Descrição de chapéu Financial Times

Empresas dos EUA enfrentam maior queda de lucros desde a Covid

Ganho no primeiro trimestre deve cair 6,8%, com a inflação apertando as margens

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Jaren Kerr
Nova York | Financial Times

As empresas dos Estados Unidos estão enfrentando sua queda mais acentuada nos lucros desde os estágios iniciais da pandemia de Covid-19, segundo previsões de Wall Street, à medida que a alta inflação comprime as margens e os temores de uma recessão iminente retêm a demanda.

As empresas do índice S&P 500 devem registrar uma queda de 6,8% nos lucros no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com estimativas de analistas compiladas pela FactSet. Essa seria a maior queda desde a ocorrida no segundo trimestre de 2020, de mais de 30%, quando a rápida disseminação do coronavírus levou a uma paralisação econômica generalizada.

Antes da temporada de ganhos do primeiro trimestre, que começa com um trio de grandes bancos divulgando resultados na sexta-feira (14), setores como energia e consumo discricionário devem mostrar forte crescimento anual de lucro. No entanto, uma combinação de queda na demanda do consumidor, condições de crédito mais rígidas e queda nos preços das commodities reduziu as expectativas de ganhos em um amplo espectro de setores.

Fábrica em Middlebury, Indiana, nos Estados Unidos - Eileen T. Meslar - 1°.abr.2021/Reuters

"Quando você olha para o custo dos salários e o custo do capital, acho que as margens estão sob uma pressão razoável", disse Jack Ablin, diretor de investimentos da Cresset Capital. "As empresas estavam desfrutando de crescimento nominal, tinham algum poder de precificação, mas seus volumes estavam diminuindo ou apenas permanecendo os mesmos."

A perspectiva sombria entre os analistas de Wall Street esconde um mercado relativamente aquecido, com o S&P subindo mais de 6% desde o início do ano. Ainda assim, apenas 20 ações foram responsáveis por quase 90% desse aumento. As expectativas de queda nas taxas de juros aumentaram o apelo de algumas das maiores empresas de tecnologia, o que mascarou um desempenho mais medíocre do mercado de ações em geral.

Os analistas tinham expectativas mais altas antes do trimestre, prevendo uma queda de 0,3% nos lucros em 31 de dezembro. Embora as previsões de ganhos normalmente diminuam em um trimestre, elas caíram mais do que a média dos últimos cinco anos nos primeiros três meses de 2023. Apenas o setor de serviços públicos encerrou o trimestre com expectativas maiores que as iniciais.

Mais empresas do que o normal sinalizaram fraqueza no primeiro trimestre, com 78 emitindo orientação negativa sobre seus lucros por ação –um indício de que a administração espera não atingir as previsões dos analistas–, superando a média de cinco anos em 37%. A indústria de semicondutores, parte do setor mais amplo de tecnologia da informação, forneceu 11 desses alertas.

Dos 11 setores do S&P 500, materiais deverão sofrer o pior impacto nos ganhos, com previsão de queda de 35,6%.

"Normalmente, você vê os preços dos materiais e os lucros oscilarem em previsão a uma recessão", disse Brad McMillan, diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network. "As empresas estão reduzindo na expectativa de vendas mais lentas daqui para a frente."

As novas encomendas de bens duráveis nos EUA caíram pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, enquanto analistas esperavam uma recuperação nas compras.

Com a desaceleração das compras de bens, espera-se que um aumento nos gastos com serviços torne o setor de bens de consumo discricionário o de melhor desempenho no trimestre, com crescimento de lucros de 34%, impulsionado pela força dos setores relacionados à hospitalidade. Espera-se que o crescimento dos lucros no setor de companhias aéreas torne o setor industrial o segundo melhor, com 12,6%.

Apesar da recente turbulência no setor bancário dos EUA, espera-se que o setor financeiro apresente um aumento de 2,4% no lucro e lidere todos os setores em crescimento de receita, com 9,1%, comparado com a média de 1,8%. Citigroup, Wells Fargo e JPMorgan Chase divulgarão os resultados do primeiro trimestre na sexta, antes da abertura do mercado.

"Como as recentes falências bancárias ocorreram nas últimas semanas do trimestre, o impacto total não será registrado nos relatórios do primeiro trimestre", escreveram analistas do Goldman Sachs em nota aos clientes.

Mas a quebra de três bancos neste ano pode pressionar as pequenas e médias empresas pelo resto de 2023, segundo Ablin.

Ao contrário das grandes empresas que têm "acesso praticamente irrestrito" ao capital, "acho que as médias e pequenas empresas provavelmente serão cada vez mais prejudicadas pelo aperto do crédito", disse ele.

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