Mostra recorda história de dono do Itaú que expandiu o metrô e mudou a praça da Sé

Olavo Setubal foi prefeito de São Paulo nos anos 1970 e tocou obras que mudaram a cidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Nos anos 1970, o metrô fez duas obras que mudariam São Paulo: a reforma da praça da Sé, que se tornou um jardim amplo, com várias esculturas, e a construção da linha 3-vermelha, rumo à zona leste, que se tornaria uma das mais lotadas do mundo.

À frente destas obras, estava Olavo Egydio Setubal (1923-2008), prefeito da cidade de 1975 a 1979. Ao mesmo tempo, ele era dono do Itaú, já um dos maiores bancos do país.

Os vários lados dele são apresentados na mostra "Olavo Setubal: Um Homem Diante do Seu Tempo", que abre as portas no Itaú Cultural nesta sexta (14), com entrada gratuita.

Fotografia de um painel com imagem em preto e branco de homem usando óculos e terno; ao lado, fotografias menores, com textos explicativos
Exposicão 'Olavo Setubal - Um Homem diante do seu tempo', no Itaú Cultural, em São Paulo; na imagem, detalhes de painel com fotos e informações sobre o dono do Itaú - Eduardo Knapp - 13.abr.22/Folhapress

A exposição é dividida em vários setores, para mostrar os impactos que o banqueiro gerou para a cidade e o país. Como prefeito, ele também trouxe as cerejeiras para o Parque do Carmo, na zona leste, abriu outras áreas verdes pela cidade e criou calçadões no centro antigo, para priorizar o pedestre e conter o acesso dos carros.

A mostra ressalta seu interesse pela tecnologia e pela análise de dados, seja para governar a cidade (retomou um censo escolar), para aprimorar o banco (que tal uma máquina para fazer a leitura automática de cheques?) ou catalogar sua coleção de arte, que tem exemplares na mostra. Há ali quadros de Portinari e uma escultura de Aleijadinho.

Setubal se formou em engenharia mecânica, pela Poli-USP, em 1945. Pouco depois, criou a Deca, que faria sucesso com válvulas de descarga. Nos anos 1950, foi chamado para assumir o Banco Federal de Crédito, que pertencia a um tio, e começou a carreira de banqueiro.

Em 1964, comprou o Itaú, que ganhou força nos anos 1970 após uma série de aquisições. Em 1975, ele se afastou do banco para atuar na política: foi nomeado prefeito de São Paulo, durante a ditadura militar. A mostra traz muitas fotos deste período, com Setubal vistoriando canteiros de obras, mapas e até rodas dos futuros trens do metrô, na época sob alçada municipal.

Depois que deixou o cargo, ele se aproximou de Tancredo Neves e lutou pela volta da democracia. Setubal foi ministro das Relações Exteriores no começo do governo de José Sarney, que assumiu após a morte de Tancredo Neves. No cargo, buscou reaproximar o Brasil de países da América Latina, da Índia e da então União Soviética. Ele deixou o cargo para tentar ser governador de São Paulo, mas não conseguiu.

Nos anos 1990, Setubal manteve sua influência e aparece em fotos ao lado de Bill Gates e do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele procura também investir em cultura, com a criação do próprio Itaú Cultural, que sedia a mostra, inaugurado em 1989 e ampliado em 2001.

Setubal morreu em 2008, meses antes de o Itaú se fundir ao Unibanco e ganhar ainda mais força no mercado brasileiro. Em 2022, o Itaú teve lucro anual de R$ 30,8 bilhões.

A mostra traz ainda fotos de família e acessórios, como os óculos de bordas grossas que ele costumava usar, e uma lupa, em formato de retrovisor. Há também relógios, passaportes diplomáticos, crachás e vários outros itens pessoais.

O maior destaque, no entanto, acaba ficando para as fotos da fase de prefeito, visíveis logo na entrada. Uma das intervenções de Setubal na Sé foi instalar várias esculturas nos jardins da praça. Hoje, os monumentos ficam quase escondidos em meio ao estado de abandono do local. Já a linha 3-vermelha segue cheia, quase todos os dias.

Olavo Setubal: um Homem Diante do seu Tempo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.