Santander Brasil eleva projeções de inflação e juros até 2025

Banco diz que vê caminho arriscado para a estabilização da dívida em contexto de elevada pressão por gastos sociais

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Luana Maria Benedito
São Paulo | Reuters

O Santander Brasil revisou para cima nesta quinta-feira (9) suas projeções para os patamares de inflação e taxa de juros até 2025, chamando a atenção para incertezas relacionadas à aprovação de reformas macroeconômicas e riscos para a estabilização da dívida pública.

O IPCA deve encerrar 2023 com alta de 5,9%, estima o Santander, contra 5,4% estimados antes. Para o ano que vem, a projeção de inflação subiu a 3,7%, ante 3,5%.

"A revisão [de 2023] foi baseada em um aumento da inflação esperada de preços administrados, por conta de efeitos-base gerados pelo fato de não termos alterado nossa projeção de [preço do] petróleo ao fim de 2023", disseram em relatório Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander e colunista da Folha, e equipe. Para 2024, a revisão refletiu efeitos inerciais de uma inflação mais alta em 2023.

Logo do Santander em Varsóvia, Polônia - Kacper Pempel - 10.mai.2021/Reuters

Já para 2025, o banco elevou seu prognóstico de inflação em 1 ponto percentual completo, a 4,0%.

"A mudança reflete incertezas relacionadas à aprovação de reformas estruturais e seus efeitos nas expectativas de inflação, em um contexto de hiato do produto apertado", avaliaram Vescovi e equipe no documento, embora tenham ressalvado que "tal condição pode melhorar em caso de aprovação bem-sucedida de um arcabouço fiscal e uma reforma tributária eficazes".

Com expectativa de uma inflação mais alta, o Santander passou a enxergar a taxa Selic em 13% ao final de 2023, contra 12% previstos em cenário anterior. A taxa está atualmente em 13,75%.

"Estamos alterando nossas projeções para a taxa de juros, antevendo o início de um ciclo de cortes a partir de novembro [antes: agosto]", disseram Vescovi e equipe, notando "maior preocupação [do BC] com os riscos inflacionários". Para 2024 e 2025, o Santander passou a projetar a Selic em 11% e 8%, respectivamente, contra previsões anteriores de 9% e 7%.

Na frente fiscal, Vescovi e equipe afirmaram que, "no longo prazo, seguimos vendo um caminho arriscado para a estabilização da dívida, em um contexto de elevada pressão por gastos sociais e resistências para aumentos de impostos".

O Santander espera que a dívida bruta encerre este ano em 78,8% do PIB, mas cresça para 83,4% e 86,7%, respectivamente, em 2024 e 2025.

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