Descrição de chapéu Agrofolha

Agrishow foi infeliz ao convidar Bolsonaro, diz ministro do Desenvolvimento Agrário

Presença de Bolsonaro pode secar patrocínio do Banco do Brasil à feira

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São Paulo

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou neste sábado (29) que a Agrishow, feira agrícola que inicia na segunda-feira (1º), foi muito infeliz ao convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sugerir que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, compareça apenas no segundo dia do evento.

"Foi infeliz convidar Bolsonaro. Ficou quatro anos como presidente, criou uma desordem no Brasil. Já não fez nada como presidente, [imagine] como ex-presidente?", criticou Teixeira em evento do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) realizado em São Paulo.

Operários trabalham na monatgem do estande do Banco do Brasil dentro da feira da Agrishow, que começa nesta segunda em Ribeirão Preto, interior de São Paulo - Joel Silva/Folhapress

Políticos aliados ao governo Lula compareceram a um almoço do movimento neste sábado, realizado para anunciar o retorno da Feira Nacional da Reforma Agrária, pausada durante a pandemia. Na ocasião, Teixeira disse a jornalistas que o Plano Nacional de Reforma Agrária está praticamente pronto e que será lançado pelo presidente Lula no meio de maio.

O líder do MST João Paulo Stédile, que viajou na comitiva de Lula à China, afirmou que o agronegócio brasileiro está dividido, e que a parte bolsonarista "infelizmente tomou conta da Agrishow". Para ele, existe o lado do latifúndio improdutivo, o das commodities, com quem o movimento pretende dialogar, e o lado bolsonarista.

"Acho que fizeram um favor para nós com essa provocação porque ajudaram Fávaro a entender que não adianta dialogar com esse setor do agronegócio reacionário. Ele tem que preservar o agronegócio do bem, progressista, e a agricultura familiar. Então foi um tiro no pé do agronegócio reacionário", afirmou Stédile.

"Ofenderam o ministro. Estupidez. Cá entre nós, o que Bolsonaro tem a ver com agricultura? Nunca viu um pé de melancia. Não sabe diferenciar melancia de abóbora", acrescentou.

Na sexta-feira (28), o governo federal ameaçou cancelar o patrocínio do Banco do Brasil à Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, após um mal-estar gerado pela presença de Bolsonaro no evento.

"Na medida em que o evento perde sua característica institucional e na medida em que houve essa descortesia com o ministro [da Agricultura, Carlos Fávaro] e com o Banco do Brasil, que iria acompanhá-lo no evento, não se justifica mais o patrocínio", afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.

O Banco do Brasil informou neste sábado (29) que estará presente na Agrishow por meio de sua atuação comercial para realização de negócios e atendimento aos seus clientes. A instituição diz que tomará as medidas cabíveis se, durante a feira, houver qualquer desvio das finalidades negociais previstas.

O impasse entre a feira agrícola e o governo iniciou na terça (25), quando o presidente da feira, Francisco Matturo, informou a Fávaro que Bolsonaro estaria presente no dia da abertura. Ele sugeriu que, por isso, o titular da Agricultura fosse ao segundo dia, na terça (2), quando ocorre uma reunião da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária).

A conversa desagradou ao ministro e, desde então, o governo passou a considerar não participar da feira, uma das mais tradicionais do setor na América Latina.

Havia a expectativa de que Fávaro anunciasse linhas de crédito para o agronegócio e desse detalhes da elaboração do Plano Safra 2023/24, que deve ser anunciado em junho. Segundo o Painel, Fávaro anunciará os programas em reunião com a FPA na terça, mas em Brasília.

Em evento em São Paulo, na quinta (27), Fávaro contou que o presidente da feira o telefonou para perguntar se ele não achava melhor comparecer no dia dois, já que Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estariam no primeiro dia.

"Disse que teria um grande evento no dia dois, mas que eu não fosse no dia um para evitar qualquer constrangimento. Recebi muito bem o recado. Compreendi e disse que não sentiria nenhum constrangimento, e que não iria no dia 1º. E iria repensar se havia possibilidade de ir no dia dois", afirmou.

O convite para Bolsonaro visitar Ribeirão partiu do presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, Paulo Junqueira. A ida à Agrishow marca a primeira viagem do ex-presidente após retornar dos Estados Unidos, onde ficou três meses após perder a eleição.

Várias entidades do agronegócio se manifestaram para tentar desfazer o mal-estar. "Para a direção da Agrishow, o ministro vem realizando um ótimo trabalho com muita competência para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro e sua participação na feira é muito importante para todo o setor", disse em nota a organização da feira durante a semana.

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