Anúncios de criptomoedas desaparecem do Super Bowl, e Jesus Cristo surge

Em 2022, plataformas de negociação compraram os principais espaços de tempo durante a final de futebol americano

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São Paulo

Onipresentes durante o Super Bowl de 2022, os anúncios de plataformas de negociação de criptomoedas desapareceram na transmissão deste ano. Enquanto isso, um tipo diferente de mensagem surgiu no evento deste domingo (12): comerciais promovendo Jesus Cristo.

Na última edição da final do campeonato de futebol americano, anunciantes de cripto pagaram US$ 39 milhões (R$ 204 milhões, em valores atuais) para ocupar os espaços na televisão, competindo num ambiente habitualmente ocupado por empresas de cerveja e de carros.

Em um dos anúncios, o humorista e ator Larry David promovia a FTX, companhia que colapsou em meio a um caso de fraude e ajudou a alimentar temores sobre o futuro da indústria de cripto.

tela amarela com a inscrição "vamos ver jesus no super bowl", em inglês
Cena do comercial 'He Gets Us', que relaciona religião e futebol americano e foi exibido no Super Bowl, jogo final da NFL e um dos programas mais assistidos do mundo - Reprodução

Além da FTX, anúncios da eToro, Coinbase e Crypto.com foram transmitidos a milhares de residências americanas, num esforço de promover os criptonegócios a partir do maior jogo do futebol americano do mundo.

No Super Bowl deste ano, contudo, os comerciais de cripto não foram encontrados em lugar nenhum, como mostrou reportagem do The New York Times.

Entre anúncios de cervejas, comidas e aparições de celebridades, dois comerciais de Jesus Cristo apareceram. Eles fazem parte da campanha "He Gets Us", algo como "ele nos entende", em inglês.

Ao New York Times, a agência por trás do anúncio disse que a campanha visa aumentar a relevância de Jesus na cultura americana.

Um anúncio de 30 segundos, com imagens e vídeos de crianças brincando e se abraçando, foi veiculado após o primeiro quarto do jogo.

O mais longo está programado para o segundo tempo, mostrando uma série de fotos de pessoas discutindo e confrontando outras. Ao final do anúncio, aparece na tela a mensagem "Jesus amou as pessoas que odiamos".

De acordo com o jornal americano, desde sua introdução nacional em 2022, a campanha "He Gets Us" ocupou outdoors em cidades americanas e veiculou anúncios em diversos eventos esportivos.

Os vídeos conectam Jesus a questões contemporâneas como imigração, inteligência artificial e ativismo, buscando atingir "céticos espiritualmente abertos", não afiliados a nenhum ramo do cristianismo.

Os comerciais, de acordo com o New York Times, fazem parte de uma campanha multimilionária da organização sem fins lucrativos Servant Foundation.

Enquanto a ONG investe milhões para divulgar a mensagem cristã, o desparecimento dos comerciais de cripto mostra como a indústria vem passando por tempos difíceis.

Além da declaração de falência da FTX, seu fundador, Sam Bankman-Fried, foi preso em dezembro sob a acusação de usar bilhões de dólares em depósitos de clientes para financiar contribuições políticas, compras de imóveis luxuosas e operações comerciais em seu fundo de hedge. Ele se declara inocente das acusações de envolvimento em fraude.

Na final do ano passado, o presidente da FTX nos EUA, Brett Harrison, disse que os anúncios faziam parte da estratégia da companhia de tornar as moedas digitais "universalmente interessantes".

Os planos da FTX também incluíam a distribuição gratuita de criptomoedas coincidindo com o comercial.

Os US$ 39 milhões desembolsados por empresas da indústria na final de 2022 foram levantados pela Kantar, empresa de dados e consultoria.

O gasto extravagante era sinal de que os marqueteiros estavam confiantes com a recuperação econômica da pandemia.

Em entrevista ao New York Times, Alfredo Troncoso, analista da Kantar, disse que os serviços financeiros tiveram um desempenho muito fraco em 2022, principalmente porque os anúncios de cripto não obtiveram um forte retorno sobre o investimento.

Desde então, outros anunciantes assumiram as posições. Mark Evans, vice-presidente executivo de vendas de anúncios da Fox Sports, emissora que está transmitindo o Super Bowl de 2023, disse ao jornal americano que o desaparecimento dos comerciais de cripto criou um pouco mais de espaço.

O público do Super Bowl é fortemente envolvidos com os comerciais, num fenômeno cultural que, junto ao show do intervalo, pode ser de maior interesse que o próprio jogo para alguns espectadores.

Para este ano, a transmissão do jogo entre o Kansas City Chiefs e o Philadelphia Eagles acumulou expectativas. Analistas diziam que o evento provavelmente será o programa mais assistido na televisão americana de 2023, considerando todos os gêneros.

Os comerciais de 30 segundos para o jogo deste ano foram vendidos por mais de US$ 6 milhões (R$ 31,5 milhões), e em alguns casos por mais de US$ 7 milhões (R$ 36,7 milhões) . A rede espera faturar US$ 600 milhões (R$ 3,1 bilhões) com o jogo.

Com The New York Times

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