EUA buscam comprador para o SVB e tentam frear crise no setor

Reguladores e governo tentam dar uma resposta mais firme ao problema antes da abertura dos mercados na segunda

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Ao longo deste fim de semana, autoridades dos EUA tentam encontrar saídas para a crise gerada pelo colapso do SVB (Sillicon Valley Bank), como encontrar um comprador para a instituição e tentar aumentar as garantias sobre os depósitos bancários.

O temor é que, sem uma resposta clara, outros correntistas resolvam sacar seu dinheiro dos bancos, especialmente dos menores, gerando uma corrida bancária e uma crise sistêmica.

O SVB entrou em colapso depois que os clientes, preocupados com a saúde financeira do banco, começaram a retirar seus depósitos. O movimento levou a uma perda de mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado por bancos dos Estados Unidos.

Há a expectativa de que o governo dos EUA anuncie uma medida de peso ainda neste domingo (12), para evitar maiores problemas na reabertura dos mercados, na segunda-feira (13).

Policiais na sede do SVB em Santa Clara, Califórnia, na sexta (10) - Noah Berger/AFP

Ao mesmo tempo, o FDIC (Corporação Federal de Seguro de Depósito dos EUA) tenta encontrar um comprador para o SVB, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters. Até a manhã deste domingo (12), no entanto, não havia informações de que um acordo estaria perto de ser fechado.

Alguns executivos do setor disseram, sob anonimato, que um acordo do tipo demandaria garantias especiais para o negócio por parte dos reguladores.

Com US$ 209 bilhões em ativos, o SVB era o 16º maior banco dos EUA, o que torna pequena a lista de possíveis compradores capazes de fechar negócio em poucos dias.

Outra questão delicada é a da garantia sobre os depósitos. Na sexta-feira (10), o FDIC disse que protegerá os depósitos de até US$ 250 mil, mas as somas acima desse valor, que representam 85% das contas do SVB, ficaram sem garantia.

Quando os bancos IndyMac e Washington Mutual colapsaram em 2008, o FDIC encontrou compradores para os ativos e manteve os depósitos dos clientes intactos. Se nenhum comprador assumir o SVB, depósitos sem proteção provavelmente terão de ser pagos com o dinheiro que o FDIC conseguir levantar com a venda de ativos da instituição.

O FDIC e o Fed (banco central dos EUA) avaliam a criação de um fundo que permitiria aos reguladores cobrir uma parcela maior dos depósitos em bancos que enfrentem problemas, reportou a Bloomberg. O novo modelo está sendo discutido com executivos de bancos, e poderia ajudar a conter uma eventual onda de pânico.

No entanto, não está claro se há apoio político no país para criar uma forma de dar apoio ao SVB.

Neste domingo (12), Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, disse que está trabalhando na questão, mas descartou um resgate de grandes proporções. "Durante a crise financeira, houve investidores e bancos grandes que foram resgatados, e as reformas que foram feitas significam que não vamos fazer isso de novo", disse, à CBS.

"Mas estamos preocupados com os correntistas e focado em tentar atender às suas necessidades", completou, sem detalhar até onde pode ir essa ajuda.

Yellen também reforçou que considera o sistema bancário americano seguro e mais sólido hoje do que antes da crise de 2008.

O senador democrata Robert Menendez, integrante do Comitê Bancário do Senado, disse ser contra um resgate. "Eu não estou pronto para oferecer a eles um resgate de qualquer extensão", comentou, à NBC.

Kevin McCarthy, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, disse neste domingo considerar que o Fed e o Departamento do Tesouro possuem as ferramentas necessárias para lidar com a questão. "Eles sabem a seriedade disso, e estão trabalhando para avançar com algum anúncio antes de os mercados abrirem", afirmou, à Fox News.

"É improvável que uma quebra como a do SVB se estenda aos bancos grandes", avalia a Kroll, empresa de análise de risco, em comunicado. Porém, bancos menores podem ter problemas se ficarem sob desconfiança do público.

Bill Ackman, bilionário que gerencia fundos de hedge, disse no sábado que uma falha em proteger todos os correntistas poderia levar à uma onda de saques. "Esses saques secarão a liquidez dos bancos comunitários e regionais", alertou, no Twitter.

Os problemas do SVB decorrem de uma decisão de aportar US$ 91 bilhões de seus depósitos em títulos de longo prazo, como títulos hipotecários e do Tesouro dos EUA, que eram considerados seguros, mas agora valem US$ 15 bilhões a menos do que quando o banco os comprou, depois que o Federal Reserve (o banco central americano) aumentou agressivamente as taxas de juros.

A instituição é a parceira bancária de metade das empresas americanas de tecnologia e ciências da vida apoiadas por capital de risco, e é uma grande presença na oferta de linhas de crédito para o setor de capital privado.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.