Descrição de chapéu Caixa Econômica Federal

Relembre os casos de assédio que levaram ex-presidente da Caixa a virar réu

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São Paulo

O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães se tornou réu nesta sexta (31), em processo que apura denúncias de assédio sexual e moral feitas por funcionários do banco estatal.

Próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Guimarães chegou à chefia da Caixa por indicação do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, e ganhou a confiança do chefe do Executivo ao longo do mandato. Guimarães chegou a se colocar na disputa pela vaga de vice na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022.

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Pedro Guimarães deixa a Presidência da Caixa. Ele era um dos nomes mais próximos de Bolsonaro no governo - Pedro Ladeira/Folhapress

O executivo se disse vítima de acusações falsas quando o caso veio à tona, no ano passado, mas acabou pedindo demissão por causa da repercussão negativa das denúncias.

Após a Justiça ter aceitado a denúncia contra Guimarães, sua defesa voltou a negar as acusações. "A defesa de Pedro Guimarães nega taxativamente a prática de qualquer crime e tem certeza que durante a instrução a verdade virá à tona, com a sua absolvição. Ele confia na Justiça", disse o advogado José Luis de Oliveira Lima em nota.

Relembre os casos que levaram o ex-dirigente a se tornar réu.

"Boto se exibindo", "discos voadores" e avanços nas viagens

As primeiras acusações vieram a público em reportagem do portal Metrópoles, e mostram que viagens eram momentos privilegiados para avanços.

Em um dos relatos, uma das funcionárias diz que uma pessoa ligada ao presidente do banco perguntou o que ela faria "se o presidente" quisesse "transar com você?".

Segundo a denunciante, ele estava na piscina e "parecia um boto se exibindo".

Funcionárias disseram que mulheres bonitas eram escolhidas para viagens com o chefe, e que as que despertavam seu interessem em outra cidade eram convidadas para trabalhar em Brasília —e, segundo o Metrópoles, eram chamadas internamente de "discos voadores".

Vítimas também disseram que, nas viagens, ele fazia convites para ir à sauna ou a piscinas em sua companhia.

Também sugeria que elas entrassem em seu quarto. Um desses relatos diz que, na porta de seu aposento, Guimarães pediu à funcionária que fosse tomar um banho e voltasse para revisar a agenda do dia seguinte, o que ela se negou a fazer.

Beliscões, segurões e convites

Outras denunciantes relataram que o presidente costumava pegá-las pela cintura ou pelo pescoço. Ao portal, uma funcionária disse que Guimarães tentara "várias vezes avançar o sinal", mas, ao ouvir não, deixou de cumprimentá-la.

Em depoimento à Folha, uma funcionária da Caixa contou ter sido puxada pelo pescoço e ter ficado em choque após o episódio.

Segundo ela, os assédios de Pedro Guimarães aconteciam diante de todos, dentro e fora da instituição. Em uma ocasião, segundo o relato, ela estava a sós com o presidente do banco, quando ele perguntou se ela "estava com ele". A funcionária entendeu, à época, que a pergunta era em relação ao governo. Ela teria, então, respondido que sim.

"Aí quando fui sair, ele me puxou pelo pescoço e disse: ‘Estou com muita vontade de você’. Saí da sala, em choque e chorando", afirma ela. "Depois, em outro momento, ele já passou a mão pela minha cintura e foi abaixando, mas saí antes que piorasse."

Em relatos ao Metrópoles, mais de uma denunciante disse ter sido tocada nos seios ou nas nádegas. "Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso", afirmou uma delas ao portal.

Clima tóxico e assédio moral

Depois que as denúncias de assédio sexual vieram à tona, funcionários passaram também a denunciar terem sido vítimas de assédio moral por parte do ex-presidente e de então dirigentes da Caixa. Palavrões e humilhações públicas estavam entre as principais queixas.

Ao menos cinco vice-presidentes foram afastados depois que Guimarães foi demitido, em junho de 2022. O VP de Tecnologia e Digital, Cláudio Salituro, foi afastado depois que o blog do jornalista Ricardo Noblat no site Metrópoles publicou vídeos e áudios em que ele aparecia filmando e xingando servidores e terceirizados.

Na época, a Caixa afirmou que o material seria analisado pela corregedoria do banco e por "empresa independente a ser contratada pela nova gestão".

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