Resultado do BTG no 4º tri foi impactado por fraude, diz presidente sobre Americanas

Banco está em batalha jurídica contra Americanas desde o mês passado

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São Paulo | Reuters

O presidente do BTG Pactual, Roberto Sallouti, afirmou que o resultado no quarto trimestre de 2022 foi impactado por fraude de cliente. O banco divulgou nesta segunda (13) que teve lucro líquido de R$ 1,64 bilhão, ante desempenho de R$ 1,74 bilhão no mesmo período de 2021. O BTG ainda fez provisão de R$ 1,12 bilhão, mas não citou a Americanas, empresa devedora do valor.

Em termos ajustados, o lucro líquido do BTG no quarto trimestre foi de R$ 1,8 bilhão, praticamente estável sobre o desempenho de um ano antes. Analistas, em média, esperavam lucro de R$ 2,27 bilhões no período, segundo dados da Refinitiv.

O retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio do banco nos três últimos meses de 2022 foi de 16,7% ante 22% no terceiro trimestre e 19,4% um ano antes.

Cédula de real - Gabriel Cabral - 21.ago.2019/Folhapress

Sem citar a Americanas, o banco fez uma provisão "não recorrente" de R$ 1,12 bilhão no quarto trimestre no segmento corporativo, mas não revelou o motivo, citando apenas que a reserva foi "relacionada a uma exposição de crédito específica".

Em teleconferência com analistas sobre os resultados, Roberto Sallouti afirmou que a provisão extra para o caso é suficiente e que "por se tratar de uma fraude, podemos recuperar até mais do que isso".

O executivo revelou que a Americanas foi "o único caso" de grande cliente em que o BTG avaliou o risco de crédito com base nos seus principais acionistas, não na empresa individualmente. Os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira são os acionistas de referência da Americanas.

A batalha jurídica entre o BTG e a varejista teve início no mês passado, quando a Americanas conseguiu uma tutela cautelar que impedia a cobrança de dívidas pelos credores por um prazo de 30 dias. Logo em seguida, o banco entrou com pedido bloquear R$ 1,2 bilhão em depósitos feitos pela varejista e o caso se arrastou em diversas decisões divergentes.

Na decisão mais recente, o juiz titular Paulo Assed Estefan validou os pedidos do BTG feitos antes de a Americanas encaminhar o processo de recuperação no dia 19 de janeiro. Na quinta (9), a Justiça aceitou um novo recurso da instituição financeira contra a varejista.

O valor de R$ 1,2 bilhão está aplicado pela Americanas em CDBs e Letras Financeiras do banco

Vários bancos reportaram no quarto trimestre no segmento corporativo provisões para enfrentar perdas geradas com o pedido de recuperação judicial da Americanas.

Na semana passada, o Bradesco divulgou balanço com uma provisão extra de quase R$ 5 bilhões para cobrir toda a exposição à rede varejista, segundo comentários de analistas.

Na terça-feira (7), o Itaú anunciou uma provisão extra de R$ 1,3 bilhão para perdas com Americanas para o quarto trimestre de 2022, o que corresponde a 100% da exposição do banco à varejista.

O Santander citou oito vezes a varejista no seu balanço do quarto trimestre de 2022, que deve ao banco R$ 3,65 bilhões.

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