Descrição de chapéu Banco Central

Lula diz que quer levar Campos Neto para conhecer regiões miseráveis do Brasil

Petista volta a chamar de 'cidadão' o presidente do BC e diz que mal o conhece

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Brasília

Após alguns dias de trégua, o chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamando-o novamente de "cidadão" e dizendo que pouco o conhece.

Lula se ofereceu ainda para levá-lo aos lugares mais carentes do país, para mostrar a realidade da população.

"Como presidente da República, não interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central e que eu pouco conheço. Eu vi ele uma vez. A única coisa que eu quero é que ele cumpra... Sabe, se ele topar, quando eu for levar o meu governo para visitar os lugares mais miseráveis desse país, eu vou levá-lo para ele ver. Ele tem que saber que a gente nesse país tem que governar para as pessoas que mais necessitam", afirmou o presidente em entrevista à CNN.

A emissora divulgou alguns trechos da entrevista, cuja íntegra deve ir ao ar às 18h desta quinta-feira (16).

Lula discursa durante ato pelo aniversário do PT, em Brasília, na segunda-feira (13) - Gabriela Biló /Folhapress

Campos Neto foi alvo de crítica nas redes sociais, nesta semana, por tratar pix como "agenda social" do BC, ao relatar o episódio de um menor de idade que utiliza essa forma de pagamento para trabalhar.

"Outro dia eu estava em um restaurante, o garoto veio me vender um produtinho. Eu fiquei até na época emocionado, porque vi que ele estava vendendo e eu não tinha dinheiro. Ele falou: 'É no Pix'. Eu falei: 'O Pix ajuda sua vida?'. Ele falou: 'O Pix mudou a minha vida'". A gente que está no BC às vezes não tem a percepção de como que a gente consegue impactar a vida das pessoas na ponta. É muito importante essa agenda nossa social", disse, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura.

Lula vinha mantendo um clima de beligerância com o Banco Central e com o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. No entanto, como a Folha mostrou, foi aconselhado por aliados próximos a diminuir o tom e evitar o confronto.

A estratégia passou a ser a de deixar as críticas e ataques para parlamentares do PT. Desde a semana passada, então, o petista ensaiou uma trégua, evitando falar do assunto em discursos e, quando foi questionado rapidamente por jornalistas em Washington, não respondeu.

Na entrevista à CNN, contudo, fez críticas veladas ao chefe da autoridade monetária. Na avaliação de auxiliares diretos do petista, foi "light" e não rompeu completamente a trégua.

O mandatário havia iniciado suas críticas à alta taxa de juros, de 13,75% ao ano, e depois centrou os ataques na autonomia do Banco Central, prevista em lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2021. Lula chamou de "bobagem" essa condição da instituição. Na mesma ocasião, também criticou a meta anual de inflação, de 3,25%.

Ele tem dito que as altas taxas de juros e a meta de inflação são impeditivos para implementar as políticas sociais almejadas por seu governo. Depois afirmou que poderia mexer na autonomia da instituição após a saída desse "cidadão", sem mencionar o nome de Roberto Campos Neto. O mandato do dirigente vai até dezembro de 2024.

Economistas críticos de Lula apontam falhas nas críticas à taxa básica de juros, considerada "excessiva" por petistas, e argumentam que foram as declarações do presidente contra a autonomia do Banco Central e a favor de mais gasto público que fizeram subir as expectativas de inflação, tornando mais difícil a queda da Selic.

Nesta semana, no entanto, o petista havia evitado criticar a taxa de juros, a instituição e Campos Neto, indicando que estaria seguindo os conselhos dos aliados para evitar o confronto. O presidente do Banco Central, por sua vez, também deu declarações conciliatórias.

No programa Roda Viva, que foi ao ar nesta segunda (13), Roberto Campos Neto mostrou disposição com o governo e disse que fará tudo o que estiver ao seu alcance para aproximar o BC da gestão petista.

Dois dias depois, na quarta-feira (15), durante sessão solene no Congresso Nacional, disse que é preciso ter um "olho mais especial no social".

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