Dólar cai com otimismo sobre inflação nos EUA; Bolsa sobe impulsionada por bancos

Economistas esperam desaceleração nos preços ao consumidor americano, e BTG apresenta números considerados positivos

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São Paulo

A Bolsa subiu e o dólar fechou em baixa nesta segunda-feira (13). Os investidores estão otimistas em relação à inflação ao consumidor de janeiro nos Estados Unidos, que será divulgada nesta terça-feira (14). As ações dos bancos tiveram valorização, após o resultados do BTG Pactual no quarto trimestre de 2022 .

O Ibovespa fechou em alta de 0,70%, a 108.836 pontos. O dólar comercial à vista fechou o dia em queda de 0,86%, a R$ 5,176.

Os juros fecharam em alta nos vencimentos mais curtos, refletindo principalmente o aumento das projeções para a Selic no relatório Focus, do Banco Central, de 12,50% para 12,75% ao final de 2023.

Os contratos para janeiro de 2024 subiaram de 13,44% do fechamento da última sexta-feira (10) para 13,51% ao ano. Para 2025, a taxa subiu de 12,87% para 12,95%. No vencimento em 2027, a taxa recuou de 13,10% para 13,08%.

Bolsa e dólar seguem tendência de mercados nos Estados Unidos, em dia de agenda esvaziada - Dado Ruvic - 30.mai.2022/Reuters

Para Thiago Calestine, economista e sócio da DOM Investimentos, o mercado já projeta que a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, conhecido pela sigla CPI, vai mostrar uma desaceleração. Segundo economistas ouvidos pela agência Bloomberg, a inflação em 12 meses vai desacelerar de 6,5% ao final de 2022 para 6,2% em janeiro.

"Com isso, haverá uma cobrança menor sobre Federal Reserve (o banco central americano) para ser agressivo no aumento da taxa de juros", projeta Calestine.

No Brasil, as atenções estão voltadas para a meta de inflação. O encontro do CMN, órgão responsável por definir os objetivos oficiais de inflação, está agendado para quinta-feira (15).

A reunião virá depois de notícias de que a equipe econômica do governo estaria estudando antecipar uma revisão das metas de inflação do país e possivelmente elevar o alvo a ser buscado pelo Banco Central, com boatos de que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, aceitaria a mudança.

Embora as metas de inflação oficiais do país sejam comumente definidas na reunião de junho do CMN, nada impede que os objetivos sejam alterados já no encontro desta semana.

Caso o Banco Central concorde com alterações já na quinta-feira, investidores poderiam interpretar isso como fraqueza diante da pressão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem formado um coro insistente para reclamar do patamar elevado da taxa Selic, atualmente em 13,75%, e questionar a autonomia da autarquia.

Em meio a algum nervosismo do mercado antes da reunião, Campos Neto dará entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que irá ao ar a partir das 22h desta segunda-feira. O Banco Inter disse em nota que o mercado aguarda "seus comentários sobre os recentes ataques de Lula à sua pessoa e ao Bacen".

O mercado financeiro se mobilizou para tentar melhorar a relação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o Banco Central. Os dois têm encontro marcado para a quinta (16), na primeira reunião do ano do CMN, integrado por eles e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Diversos agentes do mundo das finanças que têm interlocução com o PT e o BC se mobilizaram no mesmo sentido. A expectativa é a de que Lula também possa aderir a um armistício. O presidente tem mantido duras críticas à instituição.

Analistas apontam que uma revisão da meta de inflação, eventualmente apoiada pelo BC, traria dúvidas sobre a efetividade da independência da autoridade monetária, o que poderia elevar ainda mais as projeções para inflação e juros.

"As projeções para a Selic poderiam recuar no curto prazo, já que a revisão permitiria ao Banco Central atingir a meta com uma taxa menor. Em contrapartida, nas curvas de juros longas, a influência dessa medida deve ser negativa, com o mercado precificando uma taxa de equilíbrio maior no futuro", diz João Bertelli, sócio da A7 Capital.

Para a equipe de analistas do C6 Invest, há riscos de piora no ambiente econômico para o caso da meta ser mantida ou reduzida. Mas é preciso ter cautela na decisão. "Na nossa visão, para mudar a meta sem desancorar as expectativas, é preciso que o Brasil adote uma âncora fiscal rigorosa."

O Itaú revisou para cima seus prognósticos para a alta do IPCA neste ano e no próximo, citando incertezas sobre o atual regime monetário do Brasil, e alertou para os riscos de eventuais mudanças nas metas oficiais de inflação do país.

Agora, o banco espera que o IPCA avance 6,3% em 2023, contra 5,8% estimados antes. Para 2024, a projeção de inflação subiu a 4,2%, de 3,7% no cenário anterior.

No Ibovespa, as units do BTG Pactual subiram 2,45%. O banco divulgou nesta segunda que teve lucro líquido de R$ 1,64 bilhão, ante desempenho de R$ 1,74 bilhão no mesmo período de 2021. O BTG ainda fez provisão de R$ 1,12 bilhão, mas não citou a Americanas, empresa devedora do valor.

Sobre o balanço do BTG, a equipe da Levante Investimentos afirma que o banco entregou um resultado operacional positivo. Para os analistas, a rentabilidade de 22%, sem contar o efeito Americanas, é uma boa notícia, "ainda mais considerando o cenário macro mais desafiador que afeta a receita de linhas bem relevantes dentro do banco."

Os números do BTG ajudaram as ações de outros grandes bancos. As preferenciais do Itaú Unibanco subiram 3,52%. As preferenciais e ordinárias do Bradesco fecharam em alta de 3,55% e 2,93%, respectivamente.

Ainda nesta segunda-feira, o Banco do Brasil apresenta seus números do quarto trimestre de 2022.

Em Nova York, as bolsas fecharam com altas superiores a 1%, com o otimismo em relação à inflação. O índice Dow Jones subiu 1,11%. O S&P 500 fechou em alta de 1,14%, e o Nasdaq avançou 1,48%.

Com Reuters

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