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Bolsa cai puxada por Vale e impasse da dívida nos EUA; dólar fica estável

Discussões sobre aumento do endividamento americano derrubam índices globais

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São Paulo

Apesar de ter operado no positivo no início do dia, a Bolsa brasileira fechou em queda nesta terça-feira (23), puxada por ações da Vale e seguindo os índices do exterior. As indefinições sobre o aumento do teto da dívida dos Estados Unidos seguem despertando cautela nos investidores e pressionando os mercados globais.

Com isso, o Ibovespa caiu 0,25%, a 109.928,53 pontos, voltando a fechar abaixo do patamar dos 110 mil pontos. Já o dólar manteve-se estável em R$ 4,971.

Cédulas de dólar - Dado Ruvic - 10.mar.2023/Reuters

O índice foi pressionado durante todo o pregão pelas ações da Vale, que fecharam em queda de 2,11% e foram as mais negociadas da sessão. A perda da mineradora acompanha uma nova queda nos contratos futuros do minério de ferro.

Pesaram contra o Ibovespa, ainda, quedas de Marfrig (5,18%) e BRF (4,91%), que estiveram entre os maiores tombos da sessão com a decretação do estado de emergência zoossanitária em todo o Brasil pelo Ministério da Agricultura. A medida foi tomada após a confirmação de casos de gripe aviária em aves silvestres no país.

Na outra ponta, a Petrobras fechou no positivo e atenuou a queda da Bolsa. A petroleira registrou alta de 2,25% nas ações ordinárias e de 2,57% nas preferenciais em meio a alta nos preços do petróleo no exterior.

Altas do Bradesco (0,82%) e do Itaú (0,80%), que acompanharam a Petrobras entre as mais negociadas da sessão, também ajudaram o índice.

A Bolsa brasileira também foi afetada pelas negociações sobre o teto da dívida dos Estados Unidos, que se arrastam há semanas e têm gerado cautela nos mercados globais.

Representantes do presidente dos EUA, Joe Biden, e do Partido Republicano encerraram outra rodada de negociações sobre o teto da dívida nesta terça, mas não houve sinalizações quanto a um possível acordo.

O Tesouro americano diz que tem até o dia 1° de junho para garantir o pagamento das dívidas dos EUA. Se um acordo não for atingido até esse prazo, um calote histórico pode ser desencadeado, o que geraria caos aos mercados globais.

Uma análise da Casa Branca sugere que um calote de curta duração resultaria em meio milhão de empregos perdidos e uma queda de 0,6% no PIB (Produto Interno Bruto) do país. Um calote que se prolongue por mais tempo pode levar à perda de 8,3 milhões de empregos e a uma queda de 6,1% no PIB.

Apesar de ser consenso no mercado de que um acordo entre democratas e republicanos é o caminho mais provável para o impasse da dívida americana, as indefinições aumentam a cautela de investidores e causam volatilidade. Além disso, mesmo que um aumento do limite de endividamento seja alcançado, o crescimento econômico dos EUA pode ser afetado.

"Se eles chegarem a um acordo sobre o teto da dívida, haverá algumas concessões nos gastos fiscais. É uma questão de crescimento", disse Wilson. "Será um impacto imediato ou será mais tarde? Achamos que há um pouco dos dois. No final das contas, não há compensação positiva", disse Michael Wilson, estrategista de ações do Morgan Stanley.

Em meio ao impasse, os principais índices americanos fecharam em queda. O Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq caíram 0,69%, 1,12% e 1,26%, respectivamente, nesta terça.

As ações europeias seguiram o pessimismo, pressionadas, ainda, por perdas em empresas de luxo. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,60%, a 466,10 pontos, maior queda percentual diária em três semanas.

Arcabouço fiscal segue no radar de investidores

No Brasil, o mercado também está focado na tramitação do arcabouço fiscal no Congresso. O relator, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), afirmou no início da noite que o texto será votado nesta terça.

A expectativa de aprovação das novas regras fiscais gera otimismo entre investidores, que veem uma melhora na percepção de risco no país.

Com isso, os mercados futuros tiveram queda. Os contratos de juros com vencimento para janeiro de 2024 caíram de 11,31% para 11,30%, enquanto os para 2025 foram de 11,74% para 11,68%.

O relatório Focus mais recente mostrou uma redução de a expectativa para o IPCA (o índice oficial de inflação) deste ano. O mercado espera que a inflação suba 5,80% neste ano, o que representa uma revisão significativa para baixo ante a taxa de 6,03% prevista na semana passada.

As projeções para os juros, porém, mantiveram-se inalteradas. O mercado espera o início de cortes na Selic (taxa básica de juros) a partir de setembro.

O otimismo com o arcabouço também auxiliou o real ante o dólar. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subiu 0,28% nesta terça, mas a moeda americana manteve-se estável no Brasil.

Um profissional ouvido pela Reuters afirmou, ainda, que, assim como na segunda-feira, também houve na manhã desta terça fluxo de entrada de dólares, com alguns participantes do mercado aproveitando as cotações atrativas para comprar ativos brasileiros.

Com Reuters

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