A Natura&Co assinou acordo para a venda da Aesop para a L'Oréal em um negócio avaliado em US$ 2,53 bilhões (R$ 12,7 bilhões), disseram as empresas nesta segunda-feira (3).
A expectativa é que a transação, sujeita a aprovações regulatórias, seja fechada no terceiro trimestre deste ano.
Em comunicado, a Natura afirma que o negócio permitirá que a empresa se concentre na integração com a América Latina, considerada uma prioridade estratégica, e na otimização geográfica da Avon Internacional, marca adquirida em janeiro de 2020.
A empresa anunciou pela primeira vez em outubro do ano passado que havia começado a estudar uma possível cisão ou IPO da Aesop nos Estados Unidos.
A inflação crescente nos principais mercados do grupo –Europa e América Latina– , acompanhada do impacto cambial, do aumento do preço de matérias-primas e commodities, como óleo de palma, resinas e plásticos, os desdobramentos da Guerra da Ucrânia (que aumentaram os custos com energia, por exemplo), além da queda no poder de compra da população, têm comprometido as margens da multinacional brasileira, que segurou o nível de promoções.
Como resultado, começaram a faltar produtos com preços atrativos para os consumidores, levando à queda nas vendas. Em março, a empresa divulgou um prejuízo de R$ 890,4 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo um lucro de R$ 695,5 milhões no mesmo período do ano anterior.
Lidar com essas pressões tem sido o desafio do presidente Fabio Barbosa, ex-Santander e Febraban (Federação Brasileira de Bancos), chamado na metade do ano passado para fazer a fabricante de cosméticos voltar ao lucro.
Após comprar a australiana Aesop em 2013, a Natura adquiriu a britânica The Body Shop em 2017 e a americana Avon, em 2019. Com isso, tornou-se a Natura &Co., com a proposta de virar uma plataforma global de marcas de beleza, no estilo L’Oréal.
Mas a companhia ficou grande e complexa demais para lidar com rapidez com problemas distintos em diferentes regiões geográficas. Foi obrigada a descentralizar as tomadas de decisão.
Com a vinda de Barbosa, a empresa anunciou uma reestruturação, a fim de tornar a holding mais leve e eficiente. Uma das alternativas à mesa era justamente a venda da Aesop.
Na opinião de analistas, a Natura deve se concentrar na América Latina, seu maior mercado, e abrir mão da Avon International, que engloba todas as operações da Avon fora do mercado latino-americano.
RAIO-X | NATURA
4º trimestre de 2022
Receita líquida: R$ 10,4 bilhões
Ebitda: R$ 1,095 bilhão
Prejuízo líquido: R$ 890 milhões
Lojas: 90 lojas próprias e 649 franqueadas
RAIO-X | AESOP
4º trimestre de 2022
Receita líquida: R$ 879,6 milhões
Ebitda: R$ 219,6 milhões
Lojas: 287
RAIO-X | L'Oréal
4º trimestre de 2022
Receita líquida: 7,13 bilhão de euros (R$ 39,31 bilhões)
Ebitda: 1,73 bilhão de euros (R$ 9,54 bilhões)
Funcionários: 87,4 mil
Com Reuters
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