Internet livre promovida pelo Ocidente falhou, diz futurista no festival SXSW

Amy Webb lança relatório de tendências na tecnologia em evento em Austin

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São Paulo

As tentativas do Ocidente de promover uma internet livre falharam, e se alguma vez houve uma rede de computadores global e verdadeiramente aberta, este tempo acabou.

A sentença para o que seria o fim da internet como a conhecemos foi dada no sábado (11) pela futurista Amy Webb em sua fala no festival de tecnologia e artes South by Southwest, em Austin, quando ela lançou na cidade do Texas o esperado relatório anual de previsões da sua empresa.

A futurista Amy Webb durante entrevista no festival South by Southwest - Reprodução Youtube SXSW

O documento compilado pelo Future Today Institute traz 666 tendências ao longo de mais de 800 páginas, cobrindo inteligência artificial, metaverso e web 3.0 e como estas áreas influenciam a medicina, o entretenimento e os governos.

A relação conflituosa dos governos com a internet é um tema recorrente no documento. Logo nas primeiras páginas, o relatório questiona se este será o ano em que os Estados conseguirão diminuir o poder das big techs, citando como exemplo as tentativas de parlamentares dos EUA de separarem a parte de anúncios do Google do restante da companhia e também as novas regulações que a União Europeia pode impor às grandes plataformas.

Neste contexto, os dados passaram a ser vistos como sinônimo de poder na geopolítica. "Os líderes dos países veem os dados como essenciais para a vantagem competitiva, enquanto as empresas de tecnologia dependem deles para prosperar e crescer", afirma o documento.

"Isso posiciona as big techs e o governo como adversários na França, nos Estados Unidos e no Reino Unido, enquanto as grandes empresas de tecnologia da China são relutantes companheiras dos líderes do Partido Comunista Chinês."

Outro tópico do momento, a inteligência artificial também teve bastante destaque. Segundo o estudo, esta década será marcada pelo uso da inteligência artificial generativa, ou seja, de sistemas que criam novos conteúdos, conceitos e ideias enquanto se comunicam com os usuários —o popular ChatGPT é talvez o exemplo mais conhecido deste tipo de ferramenta.

Se aplicada à área da ciência, a inteligência artificial generativa deve começar a desenvolver novas proteínas, anticorpos e medicamentos até o final deste ano, de acordo com o relatório. No setor criativo, a inteligência artificial deixa de ter papel de apoio e passa a ser usada para a composição de novas músicas e roteiros.

"A inteligência artificial vai se entrelaçar na maior parte das nossas experiências digitais", disse a analista.

Webb apontou também a pulverização dos indivíduos na internet, afirmando que as pessoas vão ter diversas versões digitais de si mesmas, cada uma voltada para um fim específico, o que vai gerar uma lacuna cada vez maior entre quem somos no mundo físico e nas plataformas online.

Por fim, o relatório aponta ainda o crescimento de interfaces que vão competir com os smartphones, como óculos e lentes de contato inteligentes, mas ressalta que essas ferramentas ainda levarão um bom tempo para serem adotadas em massa.

O estudo é lançado anualmente desde 2007 e tem grande penetração no mercado, atingindo mais de um milhão de downloads a cada edição, segundo o site do Future Today Institute.

Ao invés de se aprofundar em um tema, o estudo é um grande compilado de previsões do que pode acontecer com a tecnologia e de mudanças na área que tiveram grande impacto —relatórios anteriores deram bastante destaque aos NFTs, por exemplo.

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