Descrição de chapéu Agrofolha

Agro volta a criticar governo após fala de Jorge Viana na China sobre desmatamento

CNA e frente parlamentar qualificam como 'contrassenso' e 'sem propósito' afirmação feita por presidente da Apex em Pequim

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Ribeirão Preto

O agronegócio reagiu fortemente às declarações do presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana, feitas num seminário em Pequim, na China, sobre desmatamento na Amazônia. "Contrassenso" e "sem propósito" foram algumas das expressões usadas por ruralistas para definir a fala.

Setor que é forte crítico ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por conta do que qualificam como insegurança jurídica no campo com as recentes invasões de terra e por ver danos com a reforma tributária em discussão, o agro afirma que a declaração de Viana num seminário da missão do governo no país asiático prejudica a economia brasileira.

O presidente da Apex, Jorge Viana, em discurso na China
O presidente da Apex, Jorge Viana, em discurso na China - Thomas Peter-29.mar.2023/Reuters

"Oitenta e quatro milhões de hectares foram desmatados nos 50 anos últimos. E para que essas áreas estão sendo usadas? [...] Temos 67 milhões de hectares para pecuária, 6 milhões de hectares para a produção de agricultura e grãos, 6 milhões, de 84", disse Viana.

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) classificou o posicionamento de Viana como um "contrassenso" aos objetivos da agência e levou a queixa aos ministros Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Carlos Fávaro (Agricultura).

No documento, assinado pelo presidente João Martins, a CNA afirma que a missão da Apex é promover as exportações e atrair investimentos para setores como o agro.

"Nesse contexto, a manifestação da Apex-Brasil, desabonando o setor que contribuiu, no último ano, com 47% das exportações brasileiras, soa, no mínimo, como um contrassenso aos objetivos da entidade", diz a CNA.

A confederação ainda afirma que metade da área preservada de vegetação nativa no país está em imóveis rurais e que só 7,8% do território são ocupados por lavouras, "percentual muito abaixo do apresentado por países como Estados Unidos, Alemanha, França e Índia".

Presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), o deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), disse que a fala foi "irresponsável" e "sem propósito".

A frente publicou um longo comunicado lamentando o posicionamento de Viana, em que diz que é "intangível o estrago que um porta-voz brasileiro, responsável pela promoção das exportações, faz ao se permitir macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada desprovida de informações científicas e oficiais".

"Importante registrar que exportamos para mais de 200 países com qualidade, eficiência e atendemos a todos os protocolos sanitários, ambientais e de mercado. O estrago vai além dos produtos agropecuários e atinge diretamente a imagem brasileira perante o mercado internacional", diz a frente.

Na última segunda-feira (27), em Rio Verde (GO), o agro já tinha mirado o governo Lula ao criticar, na abertura da Tecnoshow Comigo, as atuais taxas de juros, a reforma tributária, a falta de informações sobre o Plano Safra e as recentes invasões de terra protagonizadas por movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

Num evento sem a participação de integrantes do governo federal, não houve nenhuma menção ao nome de Lula e sobraram críticas até ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), histórico integrante da bancada ruralista –por ter criado em Goiás uma contribuição sobre produtos agrícolas que ficou conhecida como "taxa do agro".

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