uma reforma agrária [tributária] para [que] quem ganha mais pague mais; quem ganha menos pague menos. Não é possível que uma pessoa que ganha R$ 5.000 pague proporcionalmente mais do que um cara que ganha R$ 100 mil. É uma política tributária ao inverso", afirmou.

O presidente criticou quem é contra o Fies (programa de financiamento estudantil). Também disse que os maiores devedores de Previdência e Imposto de Renda são pessoas ricas.

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